-Pera... -Chifuyu disse, tentando afastar as mãos e os lábios de Baji de si -Calma aí!
Por mais que ele adorasse toda a atenção que Baji sempre lhe dava, havia alguns momentos em que ele... Passava do limite. Apesar de já terem conversado sobre isso e Baji entender que Chifuyu ainda não estava pronto, às vezes acontecia de as coisas ficarem empolgantes demais, que faziam o Matsuno sempre pisar no freio com um pouco mais de brutalidade que o usual.
-E agora, o que foi? -Baji perguntou, se afastando dele.
Ambos estavam no quarto de Baji, com Peke J espiando a janela da varanda, sem ligar muito para o que os seus humanos desavergonhados estavam fazendo na cama. O gato preto às vezes tinha uma certa paz de espírito que fazia Chifuyu sentir como se ele fosse a criatura irracional.
-Baji... -O loiro sentou na cama, ajustando o moletom, que ficou amassado e puxado para cima. -Nós já conversamos sobre isso: Ainda não estou pronto.
-... Tá -Baji respondeu, seco. Com um bufo, ele se virou de costas para Chifuyu. Keisuke se sentia frustrado. - .. Qual é o problema? Sou eu? Você não confia em mim?
-Não é isso, Kei... Voce sabe que confio em você mais do que qualquer coisa, mas ainda não estou pronto -Chifuyu disse, estregando as têmporas.
Eles já tiveram essa conversa mil vezes e ainda não fazia sentido Baji perguntar a mesma coisa. Ele estava pensando que, talvez, Baji esperasse uma resposta diferente.
-Então me diz, Fuyu -Keisuke sentou perto dele, segurando suas mãos. -Me diz: porque você não quer? Você sempre evita que eu toque em você mais intimamente e acaba que eu.. tenho que me aliviar sozinho.
-Eu sei -Chifuyu resmungou, entao apertou as mãos de Baji.
Ele poderia sentir um calor úmido que o fazia ter uma sensação de arrepio correndo pelo corpo. Aquelas mãos grandes e levemente calejadas, cheias de veias... Quando elas tocavam em Chifuyu ele só conseguia sentir uma coisa... Nojo.
Então, ele puxou as mãos rapidamente, se livrando da sensação de aranhas subindo pela pele e agulhas o espetando repetidas vezes. Chifuyu queria gritar para que Baji ficasse longe dele. O mais longe possível! O cheiro do perfume o irritava, o olhar afiado e felino, a textura da pele, os beijos muito molhados e quentes.
Repulsivo.
-Não é nada disso, Kei -Ele disse, dando um tapinha no ombro do outro, o fazendo bufar.
É claro que Baji sabia, ele não era burro. Ele sabia que tinha algo de errado com Chifuyu e que ele não estava contando. Ele não podia deixar de sentir que perdeu alguma coisa. Que em algum momento de um relacionamento que deveria ser perfeito, alguma coisa escapou por seus olhos.
Eles combinavam. Gostavam das mesmas coisas, falavam dos mesmos assuntos. Chifuyu era bonito e foi a primeira pessoa que fez o coração de Baji realmente acelerar. Então por que? Porque a cada dia que passava, Chifuyu parecia mais distante? A essa altura, ele mal conseguia disfarçar o revirar de olhos algumas vezes e as leves caretas de nojo. Ele ate enxugava os lábios depois de um beijo.
Isso não deveria acontecer. Ele tinha que ter feito ou perdido algo. Baji então pegou Chifuyu peos ombros e o abraçou. Ele o apertou entre seus braços e empurrou o rosto na curva do pescoço, sentindo o cheiro de lavanda do amaciante de Chifuyu entrar pelo nariz.
-Me desculpe -Baji disse, um pouco trêmulo -Eu não queria te forçar a nada. Eu estava com a cabeça muito cheia sobre o que aconteceu com os Kawata. Acho que as coisas estão meio confusas agora. Não sei em quem confiar, não sei de onde esperar um ataque.
-.. Tem razao -Chifuyu espalmou a mão direita nas costas de Baji. Ele tentou parecer acolhedor quando falava -Às vezes, os ataques vêm de onde menos se espera. De onde você mais se sente seguro. O amor é cego, mas não achei que ele também fosse burro.
Keisuke sentiu uma dor fina perto da orelha. Ele então arregalou os olhou ao sentir algo perfurar seu crânio. O sangue quente escorria perto da orelha, manchando o moletom dele e de Chifuyu também.
-Sabe, eu sempre achei que você fosse mais inteligente. -Chifuyu disse, em uma voz quase risonha. Baji tentou empurrá-lo, mas Matsuno continuou o segurando perto do peito, o impedindo de fugir -Não não não. Eu quero que você fique aqui, comigo. Quero sentir a sua última respiração bem perto do meu ouvido... e Baji?
Chifuyu olhou para ele. Baji mal reconhecia o brilho de azul quase tóxico em seus olhos. Ao mesmo tempo, eles pareiam tão inexpressivos e mortos. Havia uma aura que envolvia Chifuyu, como uma grande sombra negra.
-Você tinha razão quando disse... -Ele então sorriu ainda mais -Eu tenho nojo de você. Você é repulsivo e não me admira que as pessoas estejam sempre abandonando você por qualquer coisinha melhor. Como o Mikey quando conheceu o Draken. Ou o Kazutora que nunca retribuiu os seus sentimentos.
O rosto do loiro agora ficava cada vez mais contorcido. Desfigurado como uma máscara horrenda. Uma marca na bochecha dele apareceu, uma que Baji nunca viu antes ou nunca notou. A marca de uma cobra de muitas cabeças, queimada na pele como a do rosto de Angry. Chifuyu se aproximou o mais próximo possível dele e disse, num sussurro:
-Vida longa a Hydra.
Então tudo ficou escuro.
🐍
Baji acordou gritando. O grito dele fez Peke J fugir em disparada e Chifuyu ao lado dele, se assustar e rolar na cama, caindo com um forte impacto no chão.
-QUE PORRA --! -O loiro gritou, irritado, enquanto esfregava a cabeça.
Baji tocou a parte de trás do crânio. Nenhuma faca, nenhuma ferida. Nenhum sangue. Ele olhou para Chifuyu que parecia tão perfido quanto ele mesmo com questões de gramática.
-Você.. -Baji então pegou o rosto de Chifuyu, examinando suas bochechas.
-Sai fora! -Matsuno reclamou, dando um tapa nele -Que diabos está olhando? Sou apenas eu.
Baji suspirou. Foi um sonho. Ele não havia morrido, nem ferido e Chifuyu nunca disse nada de horrível para ele. Ele apenas teve um sonho horrível e estranho. Na cabeceira da cama, ele viu os doces de Halloween. Muito açúcar.
-Sinto muito, Chifuyu. -Baji o ajudou a levantar, envergonhado.
-Pesadelo? -Chifuyu perguntou e Keisuke apenas acebou com a cabeça -Bem, e como foi?
Baji começou a falar tudo enquanto Chifuyu ouvia com o máximo de atenção possível. Em certos momentos, o loiro ficou rígido como uma pedra e fez caretas de desgosto. Ele então deitou na cama e ajudou Baji a deitar também.
-Foi só um sonho... não leve a sério. Vamos dormir -Ele disse, acariciando os cabelos de Baji, que apenas acenou e abraçou Chifuyu como se sua vida dependesse disso.
-Não vou mais comer doces antes de dormir -Baji resmungou, já voltando a sentir sono novamente.
-Sim, você pensa demais. Durma agora. Não passou de um sonho -o loiro disse, olhando para a lateral da cama.
Um brilho dourado iluminou os olhos de Chifuyu, o metal era reluzente mesmo com pouca luz. Ele desviou o olhar e deu um beijo na cabeça de Baji.
-Apenas um sonho mal...
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Heil Hydra
Фанфик-Pobre menino invencível... -debochou Hydra. Sua faca suja de sangue girava na direção do peito do garoto, como uma cobra pronta para dar o bote. -Você passou todo esse tempo falando que queria morrer, Mikey. É seu dia de sorte! E como estou de muit...