01| Problemas no paraíso

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Estou ferrada!

Isso é a única coisa que consigo pensar quando olho para a prova à minha frente, fui mal em todas as provas dessa matéria, de alguma forma eu e meu enorme e inteligente cérebro fracassamos, estudei a semana toda como uma louca para ver um três em vermelho destacado no papel, isso não é justo!

— Professora, sem ofensas, mas tem certeza que isso está certo? — Eu pergunto com a súplica em meus olhos, não faz sentido que depois de tanto esforço eu vá reprovar de ano.

Um fato sobre mim, odeio suplicar ou demonstrar algum tipo de fraqueza, mas se aquela mulher me disser que posso tirar um dez em sua matéria se eu me ajoelhar e implorar por perdão, eu faço sem nem ao menos pensar, situações difíceis pedem medidas desesperadas, como está, então ninguém pode me julgar por esse pensamento.

— Não, senhorita Lightwood, eu mesma corrigi sua prova duas vezes, e está nota na folha é o que você tirou, é uma pena. — Viro de lado e bufo sem chão, isso deve ser um pesadelo.

— O que eu faço agora? — Pergunto mais para mim do que para ela.

— No bimestre que vem, será a recuperação, se for bem nela poderá recuperar sua média Isabelle. — A professora Rose diz com uma calma que me deixa ainda mais nervosa e ansiosa.

— Ok, professora. — Digo entredentes, não estou brava com ela, mais sim a com sua matéria, e comigo mesma diga-se de passagem.

Me viro de costas com minha bolsa carteiro de couro sobre os ombros mas paro abruptamente quando ouço sua próxima fala, que me faz começar a ter raiva de sua pessoa também.

— Esperava mais de você Isabelle! — Ela diz com um tom de decepção pingando de suas palavras.

Há! Ela acha que pode me afetar com essa frase, "esperava mais de você Isabelle", mal sabe ela que a coisa que mais tenho ouvido desde que nasci é isso, depois de um tempo ouvindo sempre a mesma coisa, você aprende a não ligar mais para o peso das palavras, só as deixam entrar por um ouvido e sair pelo outro.

Nem ao menos respondo seu comentário "amigável", balanço a cabeça e saio pisando firme pela porta da sala, eu tenho uma única chance de fazer isso, de seguir a carreira dos meus sonhos, para alguém como eu uma chance apenas é concedida, é meu último ano na faculdade, eu passei por muita merda para chegar aqui, não é possível que vou reprovar por apenas uma matéria idiota. Ok, não é uma matéria idiota, mas qualquer coisa que envolva números faz eu me sentir uma idiota.

Eu precisava de ajuda, poderia pedir a Alec, mas ele tem seus próprios problemas para lidar, e além do mas sou orgulhosa demais para pedir ajuda do meu irmão mais velho, porque sou uma burra que não consegue entender uma matéria considerada fácil.

Eu preciso de uma solução, o ma solução que não envolva apenas eu e os livros, porque já vi que não da certo, um estímulo ou ajuda de outra pessoa pode me tirar dessa, né? Enquanto me dirijo a cantina penso em muitas possibilidades, talvez eu possa contratar um professor particular.

Estou caminhando pelos corredores brancos da universidade, olho para as flores que ficam do lado oposto das salas de aula, vejo alguns conhecidos sentados no gramado ou bebendo algo na cafeteria ambulante da senhora Mary. Começo a andar depressa para o refeitório, consigo escutar o bater dos saltos que uso se mesclando com o batimento ritmado do meu coração e as engrenagens do meu cérebro meio quebrado tentando não entrar em parafuso de vez.

Pretty lies • sizzyOnde histórias criam vida. Descubra agora