s o n h o s e p e s a d e l o s

9 1 6
                                    

você coloca
a mão em mim
e sorri
tenta me acordar
mal sabe você que
desse sorriso,
toque
gentileza
quero escapar

preciso escolher
se quebro os sonhos
que acabara de ter
ou se volto a dormir
de qualquer forma,
estou tentando fugir
de você
de mim
de nós dois

você quebra meus sonhos
você pega meus sonhos
você os transforma em
pesadelos
você me deixa paranoica
inquieta
nunca quieta
repetitiva
repetitiva
repetitiva
ofegante

não posso respirar
você não deixa
você me sufoca
você me enforca

estou caindo
na toca
do coelho
ou melhor,
você me jogou
não quer deixar
eu voltar
não quer
me deixar
escapar

você quebra meus sonhos
você prende meus ideais
você sufoca minhas ideias
e inspirações
minhas aspirações
meu futuro
você transforma a
minha inteligência
em ignorância
em dor

caro cérebro,
sou sua prisioneira
e estou cansada
de ser
eu quero entender
por que você me
transformou nisso
você me sufoca
me enforca
me jogou
na toca
do Coelho Branco
quero, de você,
fugir
a mim,
você quer destruir
você me transformou
em medo
ansiedade
e tristeza

você me trata com gentileza
para depois me jogar
numa vala
uma cadeia
caro cérebro,
não quero mais ser
a sua prisioneira
quero piedade
sou prisioneira
daquela que deveria
me ajudar
da minha própria mente
caro cérebro,
graças a você
sou feita de
medo
e ansiedade
de gritos
de choros
não sou sua propriedade
ou meio que estou cansada
de ser
quero entender
o por que você quer
me destruir
por que quero tanto
fugir
e, se eu sou prisioneira
da minha mente
e dela eu quero fugir,
o que eu sou
senão
uma tempestade
criada pela
minha ansiedade?

caro cérebro,
pare de quebrar
meus sonhos
pare de prendê-los
pare de transformá-los
em milhões
de pesadelos

querido cérebro,
querida mente,
que diz ser inteligente
que é inconsequente
que é ignorante
que é um tanto
massante
cara mente,
que me dá medo
que me traz ansiedade
que dá a minha vida
um sabor azedo
que se finge de gentil
que se diz madura
mas que é infantil
que se autodenomina
como minha armadura
mas que, em segredo,
me machuca

cara mente,
caro cérebro,
que me deixa
ansiosa
e medrosa
e chorosa,
por favor,
estou implorando,
não quero mais sentir dor
estou gritando
por favor

querido cérebro,
cara mente
pare de pegar
minha criatividade
e transformá-la
em ansiedade

caro cérebro,
querida mente
graças a você
não sou feitas de
s o n h o s
e ideias
estou mais para
pesadelos
não sou o mar
sou apenas um
dos bilhões
de grãos de
areias
querida mente,
caro cérebro,
sou sua presa
e sua prisioneira
mas de sua cadeia
de sua armadilha
eu quero fugir
antes que você consiga
destruir
o restante dos meus s o n h o s
me deixar mais do que quebrada
estilhaçada
e me transformar inteiramente
em uma sombra mergulhada
em tristeza e p e s a d e l o s

não posso respirar
você não deixa
você me sufoca
você me enforca 
e me transforma
em penumbra
por isso eu sou
tormentos
e sentimentos
massantes
dores
frustrações
não inspirações
e nem ideais
ou sonhos
sou a apatia
a tempestade
que deixa o
mar turbulento

sou o sonhos,
caro cérebro
sou os pesadelos,
cara mente
sou a tempestade
e o arco-íris
graças a você

quinta estação ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora