Prólogo.

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Geralmente quando se é um alfa com os hormônios descontrolados, não é fácil reconhecer uma pessoa pelo seu cheiro, ou, no caso de Taehyung o provedor do aroma envolvente que o deixava meio abobalhado todas as vezes que sentia tal aroma aleatoriamente pela escola.

Taehyung todos os dias, pelo menos, quatro ou cinco vezes, conseguia sentir aquele cheiro suave e adocicado de baunilha. As vezes durante uma aula específica, outras durante um intervalo entre uma aula e outra, também no horário de almoço, e na movimentação aglomerada ao término das aulas.

Em tempos, ele podia sentir durante toda manhã em que passava na sala de aula, mas o cheiro era fraquinho, suave ao extremo, quase não conseguia senti-lo, mas ainda assim o envolvia.

Taehyung nunca havia se interessado por fragrância alguma antes, para usar de sinceridade imensa o alfa sequer havia se interessado por qualquer pessoa um dia. Muito mal recorria a um ômega durante seus cios, poucas vezes havia deixado os remédios supressores para passar o heat com alguém. Contudo, aquele cheiro o deixava intrigado, porque conseguia fazê-lo viajar para outra galáxia, era tão doce, tão sutil, mas ainda assim tão presente e gostoso. Não conseguia evitar o interesse, por mais que tivesse passado quase três meses fingindo que não estava sendo levado pelo olfato. Pois sequer sabia quem podia possuir tal odor, e se não gostasse da pessoa? E se fosse um ômega irritantemente frágil e obediente demais? E se fosse de um cara que o odiava? E se fosse de um ômega chato pra caramba que só de um alfa se aproximar já pensa em ligar para os pais e anunciar que está de casamento marcado com o um alfa de família bem sucedida? O pior... E se esse odor pertencesse a diretora do campus ou a qualquer outra mulher como professora, coordenadora, pedagoga, ou as cozinheiras? Taehyung se arrepiava desconfortável só de pensar na ideia de que estava aberto a qualquer pessoa. Ele não tinha ideia de quem era o dono ou dona daquele cheirinho tão gostoso que o levava quase a insanidade.

Mas mesmo que o alfa tivesse passado tanto tempo fugindo do sentimento que nutria e do interesse que possuía, havia chegado a um ponto onde não podia simplesmente ignorar aquilo. Quando tivera seu heat, que viera fora do tempo que previa, foi aquele cheiro que o despertou, foi o aroma quase alucinógeno de baunilha que se encontrava extremamente forte naquela manhã que o fez sentir que precisava com urgência dos seus remédios.

Taehyung então estava decidido, decidido de que encontraria aquele quem o estava enlouquecendo, aquele quem começava a fantasiar de modo nada apropriado e se apaixonar de forma mais boba e imprudente.

Então, improvisando um plano passou a andar mais pela faculdade, a tentar focar naquele único cheiro e segui-lo, caçá-lo. Mas, no entanto, aquela faculdade era repleta de ômegas com cheiros fortes, ele não conseguiria manter-se focado apenas em um único, quando estava no intervalo com tantas pessoas ao seu redor. Mas, sem desistir passou a pedir para sair durante algumas aulas no decorrer das semanas, encontrando os corredores vazios.

Assim, em uma segunda feira foi levado até a turma A de Letras, Filosofia e Ciências Humanas, onde, achou que o proprietário estaria, pois era muito mais presente, encorpado e forte. Aquele cheiro não podia ser só uma coisa da sua cabeça. Sendo assim, não demorou muito para que Taehyung descobrisse de quem ele era: Jung Hoseok, o professor de literatura.

A início o alfa se negou a acreditar que aquela coincidência podia querer dizer algo ou responder a grande questão que o levava a se questionar tanto. Mas, quanto mais Taehyung se afundava nas buscas e nos encaixes daquele quebra-cabeças, não só seguindo o professor como também reparando no seu cheiro, mais ele se convencia de que Jung Hoseok podia sim ser o provedor daquele aroma.

O alfa nunca fora um aluno com muitas expectativas em matérias humanas, visto que ele fazia faculdade de administração. Isto é, ele era de exatas. Por conta deste fato o alfa nunca havia se dado conta de que Hoseok podia ser quem ele procurava, Taehyung nunca nem mesmo fora de se aproximar do professor. Visto que no máximo passava reto em todas as aulas em que o outro dedicava.

No entanto, para todo o caso, o alfa se encontrava em um dilema irremediável, entre desistir de qualquer interesse no aroma que o enlouquecia devido às normas de proibição de relacionamentos entre professor e estudante, ou, jogar tudo para o alto e simplesmente se entregar e investir tudo que tinha naquela loucura. Pois ele não podia de forma alguma negar que o professor Jung era bonito e um ômega, diga-se de passagem, adorável.

Taehyung era um adulto. Quem sabe aquilo não poderia dar mesmo certo?

Vanilla.Onde histórias criam vida. Descubra agora