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"- Feliz aniversário Fedya! - dizia Nikolai enquanto pulava em cima de Fyodor o abraçando - agora você já tem 7 anos, tá ficando cada vez mais velho! - o garoto dizia rindo essa última parte.

- Ah, obrigado kolya... - Dostoevsky diz tentando recuperar o equilíbrio após ser quase derrubado com o abraço repentino do outro. - Ei, você vai estar comigo sempre certo?

- Por que a pergunta agora Fedya? É claro que sim! Seremos amigos sempre! - a criança de cabelos platinados diz apertando ainda mais o abraço no outro

- Ah nada não..."

É Nikolai, quem diria que dez anos depois não iríamos saber nem se o outro continua vivo... Mas não me arrependo de nada, talvez tenha sido melhor eu não ter te avisado que iria pra outro país, se você soubesse, acredite, teria sido muito pior, quem sabe a gente nao se reencontra não é?
Não sei se você ainda lembra de mim, muito menos se lembra que hoje é meu aniversário, mas hoje faço 17 anos, dez anos depois de eu te deixar sem falar nada, você ficou bravo comigo por isso, Kolya?

- FEDYAA - Fyodor foi interrompido de seus pensamentos por gritos de um jovem cheio de bandagens ao redor de seu corpo.

- An? Oi Dazai - o russo diz com sua expressão calma de sempre

- No que estava pensando? - Dazai demonstrava certa curiosidade sobre o assunto que havia deixado seu amigo nas nuvens, pois ele nunca se deixava distrair-se tão facilmente, aliás o professor ainda estava dando aula.

- Ah, nada não, só lembrando de umas coisas...

- Aah não sabia que você podia ser tão misterioso com coisas de seu passado, aliás, você nunca me contou muito sobre porque saiu da Rússia e veio para cá.

- Sinceramente, nem eu sei, mas foi algo necessário, só isso que posso te dizer.

A conversa dos dois amigos veio ao fim quando o professor chamou a atenção de ambos por estarem conversando durante a explicação, o que foi uma surpresa para seus colegas, pois Fyodor era, realmente, um bom aluno, sempre prestava atenção na aula e nunca foi chamado atenção por estar atrapalhando, em todos os anos que esteve no colégio, essa foi a primeira vez, e o russo esperava que fosse última, que algum professor reclamou com ele por estar conversando na aula.

"Droga Fyodor, por que você tinha que estar tão distraído? Se você não estivesse lembrando do seu passado você não teria sido chamado atenção e justamente no dia do seu aniversário! Espero que isso não volte a se repetir." Dostoevsky se culpava mentalmente pelo pequeno "incidente", normalmente Osamu levava a reclamação sozinho por supostamente estar tentando atrapalhar o amigo, mas dessa vez ambos foram chamados atenção, sendo uma surpresa até para o professor, já que não esperava que fosse justamente o russo que estaria conversando com Dazai durante sua explicação.

O tempo foi passando com a aula seguindo normalmente, e assim o restante do dia se seguiu. Um pouco antes da última aula Fyodor decide ir até a varanda mais próxima de sua sala, não estava mais aguentando seus colegas fazendo bagunça enquanto esperavam a próxima aula começar. O rapaz saiu de sua sala e começou seu caminho até a varanda, porém era um caminho relativamente extenso, considerando que até seu o local passava na frente de outras salas, da direção e dos banheiros. Durante seu caminho, Dostoevsky nota um rapaz alto de cabelos platinados na porta da direção esperando para conversar com a diretora.

"Esse cara é familiar, ele lembra levemente o Nikolai... Mas não tem como ser ele, o kolya NUNCA viria ao Japão, nem ele nem sua família pretendiam se mudar para outro país, deve ser só uma coincidência mesmo, afinal não deve ser tão difícil de ver um cara alto com longos cabelos platinados... Certo?" Fyodor pensava consigo mesmo, tentando se convencer de que o, até então garoto desconhecido, não era seu antigo amigo de infância. "Vou continuar meu caminho, porque se ele me ver aqui parado olhando para ele vai me achar um louco." Então ele volta ao que estava fazendo antes de ver o jovem, porém a diretora aparece e chama o rapaz para entrar em sua sala, agora que não tinha mais como alguém ver Fyodor ali, o mesmo decide que iria escutar a conversa deles, para pelo menos conseguir uma confirmação se é o seu querido amigo ou não.

Minutos escutando a conversa dos outros dois ele finalmente ouve algo de seu interesse "[...] Bom, Nikolai, já que você chegou hoje, suas aulas começam amanhã. Acredito que já te mostrei qual será sua sala, certo?" "Ah sim, você já me passou todas as informações necessárias, obrigado! Te vejo amanhã então!" E assim Fyodor escuta passos indo em direção a porta, sendo essa sua deixa. O jovem russo correu mais do que deveria para adentrar o banheiro o mais rápido possível, não queria ser visto espionando a conversa alheia.

"Não pode ser... É realmente ele, mas o que ele estaria fazendo aqui? Tanto lugar no mundo para ele ir, por que justo aqui? Por que eu tinha que o reencontrar agora? Eu fui embora para evitar que coisas ruins acontecessem, agora com você aqui não sei como fazer, droga Nikolai! Por que nós sempre temos que nos encontrar?" Fyodor estava desesperado, ele gostava de saber que seu antigo melhor amigo estava novamente no mesmo país que ele, mas isso o causava angústia, lembrava do porquê dele ter saído de seu país natal sem o avisar nada, ele tentaria, de qualquer forma que conseguisse, evitar Nikolai. Sua vida acabava de se tornar novamente uma bola de neve, os problemas com sei pai voltariam e tudo isso tinha nome e sobrenome, Nikolai Gogol.

Gogol nunca soube o motivo de seu amigo ter o abandonado assim do nada,  e isso o afetou durante muito tempo, mas agora, depois de tantos anos, ele sequer lembrava de quem foi esse garoto que costumava ser tão próximo antes, não possuía mais nenhuma lembrança sobre ele, todos os seus momentos juntos, seu nome ou até sua aparência, tudo havia sido esquecido, era capaz de ser dito que isso nunca havia ocorrido, é claro, se o outro também houvesse esquecido, o que não aconteceu, pelo contrário, na mente de Dostoevsky todas as memórias continuavam vivas e isso o deixava com saudade, mas ainda não estava preparado para voltar a viver isso, sabia exatamente as razões de seu pai, não entendia, mas sabia, para ele não fazia sentido seu pai ter os separado apenas por algo bobo, mas sabia que isso continuassem lá era capaz de acontecer algo bem pior, e ele não queria que o outro sofresse.

"Não posso ficar aqui o dia todo, preciso voltar para minha sala, afinal, ainda tenho uma última aula" Fyodor suspirou e lavou seu rosto, assim seguindo seu caminho de volta para a sua sala, mas estava tão distraído que nem notou quando se esbarrou em alguém.

— Aí! – Fyodor exclama não pela dor, mas pela surpresa de ter se chocado contra outra pessoa. — Ah diretora perdão! Não tinha te visto, eu sinto muito por ter me esbarrado em você! – quando finalmente nota em quem havia se esbarrado, ele em entra em desespero, não sabia o que iria acontecer agora.

— Ah Fyodor, não foi nada! Não se preocupe, acidentes acontecem. Aliás estava procurando por você, amanhã um aluno novo irá frequentar a escola, e por ele estar na mesma sala que você, achei que seria a pessoa ideal para apresentar a escola para ele. Seu nome é Nikolai Gogol, assim que chegar procure por ele em minha sala! – dito isso a diretora se despede, deixando um Fyodor em pânico congelado no meio do corredor.

— Droga! Por que justo eu?! – Fyodor fala pra si mesmo, sabendo que não obteria resposta já que a mesma havia se retirado poucos minutos depois.

————

Bom, esse primeiro cap foi mais introdutório e um pouco menor do padrão que os outros irão ter.
Muitas coisas irão ser explicadas ao decorrer da história e sua atualização não será regular, afinal não consigo escrever todo dia, mas tentarei ao máximo atualizar quando puder

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⏰ Última atualização: Oct 27, 2022 ⏰

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