Entre A Cruz E A Espada

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A Vi tinha apertado o botão no mesmo segundo em que morreu, o que assustou todos que lá estavam presentes.

Se entreolharam, pálidos, e perceberam que só tinham sobrado eles: Felipe, Bruno, Samanta e Victor.

- Todos... Se foram... - Samanta disse, tentando segurar o choro, mas em vão

Felipe, que estava se fazendo de forte, deixou escapar uma fungada, a qual logo disfarçou. Olhou ao redor, e finalmente, algo lhe veio em mente, mas antes que pudesse falar, Samanta se pronunciou.

- Espera um pouco. - todos lhe olharam - se não me engano, o jogo mostrou nessa última rodada, que ainda tinham dois impostores. - parou para pensar - Mas de acordo com as regras, se fosse assim o jogo já teria acabado. A menos...

- A menos que exista um neutro. - Victor completou

Foi aí que Samanta percebeu o olhar fixo de Victor, no Bruno.
Pelos vistos, ela era a última tripulante viva. Não existia nenhuma chance dela lhes ganhar. Estava entre a cruz e a espada. De um jeito ou de outro, ela seria a que morreria.

Sabia disso! Já tinha recebido todas as provas suficientes, mas, ainda não entendia, o porquê deles, estarem fazendo isso. A cada segundo, a sua vontade de chorar só aumentava, e antes que qualquer um deles pudesse votar, o tempo já havia esgotado.

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<Felipe>

Eu já estava sem forças, queria logo acabar com isso, mas não podia desistir. Mesmo que tivesse que passar por tudo isso, eu precisava voltar para casa. Eu precisava voltar, com todos eles.

Desde que matei o Kleber, meu cooldown havia aumentando absurdamente, então, não tinha como me safar, se o Bruno me encontrasse.

Corri em direção à sala de comunicações, esperando conseguir me safar dele, quando vi o Victor se aproximando.

- Finalmente te encontrei. - uma voz conhecida ecoou dentro do meu capacete

Mas não era a voz que eu estava esperando. ERA A DO BRUNO.

- Por que é que eu estou conseguindo te ouvir?

- Você consegue me ouvir? - perguntou confuso

- Espera um pouco.... Você era você que estava se disfarçando dos outros??

- Parece que essa cor não vai mais servir pra eu enganar ninguém... E aí Felipe. Me perdoa.

Sem poder atacar ainda, apenas dei passos para trás, assustado, esperando morrer naquele momento, quando algo me surpreendeu.

- Por que não consigo te matar??

Como assim não consegue me matar? Será que... Samanta!!

Ela havia me dado escudo desde o início. Era a única explicação, já que, ela era a única tripulante ainda viva. Mas Bruno também havia percebido isso, então, ele nem pensou duas vezes e saiu pelo mapa procurando por ela.

<Victor>

Matar a Samanta seria algo totalmente desnecessário nesse momento, afinal, o único que segurava o jogo no momento era o Bruno. Então, assim que a encontrei, sem dizer nada, peguei sua mão, e comecei a correr desesperadamente, até conseguir encontrar um lugar para lhe esconder, na navegação.

Não me importava o que ela ou os outros estavam pensando de mim. Eu só queria lhes salvar!

- Desculpa Sam. - disse lhe encarando, e para a minha surpresa, vi a mesma levantar seu rosto me olhando, como se tivesse ouvido o que eu acabara de dizer

Saí correndo de lá, à procura do Felipe, a fim de lhe ajudar a ganhar esse jogo, e enfim voltar para casa, quando, de repente, por um pequeno momento de deslize, ao ver um astronauta amarelo, fui atingido pelo mesmo.

- F-Felipe...? - perdendo forças

- Desculpa amigo. - quase chorando

- Bruno!? Por quê??

- Por vocês!

- C-com-mo assi...

- Me perdoa cara.

Minha última visão, foi a cachoeira imensa de lágrimas que escorriam do seu rosto.
Eu entendia a sensação. Era a mesma que eu estava sentindo no jogo. Você também tem uma razão, não é... Bruno?

Entre Nós - Felipe NetoOnde histórias criam vida. Descubra agora