Through the dark

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HAILEE POV:
-Eu transei com a Sn.

Foi tudo que consegui dizer para Sophie que estava perplexa me olhando.

-Hailee...

O silêncio toma conta da sala. A gente não sabe como tocar nesse assunto.
A mídia já especulou muito sobre nós. Sempre que saia com ela ou tínhamos qualquer interação era o suficiente para os fans surtarem. Eu nunca entendi bem o que eu sentia por Sofi na época, até hoje não entendo na verdade. Eu gostava muito dela, mas era como amiga, juro. Nós somos extremamente próximas e isso nos dá muita liberdade, toda essa intimidade sempre fez com que nosso contato -principalmente o físico- fosse bem próximo, mas isso pra gente era normal.
Mas não, a mídia jurava que eu tinha um caso com ela. Por um momento eu realmente me questionei o que eu sentia por ela, se eu queria algo mais ou era só pressão.
No fim eu coloquei na minha cabeça que era só pressão pelo momento, mesmo que as vezes eu sentisse vontade de beijar ela, não era algo anormal ne? Todo mundo sente isso pela amiga em algum momento. Eu acho.

Nunca falei da minha sexualidade publicamente porque nem eu sabia. Tive uma fase da minha vida, quando mais nova, que eu me vestia bem masculina. Casualmente usava moletons pretos, cortes masculinos de roupa e minha postura "dava a entender" que eu tinha um jeito "machão". Encheram o meu saco com isso. Eu só cansei de tudo porque eu não era lésbica ou bi (ou achava que não era) e isso tava mexendo com a minha cabeça de inúmeras formas, não tava me fazendo bem.

Então mudei meu jeito. De agir, de vestir, de falar, até me afastei da Sophie um pouco. Foi bom, eu ganhei estilo e gosto das roupas que uso hoje, mas foi uma mudança muito drástica e meu psicológico tava muito sensível com todo aquele tópico. Decidi que não iria mais me aborrecer com isso e nunca mais toquei no assunto sexualidade ou mulheres.

Dois anos após essa fase eu naturalmente voltei a me questionar, eu me via querendo beijar alguma amiga ou me apaixonando por alguma atriz da televisão. Eu era mais madura agora e não pirava tanto pensando nisso.
Passei a me questionar sem querer me encaixar em algum rótulo como queer, bi ou lésbica; eu queria primeiro entender o que eu sempre senti, o que era aquilo e seu significado. Um dia eu dei um selinho em uma amiga, ninguém me forçou, me obrigou ou colocou pressão. Ela simplesmente virou pra mim, pediu um selinho e eu dei. Aquele dia foi quando tudo se transformou, eu tive a certeza que uma parte de mim era atraída por mulheres e tava tudo bem, não vou perder um pedaço no céu ou ir direto pro inferno por conta disso, isso não me fazia diferente ou incomum.
Eu só esqueci de um pequeno detalhe: fama.

Sim eu seria vista como diferente, eu seria destratada provavelmente e talvez até perdesse trabalhos por conta disso. Então decidi que não falaria sobre isso publicamente. Isso era meu e ninguém tiraria.

Já foi difícil o suficiente me aceitar. Ter que quebrar os meus preconceitos, as minhas próprias barreiras psicológicas e tudo o que sempre me ensinaram sobre o "certo e o errado", e sabe o que eu aprendi nessa jornada? Certo e errado é apenas um ponto de vista, "o lobo mau sempre será mau se você só ouvir a versão da chapeuzinho vermelho."
Era um assunto delicado e recente, só o Griffin e alguns amigos próximos sabiam disso. Porém, por algum motivo desconhecido em mim, eu decidi jogar tudo isso pra cima e testar de verdade. Beijar de verdade. Transar. E tudo isso eu só consegui com a Sn até hoje, ela foi a única que eu me senti confortável o suficiente pra mostrar essa parte de mim que eu escondia a sete chaves.

-Hailee? Viajou?

-Sim...

-Ei, você sabe que não tem nada errado nisso né?

-Você gostou?

-uhum. -tive vários flashbacks nesse momento.

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