bad vacation

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CAPÍTULO UM

Finney abriu os olhos castanhos e mirou o teto. Virando-se para a mesa de cabeceira, conferiu o visor de seu relógio de mesa: marcava 7 horas em ponto.

Com um grunhido sôfrego, ele esticou os braços acima da cabeça e se espreguiçou, lutando para espantar os resquícios de sono do corpo. Quando sentiu que poderia levantar-se da cama sem tropeçar, afastou as cobertas e se encaminhou para o banheiro.

Meia hora e alguns bocejos depois, Finney desceu as escadas em direção a cozinha, pronto para o dia e para a viagem que faria dali a algumas horas.

Respondendo ao bom dia de sua irmã com um resmungo, ele despejou algumas doses de leite em uma tigela e cobriu o líquido com cereal e pedaços de morango, depois sentou-se à mesa para desfrutar do café da manhã.

— Papai ainda não acordou, Gwen? — perguntou.

— Ele já está acordado, sim. Foi levar o carro para uma revisão de última hora. Pediu para avisar que sairemos às 11h — Gwen não tirou os olhos da tela de seu celular enquanto o respondia, digitando furiosamente no que Finney supôs ser uma troca de mensagens com alguma de suas amigas da escola.

Percebendo que faltavam menos de 5 horas para pegarem a estrada, Finney não pôde evitar soltar um bufo desdenhoso. Se estivesse sendo sincero, diria que passar dois dos três meses de férias em uma casa de campo na companhia dos Arellano era a última coisa que ele queria fazer, e isso se devia principalmente (exclusivamente) à presença torturante de Robin Arellano.

Robin era exatamente o tipo de garoto que Finney gostaria de poder manter distância: longos cabelos castanhos ondulados e uma pose de quem não tem medo de nada, combinados com notas decadentes, um péssimo histórico e o terrível hábito de socar valentões estúpidos do ensino médio.

Enquanto Finney preferia evitar confusões, Robin arrastava o caos consigo por onde quer que passasse. Então, sim, Finney não o suportava.

Tendo ouvido seu resmungo, Gwen ergueu os os olhos da tela do celular e o mirou com as sobrancelhas erguidas.

— Nós nem saímos de casa ainda e você já está fazendo cara feia? — com um revirar de olhos, ela colocou o celular em cima da mesa e apoiou o rosto na palma da mão.

— Não estou fazendo cara feia — o vinco em sua testa contradizia suas palavras, mas ele não admitiria que ela estava certa.

Gwen era bastante insistente quando queria, porém, e esticou o braço livre para pressionar dois dedos contra sua testa enrugada.

— Você está — ela pontuou — Isso é por causa do Robbie?

Com a menção do nome, o sulco em sua testa pareceu se intensificar.

— Por que você acha que eu me importo com esse garoto idiota? — quando Gwen apenas o encarou, ele bufou pelo que deveria ser a vigésima vez naquela manhã e arregalou os olhos numa careta derrotada — Tá, ok, eu admito que talvez o meu mau humor tenha algo a ver com o fato de estarmos indo passar 60 dias dormindo na mesma casa que o Robin, mas... — bufando de frustração, Finney esfregou o rosto antes de continuar — Olha, não era assim que eu esperava que minhas férias fossem, beleza? Eu deveria estar indo agora mesmo para a casa do Bruce, aproveitar o verão com meu melhor amigo, mas ao invés disso, estou tomando café da manhã antes de ficar preso com o papai em um carro por 4 horas e depois ser obrigado a aguentar aquele cabeludinho de merda por dois meses, Gwen. Dois meses!

Com sua explosão, as feições de Gwen se suavizaram numa expressão de compaixão e ela arrastou os dedos de onde ainda estavam pressionando sua testa até que tocassem os cachos loiros. Finney fechou os olhos e deixou a cabeça tombar sobre a mão da irmã, aproveitando o carinho.

we are who we are | a rinney au!Onde histórias criam vida. Descubra agora