– Agradeço a todos esta oportunidade que me foi dada, diante de todas as adversidades que enfrentei eu finalmente consegui me graduar nesta academia e realizar o meu maior sonho desde a infância. De hoje em diante eu serei o maior vilão que este mundo já viu! Eu serei seu Imperador!
Daniel disse isso com um sorriso malicioso em seu rosto. Um jovem de 20 anos com um futuro inteiro pela frente agora estava fazendo uma declaração de guerra a todas as pessoas que lhe queriam bem. Todos os instrutores da academia e todos os seus colegas que sempre lhe apoiaram. Tudo por um erro do passado.
– Decidi seguir aquilo que sempre deveria ter sido!
"Mentira"
– Ser quem eu sou de verdade!
"Mentira"
– Não mais viver amarrado as regras desta sociedade doente que trata as pessoas pelo seu passado!
"Mentira"
– Venham pois aqueles que defendem esta instituição opressora!
"Me salvem disso por favor"
– Venham me enfrentar!
Os instrutores que estavam ao seu lado apenas olhavam atônitos para toda aquela cena, eles olhavam para ele tentando comparar com aquele adolescente que chegou aos portões da academia pedindo para ser treinado como um herói. Todos sabiam que ele era filho do maior vilão do mundo, o Destruidor, mas ele sempre rejeitou este lado dele, ao menos era o que se pensava até aquele dia. O que era para ser uma cerimônia de graduação tornou-se uma questão de vida ou morte.
Tudo ao redor deles começou a mudar, as cadeiras das pessoas ganharam vida e agarravam quem quer que estivesse sentados nelas, as duas árvores de carvalho que ficavam no portão de entrada se desenraizaram e se moviam de um lado para o outro ora arremessando as pessoas ora as amarrando e prendendo em seus galhos. Das janelas fantasmas surgiram e sequestravam as pessoas as levando para o alto. Dois dos heróis que estavam no local correram para salvar as pessoas, enquanto o terceiro deles, o Espadachim, tentou parar Daniel.
– Para com isso garoto! – ele apontava seu sabre na direção dele – Não me obrigue e a machucá-lo!
– Como se você pudesse me machucar com um balão. – o sabre adquiriu uma coloração vermelha e se tornou um balão comprido. Espadachim jogou o balão longe e partiu para cima de Daniel, que desviou com facilidade e colocou o pé no caminho do herói fazendo-o tropeçar.
"Onde você está?"
"Venha me impedir!"
Do outro lado do campus uma mulher arrumava uma mala pesada, ela tinha uma expressão triste em seu rosto, deveria deixar a instituição naquele dia pois não havia se graduado. Ela guardava tantas lembranças boas daquele dormitório, o cheiro do perfume de sua visinha de porta que sempre a despertava, do outro lado tinha uma outra que toda semana trazia um homem novo para o quarto. Agora, não mais teria essas experiências. Um tumulto se formou no corredor em frente a sua porta. Ela saiu para ver do que se tratava e encontrou outras mulheres aglomeradas e falando alto todas ao mesmo tempo, pareciam estar concentradas em seus celulares e comentavam sobre algo importante, ela se aproximou para ver melhor do que se tratava e se espantou com a noticia. Ela correu para a entrada da academia sem pensar duas vezes.
No pátio principal as coisas estavam ainda mais caóticas, as pedras que enfeitavam o caminho que dava acesso a praça haviam crescido pernas de sapo e agora estavam pulando de um lado para o outro, as abelhas que polinizavam as flores agora atacavam quem chegasse perto delas e a água da fonte havia assumido forma humana e estava tentando ler um jornal mas as folhas ficavam encharcadas demais para isso. Daniel caminhava pela praça mantendo o sorriso, ele havia derrotado o Espadachim e os outros dois heróis estavam ocupados demais para lidar com ele. Agora apeas faltava sentar e esperar. Apenas alguns alunos tentavam ataca-lo a essa altura, situação que foi facilmente contornada. Ele estava ficando entediado.
"Cadê você? Nunca se atrasou para parar um vilão."
Do outro lado da praça ele viu quem estava procurando. Alice finalmente apareceu, agora bastava falar o discurso que havia ensaiado e tudo ficaria bem.
– Vejo que finalmente apareceu, eu estava...
– Cala a boca! – gritou ela. Essa não era a reação que ele esperava – Por que você está fazendo isso!?
– Não ouviu o meu discurso eloquente alguns minutos atrás? Você é desligada do mundo mesmo né?
– Daniel chega disso! – sempre que Alice falava com ele chamando-o pelo nome Daniel sentia seu estômago revirar, sabia da traição que estava fazendo mas não tinha como voltar atrás agora. – Não sei que pegadinha é essa mas está saindo do controle.
– Pegadinha!? – essa era a deixa que ele precisava – Você acha mesmo que estou fazendo graça? Vocês heróis são realmente todos iguais, olham para quem está tentando mudar o mundo e, se esta pessoa não se enquadra em seus moldes, automaticamente acham que está errado. Está caçoando de mim?!
Alice não sabia o que responder, tentando controlar o choro ela assumiu uma postura de combate e encarou Daniel nos olhos.
– Se você não vai parar, então eu vou impedir você.
"Finalmente ela entendeu."
Daniel avançou para cima de Alice esforçando-se ao máximo para parecer autêntico, não queria machuca-la, mas precisava parecer real. O elástico que prendia os cabelos dela se transformou em uma pequena cobra e puxou o cabelo dela para trás fazendo-a perder o equilíbrio, Daniel aproveitou a abertura para desferir um soco no rosto dela, Alice cambaleou para o lado, mas logo percebeu uma abertura na defesa dele e golpeou o seu estômago, o golpe arremessou Daniel para longe em direção a uma parede, mas ela se transformou em um colchão e amorteceu o impacto. Seu estômago doía muito e sentia que queria vomitar, pássaros amarelos voavam ao redor da cabeça dele piando.
"Ela não se segurou dessa vez. Melhor ficar esperto"
Ele colocou-a mão em seu bolso e puxou uma forma preta e circular, ele a colocou no chão e pegou algo de dentro, uma bazuca, Daniel apontou na direção do prédio da academia e ameaçou disparar. Com um impulso Alice empurra Daniel e ele erra o disparo, o míssil sobe no ar até explodir perto do segundo andar da academia quebrando todas as janelas. Alice estava por cima de Daniel segurando-o e mantendo o contato visual com ele, sua expressão era pura raiva, mas um semblante de dúvida por vezes transparecia.
"Essa é minha deixa"
Daniel abriu seu celular e ligou para um número, uma mão saiu do auto falante do aparelho e puxou-o para dentro, enquanto seu corpo era puxado ele deixou uma carta nas mãos de Alice. Ela pôde apenas olhar atônita para tudo o que aconteceu naquele dia. Ela pegou a carta e a leu com cuidado. De hoje em diante eu serei seu maior inimigo estava escrito com recortes de revistas e havia também uma foto rasgada ao meio de quando eram menores.
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Eu me tornei Vilão para que você seja Herói
General FictionEu me tornei Vilão para que você seja Herói.