1 - Floresta do decesso

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[decesso significa falecer/ desaparecer]

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✧Cidade dos caçadores fantasmas, Ethan.

Vindo da sala dos assuntos oficiais, ouvia-se constantemente gritos de discussões. Bem a baixo das escadas que levava ao grande salão jurídico estavam alguns dos caçadores fantasmas mais importantes da cidade cuidando de seus próprios assuntos.

De vez em quando eles desviavam os olhos pra porta de madeira pesada que trancava o salão acima das escadas. Esse tipo de coisa foi repetido várias vezes durante a semana, o filho do chefe da cidade, Gabriel, vinha todo dia atormentar seu pobre pai e virava a principal sede da associação fantasma de cabeça pra baixo. A princípio os funcionários nem se incomodavam por isso, pelo contrário, eles achavam bom!

Presos a sede o dia inteiro lidando com trabalho, fazendo papéis com sigilos de proteção e feitiços, quem não gostaria de ver o chefe tendo uma discussão familiar? Eles podiam passar o dia fofocando sobre isso, não era uma dor de cabeça!

No entanto, atrás das portas fechadas do salão, sentado em uma mesa grande e oval estava Gabriel, seu rosto parecia péssimo. Sentado na ponta da mesa polida em madeira de finíssima qualidade estava outro homem que parecia mais velho, ultrapassando os 40 com a mão na testa sentindo uma extrema dor de cabeça.

O salão era enorme, nas paredes estavam pinturas com quadro sob óleo de homens notórios na história da associação fantasma, bem próximo ao meio do salão estava a pintura daquele homem mais velho sentado em uma posição imponente da mesa.

– Pai você não pode deixar isso continuar! Eu tenho provas o suficiente de que os demônios estão tramando algo na fronteira, por quê você não acredita em mim? – Gabriel falou grave.

O homem continuou com a cabeça baixa, os olhos fechados enquanto as veias da mão que segurava sua testa se prostavam proeminentemente. Sua pele era escura, da mesma tonalidade que a de Gabriel e os cabelos em sua cabeça eram crespos e negros com alguns fios brancos devido a idade.

– Tem sido sempre assim! Aquelas pessoas fora da muralha tem sofrido constantemente, o que a gente tem feito? Somos seletivos, dizendo que protegemos a humanidade mas deixando eles a própria sorte! Enquanto isso os demônios estão ficando mais fortes!

– Chega, Gabriel! – O homem se levantou da cadeira, um som alto soando pelo salão quando suas mãos bateram na mesa. – O que você acha que podemos fazer? As pessoas fora da muralha são como um sacrifício pra eles não nos causarem problemas! Você não pode mudar o mundo sozinho!

Ao ouvir o pai rugindo com raiva, Gabriel ficou com ainda mais raiva, se levantando e pegando um papel que estava diante dele na mesa, o estendendo com as mãos bem levantadas pra que seu pai visse atentamente.

– Isso! Uma única pessoa conseguiu fugir e pedir ajuda ao Reino humano dizendo que viu mortos vivos andando, não estávamos lá, 4 cadáveres estraçalhados no local, talvez uma vila inteira com pessoas sumiu! – Gabriel apontou os dados no documento. – Eles estão tramando algo e você vai fingir que não está vendo?!

– Meu filho você ouve o que está dizendo? – Chavier saiu de seu lugar e atravessou a mesa, andando até estar ao lado de Gabriel. – Não há provas reais, essas devem ser mais algumas pessoas que foram vítimas dos demônios e não monitoramos as vilas fora das muralhas, não sabemos nem se tinham pessoas lá!

Sem acreditar, Gabriel olhou pro seu pai espantado. O tom de Chavier poderia ser calmo mas ele não se sentiu nem um pouco tranquilo. Como seu pai poderia ignorar tudo que ele estava dizendo?

Herege Das Trevas (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora