Simonas

16 0 0
                                    

Três Crianças corriam entre entulhos e escombros de uma antiga estação de trem. Os crânios e esqueletos de todos os tamanhos, não intimidaram-nas. A brincadeira era um pique-pega. A menina focou num dos menino e o apanhou dentro dum vagão de trem. O garoto disse que não valia pois ele não pôde mais correr devido ao tanto de ossos espalhados dentro do trem. A menina falou que a culpa era dele.
- Me ajude a pegar o TAS.
Eles foram atrás do último. O caçaram por entre a sala da administração, nos banheiros e refeitório
- Que merda, TAS. Isso não é pique-esconde. – falou  a menina.
De repente um som veio da direção das plataformas. Eles correram para lá.  O garoto viu, do alto, o fugaz menino esqueirando na plataforma do meio entre os seis trens parados. Gritou:
- Olha lá ele!
Eles saltaram no teto de uma das plataforma e foram correndo. Desceram com ajuda trem. O último garoto correu até um escadaria escura sem fim. No alto uma placa dizia: Metrô. E sem pestanejar desceu os degraus. Os outros o seguiu. A menina na frente viu seu alvo parado no fim da escada.
- Te peguei!
- Tá sentindo esse cheiro?
O outro pré-adolescente apareceu e perguntou o porquê deles pararem. Então viu uma plataforma. Praticamente imersa nas trevas. O pouco de luz que iluminava o metrô, vinha da escada atrás deles.
- Não me diz que isso é...
- Sim... é uma colmeia – falou TAS.
Um grito estridente agudo quase os deixaram surdos.
- Uma bruxa! Corram!


- TAS... Socorro... Socorro, TAS!
- Socorro...
   O menino corria. Sem olhar para trás. Fugindo entre a destruição apocalíptica da cidade. Metade do seu rosto estava pintado de vermelho. Com a mão direita ocultando o olho esquerdo.



   Ghost voltou a tona. Seu rosto estava suado e o coração palpitava. Levou a mão ao olho esquerdo. O Jazz-Noir inundava o recinto cinzento esfumaçado  de cigarros e vaporizadores eletrônicos. Encostou a cabeça na parede e levou o copo com uma bebida verde ao lábios
   Depois que a sessão acabou, as luzes foram acessas, os músicos estavam espalhados pelas mesas com o público conversando. Nesse interim, Wermann chegou acompanhado de um jovem desperto de cara fechada.
- É... Ghost parece que vamos trabalhar juntos novamente.
- Nem fale, Odin. Estou tão animado por isso.
- Imaginei sua expressão quando o Dono do Antiquário lhe disse que eu seria sua dupla. Já que no último serviço, você gritou que nunca mais trabalharíamos juntos.
- Não me faça lembrar de memória ruins. Já tive minha cota por hoje.
- Pessoal – disse Wermann – vamos focar no serviço.
- Conte.
   Wermann explicou para Odin que ele e Ghost deveriam ir num campo de asteroides encontrar um dos poucos corvos da Rainha Mara que ainda estavam vivos para pegar um carregamento.
- Isso é simples. Onde? – perguntou Odin.
- Orla Emaranhada.
- Lá é complicado. Tirando toda escoria do sistema solar. Dizem que há colmeia também infesta por lá. E os corvos não acabaram depois que a rainha foi morta.
- Ninguém sabe dela nem do irmão. Os sobreviventes estão se virando como podem.
- Sabe o que eu nunca entendi. É o porquê daquele arcano escolher você. Um simples humano para o esquadrão dele. O Wermann é guardião. Mas você... se morrer já era.
- Primeiro! Não somos do esquadrão dele. Nós trabalharmos para ele. Wermann é o assistente e pupilo dele. E eu... você sabe o que eu faço de bom.
- Ficar se esqueirando igual a uma puta no chão. Qualquer um faz.
- Então por que você não está aqui?
- Porque eu não babo ovo dele igual a vocês dois.
- Você chama muita atenção. Fala alto. Não têm modos. Não sabe permanecer e ser parte de um ambiente. Você ainda é o mesmo garoto imprudente e presunçoso.
   Odin fechou a cara e ameaçou se levantar quando uma mão com proteção metálica avermelhada o devolveu para a cadeira.
- Cadê ele, Odin – disse a titã – Oi, Ghost – acenou de volta para a titã.
- Ele quem?
   A titã o ergueu da cadeira com uma mão. Todos em volta olharam. Odin balançava as pernas como uma criança supensa.
- O Kayzin!
- Eu não sei dele há meses. Acho que está com outro grupo.
- Não minta para mim.
- Simonas, larga esse merda e senta.
   Simonas o largou no chão sentou e engoliu toda a bebida do copo do Odin. Wermann perguntou quem era Kayzin. Simonas relatou que fora seu antigo companheiro de esquadrão.
- Aquele traste espalhou para vários guardiões que nós estávamos juntos. Isso por trás de mim. Porque pela minha frente nós fizemos preces para o Viajante enquanto minha famila passava por dificuldades. Eu pensando que ele era meu amigo. Mas no fundo tinha segundas intenções. Quando ele revelou o que queria comigo. E não foi correspondido. Ele começou com o inferno. Agora eu estou fora de casa, sem clã e sem serviços e a Vanguarda me colocou na geladeira até passar esse problema.
   Wermann se espantou, disse que nunca tinha encontrado uma guardiã tão nova. Simonas relatou que na fuga para última cidade foi morta numa emboscada feita por Decaídos.
- Eu tinha dado a luz ao meu último filho um mês antes. Fiquei três dias morta, até minha fantasma me encontrou.
   Ela perguntou a Odin qual o último lugar que o viu. O mesmo relatou que na Torre. Que Kayzin estava organizando um novo grupo focado no Crisol.
- Se você procurar nas listas de partidas você o encontrar – falou Odin.
- Eu já fiz isso.
- Talvez ele tenha mudado o nome e o emblema de identificação.
- Minha vida esta de cabeça para baixo  – Ghost olhou para Wermann – Só tenho minha fúria para destruir o fantasma daquele miserável.
- Nós estamos sem Titã na equipe.
- Ghost... Você ainda fica brincando de guardião.
- Eu ainda estou aqui. Wermann, explique nosso serviço.

   Os quatro foram praticamente expulsos do bar. O dia começava a nascer. Wermann transmaterializou para a nave. Simonas falou que iria retomar a busca por Kayzin já que não tinha onde ficar. Ghost disse que ele possuía uma nave que ela poderia ficar. Odin também relatou que não tinha para onde ir.
- Cai fora, Odin! – falaram concomitantemente se olharam surpresos e riram.

   A porta abriu, Wermann adentrou no escritório. A sua frente estava John apoiado com os braços sobre a grande mesa de carvalho antigo. Logo atrás entrou Ghost e por fim, Simonas. O laranja avermelhado dos olhos do John brilharam. John disse para Ghost se sentar e pediu a Wermann que pegasse uma cadeira para convidada. Depois de feito Wermann parou em pé atrás de John.
- Eu pedi que sentassem, pois nesses últimos três dias coisas fora do meu controle ocorreram.
- John...
- Primeiro! Meu braço direito some. Depois minha nave, que nem minha era. Foi levada pelo caçador contratado.
- Ele nos roubou?
- Quem dera, Ghost. Quem dera. Enquanto vocês dois estavam voando por aí, na fracassada tentativa de repovoar o sistema solar. Odin apunhalou o Wermann pelas costas e foi sozinho buscar nossa encomenda de Extratos da Rainha. Eu juro que achei que ele fosse nos roubar. Mas ele estava o tempo todo mantendo eu e Wermann sob ciência da situação. No entanto, assim que a nave entrou em órbita. Uma nave da vanguarda o interceptou.
- Ele foi apanhado?
- Não... o garoto é sagaz. Mas a nave foi.
- E agora?
- Agora... Eu quero a minha mercadoria de volta.
- Quê!? – exclamou Wermann – John, como.
- Ghost... esse serviço é impossível. – disse Simonas colocando a mão sobre o ombro dele.
   Ela o chamou novamente. Ghost parecia estar sob algum transe. Ele encarava John, que sorria.
- Tá, vocês vão chegar lá atirando para todos os lados. Assim, tão fácil? Vocês vão morrer!
- Calma, Simonas. Nós não trabalhamos desta forma. John, alguém já fez isso antes?
- Nunca! – respondeu John.
- Então estamos na vantagem.
- E depois, Ghost? Lembra do que conversamos? – perguntou Simonas.
- Eles nunca saberão – falou John - Só vão ter consciência que a mercadoria sumiu depois que vendermos tudo. Então Nightingåles, vamos entrar para a história da Vanguarda?
- Simonas, você está com a gente?
- Eu pertenço a Vanguarda.
- Todos nós fomos, tirando o Ghost porque ele não é guardião.
- Ok... estou nessa.
- Então, bem-vinda aos Nightingåles – falou John.
   Os quatro conversavam entre sim sobre a nova missão. Wermann enquanto falava com Simonas.. Ghost olhou para John que disse:
- Nós vamos conseguir, Ghost.
- Nós vamos morrer, isso sim.
- Bem... essa é a única forma de você virar um guardião – Ambos riram – Queria ver a cara do Zavalla e  da Ikora quando eles souberem do roubo bem embaixo do nariz deles.

Destiny: NightingålesOnde histórias criam vida. Descubra agora