Taehyung acordou com uma disposição e tanto naquela manhã - o que não era nem de longe algo que acontecia com frequência, momentos como aqueles eram raros e nunca, em hipótese alguma, ocorriam nos dias letivos. Mas aquele seria o dia que a sua pequena mentira abriria portas para uma possível aproximação com o professor de literatura. E estava animado e cheio de energia. Inicialmente assustando seu pai Seungyeol, que estava sempre acostumado com o modo silencioso e taciturno do filho pela manhã. Era deveras preguiçoso, não levantava com facilidade da cama, estranho mesmo era vê-lo levantar mais cedo que o despertador e encontrar o mesmo vinte minutos antes do horário, tomando o café da manhã sem nem mesmo chamar por ninguém. Automaticamente, o alfa da casa, franziu o rosto e se aproximou, pondo as costas da mão direita na testa do filhote, bagunçando os cabelos castanhos e bem arrumados em uma franja.
"Você está bem? O que aconteceu que está pronto tão cedo?" Perguntou, surpreso principalmente com a forma como o uniforme do campus (que quase nunca era usado) estava impecável também, nada fora do lugar, a camisa bem passada, a gravata azul no pescoço e não sobre os ombros, o blazer com todos os botões perfeitamente abotoados. Ele estava impecável, e até mesmo havia colocado os óculos quadrados que sempre odiou. Mostrava com aquele ato que havia dispensado o uso das lentes de contado. Aquilo era estranho. Muito estranho.
Seungyeol nunca havia visto o filho tão arrumado para ir ao campus, ainda que o marido Suhan - seu ômega -, desde pequeno quisesse impor ao filho que ele deveria vestir-se adequadamente em qualquer ocasião. Mas o filhote sempre detestou perder tempo se arrumando, sempre usava qualquer coisa, e nunca deu atenção para a própria aparência.
"Você está com o uniforme impecável também. Meu deus, querido, você está bem mesmo?"
Taehyung se afastou do toque do pai, emburrando-se por ter a franja despenteada, e com cuidado passou os dedos deixando-a muito bem arrumada.
"Estou muito bem, por que o espanto, pai?"
"O que você tem então?" Sentou-se de frente para o filhote, a mesa, intrigado com o modo estranho do filhote. Não era comum ele se importar com o cabelo também. "Amor, desça aqui, nosso filhote está doente ou arranjou alguém 'pra impressionar na faculdade." Gritou, com um sorriso sublime.
Taehyung amava os pais que tinha, a família que possuía. O alfa Seungyeol era um dentista de destaque na região, possuía uma personalidade sólida e calma, tendo sido criado por duas humanas, ensinava todo diferencial e igualdade para o filhote, ajudando-o a construir a personalidade tão agradável que tinha até aquele momento, Seungyeol não era pai biológico de Taehyung, mas cultivava da ideia de que pai fosse aquele quem criava e ele esteve ali desde o nascimento do seu filhote. Suhan era enfermeiro no hospital público da região, um ômega dócil e bastante cuidadoso foi o responsável por passar para Taehyung todo aquela complacência com outros ômegas. Havia engravidado do ex-namorado, este sendo um grande médico que havia contraído uma doença fatal. O hospital em que antes trabalhava era pequeno e a falta da biossegurança colocava não só os pacientes em risco, como os profissionais também. Por um descuido o pai biológico não obteve a oportunidade de sequer saber de sua existência antes de ir a óbito.
"Meu filhote está doente?" Suhan apareceu ofegante na cozinha, com os cabelos esfoçantes e os olhos pequenos e redondos atentos. O jovem alfa só queria sair dali, estava envergonhado. Em sua cabeça não notariam que ele estava aderindo um perfil mais limpinho, cheirosinho e arrumado. "Doente? Ele está é tentando impressionar alguém, está sentindo esse cheirinho? Não é o cheiro dele, é perfume."
"Quem é?" Seungyeol quis saber.
"Não é ninguém. É só que eu vou ser ajudante de um professor e eu achei que seria bom ter aparência de alguém interessado com estudos, 'pros alunos não acharem que estou de bobeira." Murmurou aquela desculpa que estava guardando para dizer a Hoseok, mas naquele momento ele notou que teria de dizer para todo mundo que achasse estranho seu novo visual.
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Vanilla.
FanfictionAquele cheiro não podia ser só uma coisa da sua cabeça. Precisava descobrir porquê ele estava em salas diferentes, e porque vez ou outra ele se fazia tão presente em sua sala de aula, como se estivesse ali também. Aquela questão não perambulou muit...