Capítulo IV

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Irreversível 

Os lábios de Wooyoung eram macios e quentes. O tipo de sensação que você não sabe o quanto precisa desesperadamente. Até sentir. 

Mentiria se dissesse que nunca imaginou qual seria a textura ou o gosto daquela boca, mas eram ideias profundamente ocultas em seu subconsciente arredio, temeroso de apego.

O ômega separou os lábios e recebeu sua língua e a partir dali havia sido como deixar que uma única fagulha atingisse o chão repleto de pólvora: queimou como o inferno.

Estava consciente de que San ainda estava ali, apenas não ligava para mais nada que não fosse aquele garoto que arfou ao sentir o aperto possessivo de Seonghwa em sua cintura. Embora sempre tivesse sido um defensor de que genes de lobo não influenciavam em nada, em momentos como aquele sabia que o alfa dentro de si buscava o calor de um ômega. Era instintivo, puro e simples.

Enroscou a língua contra a dele, sugando, lutando por um ósculo urgente e necessitado que surpreendeu até a si mesmo. Wooyoung era quente, macio, como se cada mínimo detalhe daquele corpo tivesse sido projetado para atrair suas mãos a tocá-lo. Precisava senti-lo tanto quanto precisava do ar, estava sufocando.

Mordiscou o lábio cheinho, chupando o inferior apenas pelo milésimo de segundo em que os pulmões clamaram por uma lufada de ar, que desceu rasgando o peito, mas não estava minimamente perto de parar. Algo em sua consciência dizia que assim que deixasse uma única gota de lógica respingar em seu cérebro, levantaria dali e iria embora, por isso se ocupou ao beijá-lo arduamente. 

Wooyoung parecia partilhar perfeitamente daquela urgência; subiu em seu colo e ajeitou as pernas torneadas uma de cada lado do corpo do lúpus, que suspirou apenas com aquele contato, afinal, havia algo bem desperto em sua calça jeans que denunciava o quão quente aquele momento estava se tornando.

Ouviu a movimentação, mesmo que quase toda a atenção estivesse sobre outra pessoa. San já não estava mais ao lado dos dois. Agora o outro alfa estava atrás do namorado, sentado na mesinha de centro. Seonghwa percebeu. Abriu os olhos por um curto segundo e foi recebido por aquele olhar intenso. Conhecia o Choi. Havia algo felino em seu rosto, por vezes como um gato, noutras — como naquela —, tal qual um lince: um predador.

Seu lobo não se intimidou, sabia que não era isso que o alfa estava tentando fazer. Na realidade, aquilo apenas o atiçou mais ainda. Sentiu as mãos pequenas de Wooyoung na barra da sua camisa e afastaram os corpos apenas o suficiente para que ela fosse retirada, deixando o tronco do Park totalmente exposto para as unhas afiadas do ômega percorrerem.

Gemeu rouco com aquela ardência que lhe renderia marcas, jogando a cabeça para trás, contra o estofado. Os olhos estreitos ainda estavam em San, que sorriu de lado, como se estivesse sorvendo cada mísera gota daquela cena. Sabia que ele sentia o mesmo que Wooyoung, por isso sorriu de volta, como se o desafiasse a participar. 

A sala estava impregnada de feromônios, não como se lutassem para se sobressair ou mesmo por dominância. Era quase sufocante, inebriante. Impossível de raciocinar. Precisava de mais. 

Inclinou-se para frente, cheirando o pescoço de Wooyoung, beijando. Sabia porque gostava tanto do cheiro dele: se misturava perfeitamente ao de San através da marca. Cheirava a rosas e jasmins. Percorreu o relevo com a língua, a cicatriz que o unia ao Choi, as presas afiadas machucando os próprios lábios quando encarou o outro alfa; viu vermelho.

Enxergou o carmesim das próprias íris refletido no vermelho sangue dos olhos do garoto bem a sua frente: um retrato de como tudo ali era quase primitivo, consumido pelos lobos que buscavam pelo prazer mais carnal possível.

Quit your job, join our emo band [woosanhwa]Onde histórias criam vida. Descubra agora