Daniel sentia sua cabeça pesada, tudo ao seu redor parecia girar e ele sentia fortes náuseas, sua visão estava turva e sentia o gosto de sangue em sua boca. Ele estava deitado em uma cama simples feita de metal, com um colchão fino e um travesseiro. As paredes ao seu redor eram feitas de metal tingidas de um azul celeste e havia uma pequena janela no alto de uma delas por onde entrava a luz do sol. Ele se senta em sua cama e dá uma olhada ao redor, estava em uma cela novamente, em sua frente havia uma barreira translúcida feita de energia que distorcia levemente as imagens que passavam por ela, aquela era uma prisão para pessoas com poderes, talvez fosse o conhecido bloco 12; tudo o que restava agora era deitar e esperar, a qualquer momento seus aliados chegariam com um plano de fuga mirabolante e espalhafatoso e iriam libertá-lo daquele lugar com uma risada maligna e gargalhadas de insulto. Daniel se deitou novamente e relaxou o quanto podia.
Horas se passaram e ninguém apareceu, nem mesmo o som do alarme tocou, talvez estivessem com dificuldade de entrar na prisão, era de se esperar uma vez que aquele incidente com o helicóptero causou a morte de alguém, mas ainda assim alguma coisa já deveria ter acontecido. Passos vieram do corredor onde sua cela se encontrava, Daniel abriu um dos olhos para ver quem passaria por ali, uma mulher parou diante da cela, Justiça estava de pé com os braços cruzados encarando ele e olhando-o fundo nos olhos, Daniel se sentia desconfortável com aquilo e virou de costas para ela, mas ainda sentia o olhar dela sobre ele. Ela suspirou e disse:
- Você não consegue nem encarar os seus erros?
- Você é que está me encarando, eu apenas quero dormir.
- Você causou a morte de duas pessoas hoje Imperador, ao menos tenha coragem de enfrentar as consequências de seus atos.
- Sabe que pode me chamar de Daniel, Alice. Nos conhecemos desde a escola... - Alice pisou com força no chão fazendo a cela tremer e interrompendo a fala de Daniel.
- Não desonre o nome do meu amigo, Imperador. O Daniel que eu considerava meu amigo morreu no dia que você surgiu! Nunca vou te perdoar! - Alice estava furiosa e a ponto de abrir a cela para dar uma surra em Daniel, mas foi impedida por uma outra mulher que apareceu ao seu lado, ela tinha cabelo e pele morena e estava vestindo um terno azul com uma saia que lhe cobria os joelhos, ela segurava um tablet com a mão direita e tinha um fone de ouvido no lado direito.
- Justiça se controle por favor - disse a mulher - não se deixe influenciar pelas ações do Imperador. Agora vá descansar, eu assumo o inquérito a partir daqui. - ainda furiosa, a Justiça sai de perto da cela a passos largos.
- E então, quantas perpétuas eu vou pegar senhora? - disse Daniel com um sorriso sínico no rosto.
- Nós dois sabemos que isso não vai funcionar. - ela respondeu com os olhos fixos no tablet
- Nossa, finalmente uma pessoa com bom senso. - disse Daniel cinicamente.
- Nós do departamento penitenciário sabemos bem do que se trata as prisões dos auto proclamados "vilões". Aqui funciona apenas como um hotel onde passarão uma temporada, então, logo mais, alguém virá com um plano mirabolante e complicado para resgatar aquele camarada que ficou para trás. - Ela dizia mantendo os olhos fixos no tablet. Daniel se esforçava para ler aquela mulher, mas ela parecia ser treinada em esconder o que pensava, talvez fosse uma agente do governo enviada para intimidá-lo. - Entretanto, eu pretendo mudar isso.
- Sou todo ouvidos - Daniel se deitou na sua cama fazendo assumindo a postura mais irônica que conseguia.
- Ora não seja apressado. - Pela primeira vez nessa conversa ela olhou para Daniel. A mulher esboçava um sorriso ainda mais irônico do que o dele. Os olhos melados dela pareciam aumentar ainda mais o tom misterioso daquela conversa e isso o deixava desconfortável. - Eu vou revelar tudo ao seu tempo. Por hora aproveite a estadia nessas instalações. Eu recomendo que não perca o almoço de hoje, a sobremesa é maravilhosa.
- Vou me lembrar disso - Ele tentava esconder o nervosismo mudando de posição, mas isso só deixa mais evidente o que sentia - Posso ao menos saber seu nome?
- Adriana. Adriana Foucault. É um prazer conhecer você Daniel. - Ela disse enquanto se virava.
Ao ouvir isso Daniel quase desabou, sentia seu sangue gelar e os batimentos de seu coração estavam tão altos que conseguia ouvi-los. Ele nunca fora chamado de Daniel por outra pessoa que não fosse Alice ou Francesco, o acordo que havia feito no passado lhe garantiu que esse nome desapareceria completamente de todo e qualquer registro. Se aquela mulher revelasse essa informação tudo estaria perdido tanto para ele como para Alice.
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Eu me tornei Vilão para que você seja Herói
Ficção GeralEu me tornei Vilão para que você seja Herói.