Prólogo

425 25 4
                                    

Jamais imaginou que Mônaco um dia viraria um rio. Sim, um rio. As ruas estavam alagadas, os carros pareciam barcos jogando para o lado a água da chuva que acumulava cada vez mais. As pessoas tentaram encontrar maneiras de salvar seus sapatos, porém o horário fechara todos os comércios.

Foi um erro sair de casa. Pierre não deveria ter ouvido a própria mente lhe dizendo que seria legal sair para esquecer os problemas, sendo que encontrou outros problemas bonitos e de cabelos curtos. Seja quem fosse aquela mulher, iria destruir toda sua carreira e deixa-lo na sarjeta. Contudo, ficaria feliz com o resultado.

Tentou mais uma vez ligar o celular, mas estava tão morto quanto à própria vontade de tentar encontrar uma solução além de passar a noite na rua. Era para aquela região está lotada de turistas e táxis dispostos a leva-lo para casa, mas ninguém gostava de chuva e vento frio.

Por que ninguém falou sobre tempestades em Mônaco? Ele jamais havia visto algo igual! Provavelmente fosse o resultado da saída de Charles e Max de Monte Carlo. Os dois começaram um apocalipse e ninguém conseguiria parar o fim dos tempos.

Seus pensamentos foram silenciados por uma figura alta escondendo-se no mesmo lugar que ele. Assim como metade dos desavisados. Felizmente as lojas possuíam um degrau mais alto, e Pierre estava começando a desconfiar que era um jogo cruel do comércio.

Ela sacudiu o guarda-chuva, deixando-o próximo do corpo. Não parecia ter vindo para se divertir como ele, mas não explicava porque sairia às três da manhã. Usava roupas muitos clássicas que as garotas de Mônaco não apreciavam. Segurava uma pasta incomum, muito grande para guardar apenas folhas. Com bastante cuidado, tirou da bolsa o celular e para a surpresa de Pierre estava funcionando.

Talvez se usasse sua lábia sem fim conseguiria tirar Yuki da cama e fazê-lo ser seu motorista de pijamas vergonhoso.

— Que chuva infeliz, e surpreendente.

Ela afastou uma mecha do seu cabelo para olha-lo. Aquele sútil movimento o fez compara-la com uma selvagem na floresta. Não havia nada de errado com seus cabelos, eram loiros, estavam molhados em algumas partes. Um vinco formou-se entre as sobrancelhas delicadas, e ele quase repetiu o ato como uma serpente hipnotizada.

— Eu não fazia ideia que ela viria!

Seu inglês era perfeito, muito melhor daquele que Charles pronunciava e Carlos costumava fingir saber falar. Apesar do sotaque francês se manter, não podia esconder suas origens.

A desconhecida virou o rosto novamente para a rua. Imaginou que buscasse por uma saída para longe dele, além das fronteiras.

Ela não era a mulher mais linda que já viu em toda sua vida, sua beleza era normal, cotidiana, já vira muitas dela passando ao redor. Provavelmente tivesse um nome tão comum quanto sua beleza.

— Seu celular está funcionando? – perguntou apontando na direção da bolsa marrom , ela seguiu a direção do seu dedo, apertando com força a alça – Preciso mesmo sair daqui e não tenho bateria. – mostrou o celular desligado, sinalizando que realmente não queria rouba-la ou fazer algo pior naquela chuva.

O pedido a fez desconfiar, mas moveu-se para lhe dar o aparelho protegido por uma capa esverdeada. Pierre agradeceu com um sorriso, e digitou o número de Yuki.

Foi um golpe de sorte encontrar um colega de quarto que não ganha o suficiente para viver sozinho em Mônaco, só não imaginava que o japonês fosse encontrar uma namorada e destruir a hierarquia.

— Sim?

Uma mulher atendeu e ele sabia que era a namorada do amigo que nunca conseguia lembrar o nome.

Don't Stay For MeOnde histórias criam vida. Descubra agora