vienna

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CAPÍTULO QUATRO

A semana que se passa é tranquila e sem intercorrências. O episódio nos degraus da escada não é mencionado, mas agora, uma paz silenciosa reina entre Finney e Robin. Eles não são amigos, nem perto disso, mas há uma cúmplicidade tácita que flutua no ar sempre que se esbarram nos corredores ou acidentalmente trocam olhares na mesa da cozinha.

Agora, sem as arestas da ansiedade nublando seus pensamentos, Finney admite para si mesmo que os motivos que o levaram a se esconder na floresta por quase 5 horas seguidas são meio confusos. Ele não sabe o que desencadeou a fuga, e depois de passar os últimos dias sendo subjugado pelos próprios sentimentos, ele acha que merece um descanso e decide não pensar sobre isso.

O fim de semana chega e Alma decide levá-los para a pequena cidade que fica a alguns quilômetros da cabana. Andmouth é um minúsculo condado a noroeste do Alabama, e é tão isolado que Finney leva horas para achar qualquer menção ao lugar no Google. Apesar da óbvia humildade, os cidadãos de Andmouth são receptivos e parecem habituados à presença de turistas. 

Eles tomam café da manhã em um restaurante que lembra aos Diners dos anos 50, e Finney adora. Ele tira fotos dos bancos de couro vermelho e da velha jukebox que acha nos fundos, e aproveita o sinal de internet para enviá-las para Bruce. 

Depois do desjejum, Alma os deixa livres para vagar pela cidade e os diz para encontrá-la no mesmo restaurante ao meio dia. 

Finney é rápido em se distanciar do grupo e ir em direção ao que parece ser o centro da cidade, ignorando o chamado de Gwen para se juntar a ela e Robin, decidindo aproveitar o tempo para fugir dos sentimentos conflitantes que o enchem sempre que vê os dois muito próximos. O centro é apenas uma concentração de lojas de roupas e restaurantes, realmente, mas todo o lugar parece ter sido moldado com base na estética de algum seriado de TV antigo, e para Finney, é como o paraíso. 

Enquanto explora as boutiques, algo lhe chama a atenção. Escondida entre um mercado e uma lanchonete, está o que parece ser uma loja de artigos esotéricos. A fachada é decorada em verde escuro e as palavras "The Speaking Tree" estão gravadas em marrom logo acima da entrada. Mesmo do lado de fora, ele pode ver as enormes prateleiras cobertas com livros, amuletos e cristais que permeiam por toda a loja. Não parece haver ninguém lá dentro, mas a placa de open pendurada na porta é incentivadora o suficiente para fazer o loiro entrar. 

O sino sobre a porta faz barulho quando ele a abre, e o cheiro de especiarias e plantas frescas que enche seu olfato é revigorante. Por dentro, a loja é ainda mais interessante: há cálices que parecem ser feitos de prata com símbolos incrustados na superfície; livros com títulos em latim e tapeçarias que retratam deuses com escrituras em idiomas que Finn não reconhece. 

Ele navega entre as prateleiras averiguando todos os itens que encontra. Um em especial se destaca: um amuleto prateado de aparência antiga em formato de sol,  preso a uma pequena placa de cobre. Ele aproxima o rosto da prateleira na intenção de ver melhor o objeto, e está tão entretido que mal registra quando alguém sai dos fundos da loja.

— É uma peça antiga que você achou aí, garoto. — uma voz áspera ecoa, e Finney pula de susto.

Um homem alto e forte está parado atrás do balcão e olha para o loiro com olhos verdes estóicos. Ele tem uma barba cheia e escura, com nuances de prata, e seus braços estão decorados com tatuagens tribais. Um cigarro descansa preguiçosamente entre seus dedos, e ele o esmaga contra a madeira antes de dar a volta no estandarte e parar ao lado de Finney. 

Ainda atordoado pela chegada repentina, Finney observa em silêncio enquanto o homem estende a mão até a prateleira e segura o amuleto de sol entre os dedos grandes. Ele o gira na palma da mão, considerando, e volta a falar.

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