who's afraid of little old me - SKY

02. My tears ricochet

        Eu passava a mão por minha saia a todo instante, nervosa por estar no meio de uma festa. Sentia os olhares da maioria dos alunos em mim, os julgamentos e todos os insultos. Mas eu tinha apenas um pensamento sobre tudo isso. Por que eu? Tudo aquilo que sabem não foi escolha minha, não fui quem quis machucar os sentimentos da minha melhor amiga, quem congelou a tutora ou roubou um livro de magia proibido. Mas é isso que sabem, foi isso que todos viram e escutaram.

        Ao longe, avistei Musa e Terra discutindo, então preferi manter distância, não querendo me envolver na briga das duas. Senti uma mão em minha cintura e logo me virei confusa, vendo Riven bebendo. O especialista tinha um sorriso de lado brincando em seus lábios e isso me fez revirar os olhos.

        – Se perdeu de novo e não achou suas colegas de quarto? - o moreno perguntou sorrindo e eu tirei sua mão de minha cintura.

        – Eu achei elas. Mas parece que todos aqui me odeiam com excessão de duas pessoas. – suspirei e após terminar de falar, me perguntei porque eu compartilhei isso com um garoto que eu nem conhecia.

        – Bem-vinda ao time. - Riven falou e eu sorri fraco. Ele parecia ser legal e diferente dos outros, estava falando comigo normalmente.

        – Eu preciso ir ao banheiro, já volto. – saí rapidamente, procurando o banheiro.

        Ao voltar do banheiro, segui para onde eu e Riven estávamos conversando anteriormente, mas no meio do caminho avistei o especialista com cipós em volta de seu pescoço, grudado em uma parede. Terra estava o sufocando, enquanto discutia com ele.

        – Terra, solta ele, por favor. – pedi para a loira, que depois de segundos o soltou.

        – Podia ter me matado, porra. - Riven disse estressado para Terra.

        – Saudade também. - Terra sorriu para ele, que saiu irritado.

        Sem ao menos perceber, segui Riven. Não queria ficar sozinha e como ele não me tratou mal, pensei que pudesse tentar virar sua amiga. Andei o mais rápido que pude atrás de Riven, mas só o alcancei quando ele entrou em seu quarto. Bati em sua porta e ele logo a abriu, com um semblante nada agradável.

        – Você me seguiu? – o especialista perguntou, ele estava claramente confuso.

        – Você parece ser legal. Por que é tão esquentadinho? – perguntei, enquanto adentrava o quarto e me sentei em uma cama.

        – Fadas são tão intrometidas. Qual é a sua, Lyanne? Eu sei que é filha da vingança. Parece ser a única coisa que corre por aqui. - mais uma vez a minha mãe atrapalhando minha vida.

        – Eu não estou planejando nada. Só queria ser sua amiga. - Riven me olhou estranho, sem acreditar nas minhas palavras.

        – Quer ser minha amiga? Prova. Me conta algo comprometedor.

        – Minha mãe me obriga a fazer coisas que eu me recusaria a fazer se tivesse a opção. - o moreno me olhou sem entender o que aquilo queria dizer.

        – Você me contou um segredo de uma garota com problemas com a mamãe. Cadê o segredo comprometedor? - Riven gesticulou de modo exagerado.

        – Minha mãe me controla às vezes. Por ameaças que eu sei que se eu não obedecer ela cumpre. - Riven parecia querer saber mais, o que me fez repensar o que eu estava fazendo. Mas antes que eu falasse mais, a porta do dormitório foi aberta.

        – O Saul não pode ver ela aqui. - Sky fechou a porta atrás de si e caminhou até a cama onde eu estava sentada. Provavelmente era sua cama.

        – A festa já acabou? - perguntei para o recém chegado, que negou. Demorei alguns segundos até desviar o olhar de Sky. Ele me deixava nervosa e isso definitivamente me irritava. - Vou voltar para o meu quarto. – levantei e andei rapidamente até a porta, mas a voz de Riven me fez parar.

        – Acho que descobri um segredo comprometedor, Lily. - o moreno disse, sendo irônico ao usar o novo apelido. Preferi ignorar e saí do quarto dos especialistas.

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        Quando eu estava voltando para o meu dormitório, um senhor me parou, dizendo que a diretora queria conversar comigo. Assim, o homem me acompanhou até a sala e se despediu, me desejando uma boa noite.

        Bati na porta desajeitadamente, que logo foi aberta por Dowling. Adentrei sua sala e olhei para todos os cantos, curiosa.

        – Eu sinto muito, querida! Eu tentei convencer sua mãe, mas ela não cedeu. – a diretora começou a falar, me deixando confusa. – Ela quer que você use braceletes que tiram seus poderes. Vamos tirar eles durante o expediente de aulas e colocá-los todo final das aulas.

        – Tudo bem. – parei de resistir há muito tempo, nada impedia minha mãe de me controlar.

        Farah me pediu para estender meus braços e logo colocou os braceletes, que eram longos. Doeu como o inferno, a sensação era de que meus braços estavam pegando fogo, como se estivessem rasgando minha pele de dentro para fora. Mordi os lábios para abafar meus gritos, mas não adiantou. Apenas fez com que eu me machucasse. Dowling me abraçou e passou as mãos por meu cabelo, acariciando. As lágrimas escorriam por minhas bochechas, lágrimas de dor e raiva.

        – Eu sinto muito! - a diretora disse, segurando meu rosto. A porta foi aberta em seguida por Saul Silva que estava com sua espada em mãos, assustado.

        – Que gritos foram aqueles, Farah? – o homem perguntou, analisando a sala. Mas seu olhar parou em meus braços. – Por que colocou isso nela? Tire agora. – Silva disse pegando em minhas mãos. Ele estudou com seus olhos o metal nos meus antebraços.

        – Bem que eu queria. Aurora ordenou isso. – o homem olhou para a a diretora com os olhos em fúria.

         – Aquela mulher deveria estar morta. Sem querer ofender, querida. – Silva falou olhando para mim, que sorri fraco para o homem.

        – Não ofendeu. – o respondi. – Acho que vou voltar para o meu dormitório. – falei e pedi licença, me retirando da sala.

Segui pelos corredores e a cada passo que eu dava, a realidade pesava sob meus ombros. Encarei meus braços e ao ver os braceletes longos, lágrimas se formaram em meus olhos.