5: Quer cozinhar pra mim?

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Revira e mexe, Sebastian mal pregou o olho e já estava acordado quando o Sol nem tinha dado as caras. Só se levantou quando a luz do quarto não contava mais com a lamparina e sim com a luz da manhã que entrava pelas telhas e janela da casa.

Ainda sentia uma leve dor no peito quando se sentou na cama, seu rosto parecia incerto, tinha olheiras profundas abaixo dos olhos, o cabelo cacheado volumoso e bagunçado.

Olhou de relance pra pessoa do seu lado e saiu da cama, ele se alongou e espreguiçou. Estava acostumado a fazer isso toda manhã e hoje não seria diferente, apesar de que se sentia cansado e sem energia já pelo começo do dia.

Seu próximo passo seria apagar a chama da lamparina na mesinha do quarto, quando o fez, olhou atentamente pro rosto adormecido de Gabriel.

Incoscientemente isso também tinha se tornado parte de sua rotina. Antes de sair ele parava um pouco e observava aquele rosto angelical. A pele negra e áspera, as sobrancelhas grossas, o nariz grande e redondo, queixo bem marcado e quadrado, seus lábios cheios que pareciam macios... Aquele cabelo cacheado em um montinho em sua cabeça... Sebastian gostava desse Gabriel adormecido.

Porque esse Gabriel parecia tranquilo, não falava muito, era uma beleza que vale a pena olhar. Quando Sebastian estava com raiva ele até poderia esquecer seus motivos olhando esse perfil belo.

Sebastian se aproximou da cama e agora que estava perto pôde ver que Gabriel não parecia tão tranquilo dormindo. Seu rosto estava brilhando de tão oleoso, sua testa escorria de suor e estava fortemente franzida.

- Isso tá queimando! - Exclamou Sebastian quando aproximou a mão do rosto de Gabriel e a retirou rapidamente.

Desviando o olhar, ele parou no pescoço de Gabriel e descobriu a causa.

Como ficou horrível assim?

O pescoço de Gabriel estava inchado, seria fácil pra encontrar a causa mesmo pra quem não tivesse habilidades médicas, não era por outro motivo se não a mordida que Sebastian deduziu ter feito ele mesmo noite passada quando estava "dormindo".

- Gabriel? Você está me escutando? Gabriel?!

Se Sebastian estivesse certo, a ferida em suas costas também estava inflamada. Sim, aquele corte ainda não havia sarado mesmo que os outros machucados já tivessem melhorado, aquela ferida ainda tinha um pano para curativo cobrindo-a.

E a mordida em seu pescoço não estava melhor que aquela ferida em suas costas.

De repente Sebastian se tornou vigoroso e saiu quase que correndo do quarto. Ele voltou um pouco depois com uma bacia de água. Como no primeiro dia que cuidou de Gabriel, Sebastian fez remédios, pegou panos e cuidadosamente se pôs ao lado de Gabriel.

Por sorte a mordida não estava tão ruim, Sebastian apenas passou uma pomada ao redor dela.

Ele também teve que sentar o corpo de Gabriel pra trocar o pano que cobria a ferida nas costas e passar remédio. Como nos outros dias, Sebastian também o limpou devidamente.

- Gabriel? Gabriel? Ei?

Sebastian tinha que acorda-lo pra tomar remédio. Contanto que ele acordasse...

Mas Gabriel não acordou.

Sebastian começou a pensar, ele não queria fazer o que fez naquele dia pra Gabriel tomar remédio, porque ele tinha percebido o quão impróprio era ter essa aproximação de outra pessoa e ele não queria se meter mais com Gabriel.

No entanto, aqui se tratava de sua saúde. Se tratando de saúde, Sebastian levava muito a sério e já que não tinha muito o que fazer ele teria que suportar isso.

Herege Das Trevas (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora