capítulo 4

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— Mestre Jean, você e a senhorita Lisa estão namorando? — Perguntou Klee, sonolenta. — O-o quê? Klee, de onde você tirou isto!? — Pergunto até alto demais, desde quando ela sabe sobre esses tipos de coisa?

Antes mesmo que ela pudesse responder, Klee já estava dormindo novamente. Resolvi não falar mais nada, quando estamos com sono, falamos coisas sem sentido. Fechei a porta do quarto suavemente enquanto a encarava mais uma vez, Lisa e eu passamos esta impressão? Nós realmente parecemos um casal?

Caminho até a sala de estar, a vista da varanda estava linda. O céu estava lotado de estrelas, Mondstat realmente é uma bela cidade. Eu estava com fome, então fui fazer uma refeição rápida. Poderia ser um macarrão... Talvez arroz e bife? Ou quem sabe uma salada natural de repolho, cenoura e rabanete? No dia seguinte eu teria que trabalhar novamente, e amanhã a biblioteca de Lisa estaria aberta. Ou seja, não receberia nenhuma ajuda, será igual a todos os outros dias.

Resolvi fazer um arroz com bife e ter uma janta leve. Eram oito horas da noite, eu não costumava dormir muito cedo por conta dos milhares de trabalhos que deveriam ser feitos. Solto um suspiro, acabo pensando novamente no que Klee disse. "Você e a senhorita Lisa namoram?" Dou mais uma garfada em minha comida, que tipo de impressão passávamos? Em minha cabeça, nós apenas parecemos amigas próximas. Talvez a sociedade ache isso porquê Lisa vive flertando com as pessoas? Talvez porquê ela sempre está ao meu lado?

Pessoas julgam situações sem nem mesmo saber o que está acontecendo, eu não considero Lisa como alguém tão próxima assim... Não em sentido romântico. Espero que ela também não me considere desta maneira, pois nem mesmo tenho tempo para mim mesma. Amar também acaba se tornando um compromisso depois que você assume a relação. Já vi muitos casamentos serem acabados por causa da falta de paixão. Você sabia que a paixão é algo temporário? É como uma explosão de sentimentos que ao longo do tempo vai baixando a intensidade, mas que nunca deixa de existir. Muitas pessoas confundem isto como falta de sentimentos, o que acaba destruindo o relacionamento que foi construído por anos e anos...

Percebo que meu prato já está vazio. Me levanto e o coloco na pia. Depois eu lavo isto... Dou mais um suspiro e vou para a varanda, abro as cortinas e observo as estrelas. O vento fresco batendo em meu rosto e as pessoas caminhando pela cidade, momentos antes de recordar a necessidade de concluir mais e mais tarefas. Quando limpamos nossa mente, nós realmente nos sentimos livres. Junto minhas mãos em frente ao peito e começo a agradecer ao Barbatos. O Deus da Liberdade. — Que minha vida se livre de coisas ruins com o vento que sopra a esperança e paz... — Falo baixinho enquanto fecho os olhos.

Sinto o vento aumentar e soprar meus cabelos para trás, ainda permaneço de olhos fechados. Sinto que minha benção foi escutada. Solto as mãos e entro para dentro de casa novamente, minha casa estava rodeada pelo silêncio. Não tenho muitas coisas para fazer agora, apenas dormir, acordar, trabalhar e lembrar que preciso dormir outra vez. O ciclo inquebrável. Desligo às luzes e vou direto para o meu quarto. Coloco um pijama e deito em minha cama. Não vou mentir, eu não estava com sono.

De repente, sinto meu celular vibrar, ah, eu havia me esquecido de desligar ele. Eu o pego e ligo, quem teria me mandado mensagem a essa hora?

[ 3 mensagens não lidas ]

Lisa: Olá querida, já chegou em casa?
Lisa: Perdoe-me por ter te abandonado no meio da rua, aconteceu um imprevisto.
Lisa: Ah, e boa noite ;)

Lisa realmente é uma boa pessoa, sinto um sorriso formado em meu rosto, é raro alguém mandar mensagem com tanta preocupação desse jeito.

[Modo Mensagem]

Você: Obrigada, Lisa. Estamos em casa sim. Klee já está dormindo como um bebê... Você também está em casa?

Lisa: Na verdade eu estou sentada aqui na Taverna. Não pode vir beber uma? 😆

Você: Klee já está dormindo, haha! Mas eu aceitaria se amanhã não tivesse trabalho. Prefiro não ficar de ressaca.

Lisa: Tudo bem, qualquer coisa estarei aqui 😉

Você: Lisa, posso fazer uma pergunta? Pode soar um pouco esquisito, mas é algo que Klee havia me perguntado...

Lisa: Claro, o que aconteceu?

Você: Klee me perguntou se estávamos namorando. Você acha que passamos a impressão de estarmos namorando para as outras pessoas?

Lisa: Ah, bem, isto foi meio imprevisto. Creio que somos algum tipo de amigas próximas...? Mas se eu fosse outra pessoa, diria que sim, nós parecemos um casal.

Você: Ahh, tudo bem! Boa noite, irei dormir.

Lisa: Boa noite, querida. Durma bem ;)

[Modo normal]

A conversa havia se encerrado. Então a pergunta de Klee não foi nenhum tipo de baboseira... Bem, só espero que isso não se torne algum tipo de boato maldoso. Sei que Lisa e eu nunca ficaríamos juntas, e também, não possuo vontade de estar com ela. Ao pensar nisso, senti algum tipo de vazio. Eu não gosto da Lisa, não desta forma. Mas este pensamento soou como uma mentira, eu senti isso.

Se eu tivesse algum sentimento amoroso, meu coração daria algum tipo de palpitação, mas nada ocorreu. Não somos nada. Apenas colegas de trabalho. Talvez a busca por algum amor seja realmente difícil de ocorrer, mas em algum momento, sei que encontrarei a pessoa certa.

Coloco o celular na bancada ao meu lado e fecho os olhos. Tento não pensar muito nisso até que eu durma.

[Esta parte vai rodar em torno da vida de Lisa...]

A Taverna não estava tão lotada. Talvez porquê fosse segunda-feira, dia onde todos começam a trabalhar e precisam se recompor para o dia seguinte. O que Jean quis dizer com isto? Se realmente parece que estamos namorando?

Sinto minhas bochechas formigarem, o que Klee estava querendo pensar sobre nós? Eu vou admitir algo no momento, talvez eu realmente sinta algo a mais por Jean, mas não vou me afundar, sei que nada vai acontecer entre nós. Não tenho problemas em me relacionar com as pessoas, mas se apaixonar justo por uma pessoa que não sente nada por você? É doloroso, por isto eu estou na Taverna, vai ver que eu encontre alguém?

— Procurando pretendentes novamente, Lisa? — Escuto uma voz atrás de mim, ah claro, era Diluc, o dono da Taverna. — E você que não tem ninguém? — Dou uma pequena risadinha, Diluc e eu nos encontrávamos de vez em quando na Taverna, batiamos um papo e então eu precisava ir embora. — Hah.. Mas não encontrei ninguém interessante hoje, vou ter que procurar novamente. O garoto que iria vir em um encontro comigo disse que não poderia vir. Já removi ele da lista. — Digo em um tom divertido. Diluc faz uma cara de deboche, ele estava servindo um vinho em uma taça de vidro.

— Tome, é por conta da casa. — Diluc entrega em cima do balcão, dou uma piscadinha e bebo um gole. — Me diga, você não está afim de Jean? O que está tentando fazer? Não poderá fugir para sempre, e não vai ser a bebida que vai lhe fazer esquecer de tudo. — Disse Diluc com um tom frio, como sempre. Eu não gostava de admitir que ele estava certo sobre isso, mas ele tinha a total razão. — Porque este é o jeito que encontrei de me livrar da dor, Diluc. Assim como você fez com Kaeya, não foi? Vocês se afastaram, e esse é o jeito que você encontrou para amenizar a dor. Todos nós temos problemas. — Finalizo minha bebida rapidamente.

Diluc permaneceu em silêncio com os braços cruzados. — Mas mesmo assim, obrigada por me "acompanhar". Até algum dia! — Levanto e dou um adeus com as mãos, ele acena de volta. Pelo menos ele me entende. Acho que até mesmo as pessoas mais românticas tem problemas com amor.

A única opção restante foi ir até em casa e dormir, pois amanhã, já teria que correr atrás de quem não devolveu os livros na data correta.

Poção Incurável - Lisa e JeanOnde histórias criam vida. Descubra agora