Capítulo Quatro

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Desci correndo com uma mochila na cabeça e com a outra mão segurando as malas.
Levi abriu o porta malas, e no meio da chuva as colocamos lá e entramos em seu carro.

- Viu, está chovendo. - ele ri e da partida no veículo.

- Um sinal de que não tenho tanta sorte assim em estar com você. - sorri e coloquei os cintos.

- Você tem sim, Tés. Rylee está muito longe daqui e eu sou o seu salva vidas nesse momento. O único.

Dei de ombros com um sorriso silencioso, que nitidamente, era impossível de desaparecer.
Ele era realmente o tal perfeito. Suas mãos, e a força com que ele as apertava no volante enquanto procurava uma posição confortável para elas, me fazia desejar que estivessem me tocando.

Seu olhar firme enquanto dirigia, era afiado, talvez por que estava chovendo e isso empatasse sua visão a estrada, mas ainda sim, o deixava mais atraente. Seus cabelos molhados pela meia chuva que pegamos. E o sorriso que está estampado em seu rosto. Aí. Meu. Deus, por que ele está sorrindo?

- Eu sei que estou prestando a atenção na estrada - ele me olha por instantes - mas eu ainda consigo ver você, Tés.

Puta merda, que vergonha. Agora pareço uma psicopata!

- Antes de tudo, não te acho louca. - ele gargalha.

Ele está me ouvindo pensar isso?

- E também não posso ler sua mente. - ele para no semáforo e se vira a mim. - Por mais que eu queira muito, senhorita Tessa.

- Eu sou extremamente grata por você não conseguir a ler. - sorri

Ele retribuiu o sorriso. Seus dentes tinham uma sintonia perfeita, apenas um deles era tortinho, mas não tirava a beleza de seu sorriso.
Eu não conseguia tirar os meus olhos do que me chamava a atenção nele, tudo.

Eu não quero me mudar daqui, por que pela primeira vez na vida, acho que estou sentindo algo por alguém, ou talvez meu coração tenha se confundido. Mas ele bate em ritmos inconstantes, meu coração desacelera quando estou próxima a ele. Mas, eu o conheço a o que? 1 dia?
Sejam os sentimentos que forem, não quero sentir! Não estou com meus pensamentos em um relacionamento agora, apenas no meu futuro.

- Tés, posso te perguntar uma coisa?

- Humm... Manda, garoto.

Ele respirou fundo e ficou em silêncio por alguns segundos. - Você vai voltar?

- Eu não sei ainda, Levi. Geralmente venho uma vez no ano pela Ry.

Ele permaneceu em silêncio, apertou um pouco as mãos no volante e suspirou, ainda com os olhos na estrada.

- E eu posso... Visitar você? - ele disse sem jeito.

- Ah. Pode, claro.

Buum. Por essa eu juro que nem vocês esperavam, ou esperavam? Ai, Levi é tão previsível assim e só eu não estou conseguindo ver?
Vejo o sorriso dele, mas mudo a direção do meu olhar quando meu celular vibra, me tirando do transe de seu rosto perfeitamente detalhado.

Rylee: Não consigo ir.

Rylee: Consegue me responder logo? Você vai ir de táxi?

Rylee: Tessa, vai ir ou não?

Rylee: Eu dei muita mancada, eu sei! Mas eu realmente não consigo ir. Hardin, inventou de pular da escada do prédio dele, mas foi na escada do primeiro andar, ele está bem. Mesmo assim ele torceu o pé >:(

Rylee: Levi está indo buscar você.

Rylee: Me responde logoooo!

Puta merda, ela deixou quase cem mil mensagens. Um pouco exagerado, mas já notaram ela? Está no DNA.

Quando eu estava prestes a digitar ela me liga.

- Oi, Ry.

- Caralho, Tessa! Você quer me matar? Você viu o tanto de mensagens que eu deixei para você?

- Sim! Na verdade, não. Eu devo ter conseguido um sinal bom agora, que foi exatamente quando as recebi. Para de ser estérica, descompensada!

- Descompensada? Porra, eu tô preocupada demais com você, poderia ao menos ajudar me contando se conseguiu entrar no carro do teu namorado e se está viva!

- Não faz isso. - sussurrei - Não chama ele de meu namorado! Eu estou viva, boneca. Estou indo para o aeroporto, depois te ligo. Quero descansar, acho que estou começando a ficar com a ressaca antes mesmo de dormir.

- Tá... - ela conversa com alguém no fundo. - Tá, boneca. Quando entrar no avião me manda mensagem, se tiver sinal. E também quando chegar em Los Angeles.

- Até mais.

*** ***

Depois de longas horas dentro do carro de Levi, totalmente envergonhada por não conseguir tirar meus olhos dele, chegamos ao aeroporto.

Levi estacionou a frente da plataforma e descemos as pressas para buscar minhas malas atrás do carro.

- Levi, muito muito e muito obrigada!

Ele ficou em silêncio, acenou e tirou a minha última mala.

Não consigo decifrar sua expressão, como não consigo em todas, mas essa parece diferente. Levi parecia triste, mas tentava evitar isso com alguns sorrisos, tentando me convencer a rir com ele.

- Antes, eu sei que sou extremamente irritante por te pausar em suas despedidas. - ele pega em minhas mãos. - Mas, eu também sou péssimo em despedidas, Tés. - suspira. - Por mais que antes eu não cogitasse isso entre a gente, não quero que você vá.

Aí meu Deus. Ele está se declarando? Não. Não. Você o conhece a menos de dois dias, Tessa! Não!
Mas ele está se declarando, ninguém nunca fez isso para mim.

- Levi...

Ele me interrompe.

- Tés, eu sei. Você acha que não vamos dar certo. Você pode ter razão, mas também pode não ter. Eu não sei como, mas eu criei uma conexão absurda com você. Não estou pedindo para namorar comigo ou casar, - ele gargalha. - por mais que soe uma ótima idéia. Só estou pedindo para conhecer você.

Neguei com lágrimas que queriam muito sair dos meus olhos. Eu queria, eu estaria aberta a conhecê-lo, mas isso se fosse a pelo menos um ano atrás. Vi a frustração em seu rosto.

Você errou no time, Carington.

Não posso me permitir entrar em um novo relacionamento, por que todos machucam, não importa como seja. Nunca são perfeitos e sempre te ferem de alguma maneira.
Colocamos tantas expectativas e elas são frustadas em tão pouco tempo, ou em alguns casos, em anos.

- Tés, por favor. - ele acaricia meu rosto.

Eu permaneço relutante, mas seus olhos mostram um brilho e uma frustração que me fazem repensar minhas palavras. Meu coração não é duro, mas ele precisa ser.
Escondo meus sentimentos através das palavras que o lanço.

- Levi. Não quero entrar em relacionamentos, por que todos são extremamente decepcionantes. - retirei suas mãos e as beijei. - Não posso. Eu sinto muito.

Limpei minhas lágrimas e segui a caminho do meu vôo. Dessa vez, não será como minhas despedidas a Rylee. Não terá abraços, tão pouco beijos ou olhadas de canto.

Parte do meu coração está em pedaços, por que a outra metade está com Levi na plataforma do aeroporto, e quem sabe, também em seu coração.

••••• Continua •••••

[Notas]

Que gratificante ter você aqui comigo de novo! Espero muito que tenha gostado.

Seu comentário e voto é muito importante, pois ajuda na motivação da escritora aqui kkkk e no rumo dessa história.

Te vejo no próximo capítulo? Corre lá, tem muitas surpresas por vir

P.S.: Não Foi Amor Dessa Vez [EM ANDAMENTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora