2. Arthur

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 Quem passava por ele, podia até pensar que era um simples homem de aparência comum, mas mal sabiam eles que este "homem de aparência comum" podia ser o ponto final da vida deles. Foi o que aconteceu com o Arthur.

 Arthur era um homem na casa dos trinta que tinha uma vida simples. Um pequeno apartamento na zona sul, uma bicicleta e um periquito como companheiro, era tudo o que possuía. Isso e a sua rotina nada interessante.

 Todos os dias, acordava por volta do meio dia devido ao seu trabalho noturno num bar, vestia uma roupa que possivelmente já tinha sido usada umas três vezes, dava comida ao seu companheiro de casa, saía na sua bicicleta e parava numa pequena cafetaria para comer qualquer coisa. Tirava um livro filosófico e ficava pelo menos duas horas naquele lugar. Quando terminava saía calmamente e ia para perto do lago até à noite.

 Um dia, depois de ter feito a sua rotina normal, passou por ele o "homem de aparência comum" numa esquina mal iluminada.

Assassino – Ei! – chamou com a sua voz grossa.

Arthur – Hmm. – virou-se.

Assassino – Deixaste cair isto. – mostrou o livro.

Arthur – Ahh, obrigado. – deu um passo e pegou no livro.

Assassino – Devias ter mais cuidado. – avisou – A noite está cheia de perigos. – sorriu de lado.

Arthur – O que é que...

Assassino – Devias ir andando, o teu periquito deve sentir a tua falta. – riu e foi-se embora.

 Arthur ficou confuso, pois como é que aquele homem sabia do seu periquito? Talvez vivesse no mesmo edifício que ele e não soubesse.

 Com esse pensamento, pegou na sua bicicleta e correu até ao apartamento. Assim que abriu a porta, viu que o pequeno pássaro estava morto sem as suas penas coloridas dentro da gaiola. Enquanto isso, o assassino aguardava na cozinha com uma faca sangrenta na mão. Quando Arthur notou a sua presença saltou de cara aterrorizada.

Arthur – Quem és tu e o que queres de mim? Porque lhe fizeste isso? – perguntou nervoso.

Assassino – Eu gosto de seguir os princípios da minha filosofia, caro Arthur. Podemos debater se quiseres.

 Arthur olhou para o seu passarinho e de volta para o assassino.

Arthur – Por favor, já me tirou o que mais amava, não me faça mal.

Assassino – Onde estaria a graça?

 Começou a se aproximar do homem, devagar, enquanto brincava com a faca entres os dedos. A vítima olhou de relance para a sua mochila.

Assassino – O que procuras? Um telemóvel? – riu-se – Não vale a pena. Mesmo que chames alguém eles só chegariam aqui quinze minutos depois. O que me dava tempo suficiente para fazer o meu trabalho e ainda uma rápida limpeza.

 Ele pôs a sua mão esquerda atrás das costas e tirou uma catana.

Assassino – Sabes, adoro experimentar coisas novas. – pôde-se ver o seu sorriso entre as sombras que o grande capucho lhe fazia – E uma catana parece-me interessante... – passou o dedo pela lamina e fez um pequeno corte – Vê como é tão afiada... calculo que já devas saber disso. – olhou para ele.

Arthur – Por favor!! Tenha pena de mim!

A vítima recuou até se encostar à parede. Estava encurralado.

Assassino – Não sou Deus para dar-te perdão pelos teus erros rapaz!

Arthur – Erros? Eu não fiz nada de errado!

 O assassino riu-se, mas depois serrou os dentes.

Assassino – Mentes com todas essas letras. Tu bem sabes o que fizeste.

 Traçou a catana por ambos os punhos do Arthur, cortando-os. Arthur deixou-se cair no chão, enquanto gemia de dor. Sangue espalhava-se pelo chão da sala e o Assassino apenas apreciava. Aproximou-se de uma poltrona e sentou-se.

Assassino – Quando terminares, diz-me.

 Arthur tentou-se levantar, mas estava demasiado tonto. Aos poucos ia perdendo os seus sentidos até que finalmente morreu e se fez silêncio.

Assassino – Ho! O meu segundo som favorito. A morte! – riu-se sozinho.

 Levantou-se novamente e prazeroso começou a cortar as outras partes do corpo de Arthur. Mais uma vez, pôs tudo dentro de um saco resistente e quando terminou de guardar os seus próximos almoços e jantares, limpou o chão.

Assassino – Talvez devesse guardar isto... – pôs a catana dentro da sua proteção que estava no seu grande casaco.

 Ia sair do apartamento, mas voltou a trás.

Assassino – Quase me esquecia de ti. Pobre passarinho, talvez fui demasiado cruel contigo. – ficou pensativo.

 Saiu pelas traseiras um pouco atrapalhado com o peso dos sacos. Aproximou-se de uma grande árvore e cavou um rápido buraco com os seus pés. Deitou o passarinho dentro e tapou.

Assassino – Descansa em paz. – desejou e foi se embora.

Assassino às TrêsOnde histórias criam vida. Descubra agora