Capítulo V

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Epílogo

Hongjoong estava nervoso. Não sabia o que fazer com as mãos, que tremiam e suavam, o fazendo caminhar de uma ponta à outra do jardim perfeitamente decorado. A única outra situação em que tinha ficado com os nervos tão à flor da pele havia sido o nascimento das suas gêmeas.

Seonghwa estava com dor e assustado naquele dia e o alfa não fazia a menor ideia de como amenizar aquilo. A verdade é que não havia nada que pudesse fazer e talvez fosse por isso que aquela tinha sido a experiência mais confusa da sua vida; uma mescla de medo intenso e o maior amor que já havia experimentado quando ouviu aqueles chorinhos abafados ecoando pela sala de cirurgia.

As alfinhas Yeji e Yeri já tinham seis anos no momento e, naquela hora, discutiam uma com a outra sobre qual vestido era mais bonito ou mais caro, embora elas mesmas tivessem os escolhido. O Kim acabou rindo, distraído com a cena das filhotes. Todos diziam que as meninas tinham a sua aparência, mas a personalidade era toda de Seonghwa, inclusive o gosto por coisas bonitas… e caras.

Talvez Hongjoong as mimasse tal qual mimava o noivo, mas não havia nada que gostasse tanto quanto ver o sorrisinho daquelas criaturas fofas. Céus, era um alfa molenga, totalmente dobrável nas mãos da família. Por mais incrível que fosse, o pai que as colocava na linha era o ômega.

Havia acompanhado a gestação inteira. Meio a contragosto, aprendeu a delegar tarefas para que passasse mais tempo com o ômega em casa. Paparicava Seonghwa com absolutamente qualquer coisa que ele pedisse. Dormia com a mão em seu ventre e acordava durante a madrugada para ir atrás dos desejos malucos, o ajudava com os banhos quando estava muito cansado, preparava chás liberados pelo obstetra para amenizar os enjoos e, quando a coluna do noivo já pedia uma folga pelo peso das lobinhas que cresceram um bocado em sua barriga, o massageava na banheira com sais relaxantes.

Tinha feito de tudo para que ele se sentisse confortável, amado e seguro, mesmo quando o corpo já não era mais o mesmo e o Park reclamava de não se sentir tão atraente. Para o alfa, ele sempre seria o homem mais bonito que já havia conhecido e fazia questão de lembrá-lo disso o tempo todo.

Vê-lo feliz era tudo o que importava. Foi uma gravidez muito tranquila e um parto igualmente calmo.

Quando as meninas chegaram, tiveram algumas semanas complicadas. Nenhum dos dois tinha experiência com filhotes, mas lidaram com cada dificuldade juntos e com o tempo já eram ótimos na arte de revezar os cuidados com as pequenas.

A partir do nascimento das filhas, escolheu passar alguns meses trabalhando de casa. Meses esses que se estenderam por dois anos; não queria perder nada. E não perdeu. Estava lá na primeira palavra, no primeiro passinho, no primeiro dia na escolinha. Realizou o sonho de ser um pai presente como o seu não havia sido e não tinha nada no mundo que o orgulhasse mais do que a família que tinha construído com Seonghwa.

Falando em Seonghwa, o ômega estava radiante. A paternidade tinha lhe caído como uma luva e não sabia dizer qual dos dois era mais bobo pelas meninas. A insegurança que ele sentia no início da gestação tinha sido substituída por algo que Hongjoong só conseguia definir com um dom. O noivo parecia ter nascido para ser pai e isso era nítido naquele brilho no olhar que se acendia apenas por citar o nome das filhas.

O Kim não estava errado sobre a faculdade, no fim das contas. Quando as filhotes entraram na escolinha, Seonghwa conseguiu emprego na empresa de um dos amigos de confiança do alfa. Era frequentemente elogiado pela competência, era excelente no que fazia, mas não demorou ao ser atingido pelo tédio da vida corporativa. Queria mais.

Não precisou de mais do que um ano para decidir que aquela não era a sua vocação e foi incisivo ao dizer ao alfa que queria outra graduação, só que dessa vez pagaria com o próprio salário. Hongjoong estava orgulhoso do seu ômega e o apoiou durante todo o curso de design de interiores.

Tastes like strawberries [seongjoong]Onde histórias criam vida. Descubra agora