francis forever

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CAPÍTULO TRÊS

A noite que segue é tensa e desconfortável. Finney faz o possível para se manter longe do quarto, mas quando o relógio bate 1h da madrugada, ele se força a subir as escadas e ir em direção ao lugar que seria seu inferno pessoal pelas próximas quatro semanas. 

Quando entra, Robin já está amontoado na própria cama e Finney pode dizer pelos sons de seu ronco suave que ele está dormindo. Ao que o loiro agradece; ele não sabe se conseguiria lidar com os olhos perscrutadores de Robin agora. 

Calar os próprios pensamentos se mostra uma tarefa quase impossível. A balbúrdia dentro de sua cabeça é ensurdecedora, e sobrepõe os sons calmos da fauna ao redor da cabana. Há uma cacofonia medonha acontecendo em seu interior e nem mesmo a exaustão que o toma é páreo para sua confusão mental. 

Ele passa a maior parte da noite em claro, e quando finalmente consegue fechar os olhos, já se aproxima do amanhecer. Quando a inconsciência se abate sobre ele, Finney sonha com furacões e tempestades de fogo. 

Poucas horas de sono conturbado depois, uma risada estridente o acorda. Finney abre os olhos castanhos e turvos e mira o teto de madeira acima. Ele se dá alguns minutos de contemplação enquanto seus músculos rígidos voltam à vida e considera dormir pelo resto do dia. Ele sabe que não pode, no entanto: se ele não sair da cama agora, Gwen virá e o levará para fora pelos cabelos. 

Com um suspiro derrotado e mais um olhar para o teto, ele pega uma muda de roupas e se prepara para o dia.

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Entrando na cozinha, mais risadas o saúdam. Gwen, Robin e Alma estão sentados à mesa, conversando e desfrutando do café da manhã. Gwen tem as mãos cheias de quesadilla e sua bochecha está manchada de geléia. Ela parece a vontade de uma forma que nunca é quando estão em casa, e Finney agradece que a viagem esteja fazendo bem a pelo menos um dos dois.

Ele sente antes de ver o olhar de seu pai. Encostado na bancada com uma xícara de café, Terrence o observa como um falcão estudando sua presa. De seu lugar na soleira da porta, Finn está escondido das vistas dos outros, mas não das de seu pai. Como sempre, é difícil dizer o que seu pai está pensando, mas ele pode supor que não é nada de bom. 

É o chamado de Alma que o tira do estupor. Em algum momento, ela se moveu para perto da porta e o avistou lá, parado como um idiota e tremendo sob o olhar de Terrencei. Felizmente, ela parece alheia ao seu tormento.

— Finney, querido! O que está fazendo aí sozinho? Venha comer! 

Ela passa um braço por seus ombros e o conduz em direção a mesa, forçando-o a quebrar o contato visual com o homem mais velho.

Gwen pergunta como foi sua noite, ao que ele responde distraidamente, e Robin envia um sorriso em sua direção. Ele o ignora, é claro, mas o garoto moreno não parece ofendido: ele se volta para Gwen e retoma a conversa acalorada que estavam tendo, e nenhum deles olha para Finn pelo resto do desjejum. 

As coisas continuam assim por toda a manhã, com Gwen e Robin parecendo estar agarrados pelo quadril, e a visão dos dois tão próximos deixa um incômodo pesado sob a pele de Finn.

Onde quer que Gwen vá, Robin vai atrás, e quando o início da tarde chega e eles se reúnem novamente à mesa para almoçar, os dois parecem estar mais próximos que nunca, encostados do ombro ao joelho e cochichando um para o outro em meio a risadinhas.

Finn tenta se distrair com as tentativas de conversa da Sra. Arellano, mas mal consegue tirar os olhos do outro lado da mesa, onde agora Robin parece estar mostrando algo para Gwen na tela de seu celular.

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