4. Tiago

4 2 0
                                    

 A rua era escura, a luz do poste piscava e fazia-se sentir uma aragem fresca e húmida que era capaz de arrepiar a espinha.

Tiago – Até parece uma daquelas cenas de filmes de suspense. – comentou enquanto caminhava sem medo – Ainda bem que a vida não é um filme. – gargalhou baixinho.

 Uma neblina fina começou a surgir e ao longe uma sirene suou, o que fez os gatos vadios fazerem barulho atrás dos caixotes de lixo. Ele olhou na direção do beco escuro e sem admitir que aquela situação toda o tinha deixado tenso, tirou um cigarro do bolso e acendeu-o com alguma dificuldade.

Tiago – A vida não é um filme. – repetiu e sentiu alguém atrás de si.

 Andou até à próxima esquina em passo normal e continuou a sentir alguém atrás de si, então olhou e viu um homem de grande porte ao longe no passeio. Para não se sentir paranoico com a situação, optou por atravessar a rua e continuar o seu caminho.

Tiago – Melhor. – sorriu e voltou a colocar o cigarro na boca.

 Olhou para o outdoor cintilante que exibia a publicidade do filme Hannibal – A origem do mal.

Tiago – Até parece. – riu e atirou o cigarro para o chão – Que filme idiota. – resmungou.

 Nesse momento, percebeu que o homem estava novamente atrás dele e mais perto.

Tiago – A sério? – perguntou incrédulo.

 Virou-se para trás, pronto para confrontar o homem quando viu um reflexo de um faca na sua mão.

Tiago – Vai à merda. – resmungou mudando de direção.

 Ao virar a última esquina antes de chegar ao seu apartamento, acabou por tropeçar num saco de lixo e cair em cima dalgo molhado. Levantou-se rapidamente ao ver o homem se aproximar. Ao se aproximar do poste que mal iluminava a rua, percebeu que estava molhado com algo vermelho.

Tiago – Que porra é esta? – olhou para as suas roupas andando num passo apressado.

 Ao ver a porta do seu edifício correu e rapidamente entrou fechando-a atrás de si. Encostou-se à mesma um segundo e respirou fundo. Subiu as escadas e entrou no seu apartamento.

Tiago – Sophie já chegaste? – questionou ao tentar acender a luz – Não há luz outra vez? – olhou para o interruptor.

 Foi até à cozinha e procurou as velas nas velhas gavetas. Ao virar-se notou uma estranha sombra na janela, então olhou novamente, mas não viu nada. Pousou quatro velas sobre a mesa e encendeu-as com o seu isqueiro. O silêncio reinava o apartamento, até que três toques rápidos soaram na porta da frente.

 Tiago, ignorando os sinais que havia recebido ao longo dos últimos minutos, abriu a porta na esperança de ver a sua namorada. No entanto, encarou um homem grande de casaco e de rosto escondido. Este não disse nada.

Tiago – Posso saber quem você é e por que raio está a seguir-me? – o homem permaneceu em silêncio com ambas as mãos nos bolsos – Não me mete medo!

 O assassino mostrou um sorriso elevando apenas o canto esquerdo do seu lábio. Entrou no apartamento em passos calmos.

Tiago – Saía da minha casa! Eu vou chamar a polícia. – pegou no seu telemóvel.

 O assassino decide ignorar mais uma vez as palavras de Tiago. Assopra com força e todas as velas apagam-se, deixando a casa novamente na escuridão. Sem dar tempo para pensar, ele rapidamente faz uma rasteira e fez com que a vítima caísse ao chão e perdesse o telemóvel de vista. Fechou a porta e amarou a boca dele com uma corda.

 Tiago apenas gemia enquanto tentava se soltar com as mãos. Mas em reação, o assassino puxou a sua faca e passou em ambos os pulsos da vítima.

Assassino – Não vale apena gritar. Ninguém vem te acudir, nem mesmo a tua Sophie. – começou a lacrimejar – Queres dizer mais alguma coisa? Umas últimas palavras, talvez?

 Ele solta a corda por uns segundos.

Tiago – O que fizeste à Sophie?!

Assassino – O que eu fiz? Não será a pergunta, o que tu fizeste?

 Ele aperta a corda novamente antes que ele gritasse. Aperta com tanta força que a sua boca se abre por inteira no rosto, rasgando a sua pele e derramando um mar de sangue. Ele percebe que a guerra estava dada por terminada e deixa-o cair no chão, enquanto as veias dos pulsos respingam como uma fonte. Fita a mesa por uns segundos e o queimado das velas recorda-lhe do bom churrasco que já comeu, e o que vai comer em poucos minutos.

 Esta refeição tinha sido rápida, devido ao facto que o assassino fica aborrecido quando não demonstram medo. Gritos e pedidos por perdão são a sua parte favorita, e apesar das poucas lágrimas soltadas por Tiago, ele ainda assim morreu sem dar muita luta.

 Com a sua faca favorita de trabalho, começou a cortar os membros como sempre fez e meteu os no saco. Deitou o sangue que antes estava no chão pela pia abaixo. E quando acabou a limpeza, aproximou-se da saída.

Assassino – Uma pena desperdiçar o sangue. – murmurou – Mas não sou nenhum animal para estar a comer do chão. – riu-se com o seu próprio sarcasmo.

 Ao sair deparou-se com uma rapariga no corredor. Esta foi bater à porta do Tiago. Três batidas rápidas.

Assassino – Não vale apena bater. Já tentei. Parece que ele fugiu. – sorriu para a rapariga, e por mais que esta achasse medonha a aparência do homem, ela mostrou um fraco sorriso de alívio. 

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Sep 15, 2022 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Assassino às TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora