II

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Algo estranhamente familiar, algum cheiro familiar me rodeia em quanto me sinto mais indefeso do que nunca. Não consigo abrir os olhos corretamente e muito menos me mexer, estou cansado demais para isso.

Minha mente está funcionando pelo menos um pouco. Tenho consciência de que estou em algum tipo de veículo em movimento, mas não estou sentado em um banco ou coisa do tipo.

Afundo minha cabeça em um travesseiro macio em minha frente e me permito tirar mais um cochilo se não fosse pela luz alaranjada do por do sol, mas esse cheiro é tão reconfortante que eu poderia sem problemas ignorar isso e voltar a dormir.

Coloco o meu queixo contra a almofada macia, levanto minha cabeça e abro os olhos lentamente pela falta de coordenação. Um nariz reto. Lábios notavelmente vermelhos e delineados. Olhos castanhos escuros amendoados direcionados para a janela de onde vinha a luz alaranjada.

Eu não sei se estou vendo coisas, mas travesseiros e almofada normalmente não se parecem deuses gregos. É isso! Eu estou no paraíso, dentro do meu livro favorito, isso, sim, faz sentido. Agora tudo o que me resta é aproveitar.

Solto um suspiro longo e exaustivo e empurro meu rosto a ponto de não conseguir respirar no peito másculo do homem fictício. Levanto os braços o máximo que consigo, abraço seu corpo grande e volto para o melhor cochilo que já tirei na minha vida.

Dessa vez finalmente acordo por vontade própria, sem barulhos, sem incômodos, sem problemas, apenas um que seria descobrir onde eu estou e como vim parar aqui.

De baixo do cobertor, estou vestindo apenas uma cueca que com certeza não é das minhas e nem me lembro de ter me vestido uma assim. Não tenho cuecas tão caras.

Observo a minha frente três janelas cobertas por cortinas azul-escuro e uma descoberta que me permite saborear a vista para uma floresta infinita. O quarto é escuro e a única luz surge na janela em evidência.

Olho em volta e percebo que alguns leds azul-escuro no rodapé e na borda do teto. Há duas portas e um corredor que parece ser um closet. Alguma das portas deve ser o banheiro.

Com certeza o dono de tudo isso aqui tem dinheiro de sobra.

De penetra, invado o closet e encontra um excesso de roupas de marca, muitos paletós, mais a frente haviam peças casuais, pijamas, moletons e calçados. O dono de tudo isso com certeza é um Alfa.

Pego uma blusa moletom azul bebe que é o dobro do meu tamanho, e a visto, como não encontrei nenhuma bermuda que servisse, deixei a parte de baixo protegido somente pela cueca cara.

A vergonha de mostrar o corpo era a última coisa que poderia sentir com tanto medo dominando minha cabeça.
De repente escuto a porta do quarto se abrir e me escondo no meio das roupas do closet. Um alfa. Um alfa ruim e malvado.

— Oi? Gatinho? Onde você está? Não precisa ter medo, eu não vou te machucar. — Uma voz familiar surge da entrada — Trouxe algumas panquecas com mel e mirtilos, eu vou deixar aqui na bancada, se não quiser tudo bem... Espero que goste, estou saindo.

O som da porta fechando se estala pelo cômodo todo que rapidamente se torna sinônimo de silêncio e escuridão novamente.

Espero alguns minutos e em passos cuidadosos saio do closet e observo em volta para ver se o homem tinha mesmo ido embora. Devagar, vou em direção à bancada que o Alfa tinha posto o prato com panquecas.

Curiosamente chego mais perto para sentir o cheiro. Desconfiado, pego o garfo, tiro um pedaço da massa fofinha e me aproximo para olhar de perto.

O barulho de ronco que meu estômago revela é ecoado pelo quarto, eu deveria ter me empanturrado de doce na loja. Que desperdício.

Z: Juntos Para SempreOnde histórias criam vida. Descubra agora