6: Você parece um búfalo

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– Como isso ficou tão feio? – Sebastian perguntou espantado, seu rosto branco mais sem cor que o normal.

No quarto iluminado pela luz da janela, estava Sebastian, sentado no pé de uma cama na parede, ao lado estava Gabriel, na porta, sem ousar se aproximar, estava Jonas. Longe do barulho animado de conversa fora da casa, estava um ar pesado, quase sufocante e havia no ar um insistente cheiro de bagre.

ATENÇÃO:

[PESSOAS COM TRIPOFOBIA, CUIDADO! Pulem até o fim do aviso.]

Na cama a frente de Sebastian estava o corpo nu e pálido de uma menina, em seu peito, ombros, pescoço, haviam protuberâncias roxas acentuadas, algumas tinham buracos do tamanho de um copo até o tamanho de uma tampa. O mais assustador é que desses buracos não havia sangue algum. Apenas pele escura e roxa, com um cheiro insuportável. Aquela garota era Maria, filha de Jonas.

A pele dela estava putrefazendo.

Como um cadáver.

– Ela não me disse nada… – Respondeu Jonas. – Hoje quando ela voltou pra casa desmaiou, então percebi seu pescoço… Sebastian… salve minha filha…

Maria estava com os olhos fechados, sua pele tava queimando de febre e ela tremia incontrolávelmente.

– Me traga uma bacia d'água quente com panos limpos. Depois vá em casa, busque minha mãe. Diga a ela pra pegar as ervas em uma caixa embaixo da minha cama.

Sem esperar, Jonas fez o que Sebastian pediu. Em um segundo ele trouxe uma bacia de água quente com panos limpos, depois saiu às pressas pra procurar Regina.

Gabriel observou Jonas entrar e sair do quarto, quando ficou sozinho com Sebastian, ele finalmente se aproximou de Sebastian.

– Isso não é uma doença humana. – Alegou com a voz cheia de certeza.

Sebastian se virou e olhou pra ele, o olhar inquisidor. Gabriel no entanto não ficou intimidado, ele continuou a falar:

– O ar não é o mesmo desde ontem. Desde que você acordou. Você não deve ter notado porque faz bem pra você, que é um…

– Pare de falar essas coisas. – Cortou-o sem dar espaço pra Gabriel terminar sua sentença.

É claro que Sebastian tinha percebido. Mas ele queria lidar com isso depois, o fato de um leve miasma estar rodando a vila desde cedo. Hoje todos estavam trabalhando, ele pensou que não seria nada demais. Maria ficar doente, essa situação, levemente lembrou-o de quando acordou na vila.

Naquele tempo… era fácil as pessoas serem afetadas pelo ar de miasma e energia ressentida, muitos morriam de doenças, era algo natural. A um tempo ele conseguiu dar um jeito nisso, por sorte as pessoas não ficavam mais tão doentes a ponto de morrerem. Foi um choque pra Sebastian perceber, que de alguma forma, o ar havia mudado.

Ele molhou o pano na bacia de água quente e começou a lavar os buracos incertos na pele de Maria.

– Você não vai conseguir curar ela assim.

Sebastian não deu ouvidos e continuou lavando o corpo pequeno da jovem que soltava gemidos de vez em quando. Como ele poderia não saber disso? Ele tinha um sexto sentido, quase era um vidente. Podia sentir que Maria estava morrendo. Que iria morrer. Mas como Sebastian poderia aceitar isso sem tentar nada?

Gabriel olhou o rosto de Sebastian, vendo o quão designado esse demônio estava para curar uma simples humana.

Ele era mesmo um demônio? Que tipo de demônio faria isso. Não, deveria ter outro motivo.

Herege Das Trevas (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora