Prólogo

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-Sinto saudades. -diz Mikey.

Do alto da Torre de Tóquio, ele observava os transeuntes passarem. Seus olhos tentavam captar toda e qualquer emoção, quase como se pudesse se agarrar a ela. Manjiro Sano, ostentando agora 28 anos, começava a duvidar se a sua vida foi mesmo real ou apenas mais uma dessas mentiras que ele se acostumou a contar para as pessoas. Em algum momento teve família? Amigos, foi feliz? Ele duvidava disso.

-Não pense tanto... -pediu o moreno que o acompanhava -Sei que está se culpando novamente e sua forma de dizer isso é falar que tem saudades. Saudades do que? Do inferno?

Takemichi Hanagaki-Sano abraçou gentilmente o marido pelas costas. Suas mãos acariciaram o abdômen ainda definido do esposo. Mesmo depois de tanto tempo, Mikey nunca descuidou do corpo. Seus músculos tensos relaxaram com o contato de Takemichi, e ele tentou sorrir. Era tão difícil. Takemichi depositou um beijo nas suas costas, como uma benção e pedido definitivo para que Manjiro esquecesse daquilo tudo.

-O inferno era divertido pra mim. -disse o Sano. Sua mão envolveu a do mais novo, buscando algum conforto no calor suave -Até conhecer o diabo.

Mikey olhou pela ultima vez para o chão. Ele desejou poder voar e atravessar as barreiras do tempo, para uma época onde ele conseguia sorrir sem culpa e ser feliz sem precisar se sentir mal por isso. Sempre parecia errado se sentir bem depois de tudo aquilo.

-Vamos embora, Takemichy... -avisou ele. Ambos desceram da torre, com cuidado para que nenhum segurança os vissem e partiram.

Minato era silenciosa a noite, mesmo com suas atividades noturnas recorrentes. Também era cheio de visitantes por ali, andando por todo lado. Na regiao de Kanto, foi uma das poucas sobreviventes sem grandes respingos. Era seguro morar lá. Shibuya, entretanto, não teve a mesma sorte.

A noite em Shibuya era mais animada a alguns anos. Casas noturnas, de massagem, chás, apostas, clubes e bares que fecharam depois do incidente em 2010. Pessoas se mudaram para outras cidades, jurando nunca mais passar a 1 quilômetro das ruas antes cheias de vida do distrito. Shibuya era sinônimo de alegria, trabalho e novo mundo. Agora não passava de uma cidade fantasma.

E havia quem culpar. A Hydra arrastou tudo e todos para uma guerra. Um reinado de horror que envolveu o submundo e o mundo de cima também. A cidade inteira a mercê das vontades e caprichos da mais cruel gangue que Tóquio já viu. Roubar, agredir, queimar estabelecimentos eram coisas rotineiras que os homens com tatuagem de uma cabeça de Hydra faziam todos os dias. Uma gangue que se meteu na vida comum e chata das pessoas daquele lugar. Nada foi o mesmo... não desde 2010.

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