See Your Smile Again

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Estava frio, Darius, Hooty e Eberwolf vigiavam para se certificarem de que a base permanecia em segredo. Faltavam dois dias, Eda não sabia se era suposto se sentir felicíssima por existir um plano e não estar tudo totalmente perdido, ou se era suposto se sentir aterrorizadíssima por não saber se tudo iria funcionar.
Não lhe tinham dado informações concretas ainda, só sabia que iria ser uma peça crucial no tabuleiro para que toda a jogada desse certo.

Existiam poucas mantas, visto que foi um abrigo feito à pressa. Não que se estivesse a passar por uma semana carregada de temperaturas baixas, simplesmente nesta altura do ano a amplitude térmica nas ilhas chegava a valores exorbitantes, de manhã, era autêntico dia de praia, sendo de noite, o clima perfeito para nevar.

O único calor que tinha era a proximidade com o corpo pequeno de Luz. Abraçava a morena e ela abraçava-a de volta deitadas sobre aqueles lençóis brancos. Gostava de lhe afagar os cabelos curtos, e a latina gostava de sentir os dedos finos da mulher a deslizarem no seu couro cabeludo. Dava a vida por momentos como estes, e se tudo desse errado se marterizava para sempre por nunca mais poder ter nem que sejam cinco minutos assim com a garota.

Luz andava tensa, não gostava de a ver assim, notou-se ainda mais enquanto esculpiam juntas o palismã dela. Bastou um pequeno erro para fazer rebentar a barragem que segurava o rio de lágrimas. Eventualmente conseguiu acalma-la, só sabia que não iria durar tanto tempo. Mas nestes momentos o stress parecia se desvanecer por completo do corpo da mais nova deixando-a dominada por uma calma imensa. Edalyn lembrou-se do sorriso que Luz tinha sempre colado ao rosto quando o voltou a ver junto a seu peito. À algum tempo que a Noceda não lhe exibia os dentes brancos numa expressão de alegria tão profunda.

Gosto quando você dorme junto a mim.

A Clawthorne não conseguiu evitar o sorriso aberto a rasgar-lhe os lábios.

Ajuda com meus pesadelos. — Desde do dia em que ficou presa no local mais assustador que já alguma vez conheceu, aka mente do Imperador, que tem tido problemas a dormir. Seus pesadelos eram ainda mais recorrentes e cruéis.

A mulher também não gostava disso, quando viu Luz ter uma crise de choro e pânico em seu colo fez seu coração doer, afinal ela não passava de uma criança, certamente não merecia enfrentar coisas tão duras. Só desejava que tudo acabasse por dar certo, não fazia isto pelas ilhas, fazia isto por seus filhos, porque eles mereciam uma realidade melhor.

Você acha que vai correr tudo bem? — Questionou à mais velha demonstrando suas dúvidas. Aquilo com certeza fez seus olhos se arregalaram e seu estômago dar algumas voltas.

Estranho... Nem ela mesma sabia. Abraçou a morena com mais força, ato que foi-lhe logo correspondido.

Se quer que seja honesta... Não sei. — Coçou a nuca. — É esperar para ver.

Quem-lhe dera que a espera a tivesse avisado.


Dor. Imensos dejá vus dominavam sua mente à medida que a mulher entrava naquela casa. Era difícil, nunca pensou que ali voltaria a estar sinceramente. Deslizou a cabeça dos dedos pela mesa de madeira branca avivando com cada toque sua memória. Todas as coisas que tinha vivido ali, as paredes continham tanta história, insignificante para o mundo, importante para ela. Os pais permaneceram em silêncio agarrados um ao outro enquanto viam os olhos da filha explorar o local.

Estava absebílica, parecia que tinha algo comendo suas palavras antes que elas saíssem cortando-lhe a fala. Foi assim que atravessou o corredor que encontrou seu antigo quarto, estando tudo na mesma forma que o tinha deixado à tantos anos. Todos aqueles posteres de filmes antigos, os pacotes de comida — agora estragada — que guardava de baixo de sua cama para comer à noite. As estrelas penduradas na parede reluziam com a luz do Sol vinda da janela semiaberta na parede onde a cama estava encostada, suspirou.

Olhou as paredes mais uma vez, as do seu quarto tinham uma particularidade que não encontrava em mais lado nenhum. Pousou as mãos sob os arranhões na madeira ainda não acreditando que sua mão que na altura era tão magrinha foi capaz de fazer aquilo. Seu estômago se contorcia e respirar se tornou uma tarefa difícil.
Se sentou com cuidado sob a cama feita, não se lembrava de a ter deixado assim.

Parecia que um oceano estava caindo sobre si afogando-a em seus receios. Claro que estava feliz, tinha seus pais com ela, mas algo ainda a comia por dentro.

Onde estão todos?

Se abraçou e comprimiu os lábios, sentiu o ardor escorrer por sua garganta e cerrou os olhos. Por muito que tentasse era lhe impossível superar tudo. Que sentimento era este? Era muito mas muito mais fundo que tristeza, era amor.

A mãe bateu na porta suavemente e imediatamente foi-lhe dada licença para entrar. Eda elevou o sobrolho ao ver a caixa que sua mãe trazia nos braços, Gwen se sentou ao lado da filha entrelaçando sua mão com a dela.

— Um guarda veio aqui entregar isto hoje. — Ela ficou imóvel durante alguns segundos.

Abriu a caixa, seu coração prestes a sair-lhe pela boca. Eram seus pertences! Tudo o que lhe tinha sido confiscado. Estava lá tudo, desde o que precisava ao que não voltaria a ver. Sorriu e sua expressão de felicidade encheu o coração de Gwendolyn. Remexeu a caixa encontrando a foto do Grom que tirou com King e Luz, suas bochechas levemente rosadas, com Luz a abraçar-lhe o pescoço puxando a junto para si, King felicíssimo com o microfone quase do seu tamanho. Levou a imagem a seu peito avivando a memória, abraçou-a, abraçou-a quase como se o objectivo fosse que aquele pedaço de papel fizesse parte da sua constituição. O problema é que fazia, aquela foto resumia sua felicidade naquela momento. Continuava remexendo em tudo, encontrou alguns livros seus, mudas de roupa, entre muitas outras coisas pessoais. Quando retirou tudo meio apressadamente algo lhe chamou à atenção, aquilo não era seu.

Seu sorriso imediatamente murchou, tal e qual um girassol quando o Sol desaparece dos céus, a diferença é que este Sol não aparece à algum tempo. Entrou num estado extremo de negação, agarrou no objeto em suas mãos e sua visão imediatamente ficou turva, a água destorcia-lhe a imagem à medida que suas lágrimas caíam sobre o medalhão dourado com alguns arranhões. Aquilo era a coleira de King. E-era impossível. Até hoje o pequenino Titã nunca tinha retirado aquilo! Só podia significar uma coisa...

Que o que mais temia tinha se confirmado.

Soltou um grito desesperado e doloroso e seu pai rapidamente correu até ao quarto, sua mãe ficou sem perceber o que se tinha passado, puxou a filha até si fazendo-a chorar em seu ombro enquanto massajava suas costas.

— Edalyn o que se passa?! — Praticamente gritou.

— Eles morreram mãe! Morreram e a culpa é toda minha!

mama eda;Onde histórias criam vida. Descubra agora