O Clube dos Corações Partidos

I

Havia sido um dia estressante para Marinette hoje. Primeiro, ela acordou atrasada, e, por conta disso, chegou na metade da aula. Depois, no intervalo, Chloé "acidentalmente" derramou suco em sua camiseta favorita. E, quando ela finalmente iria passar algum tempo sozinha com o Adrien, Kagami chegou em sua limosine, pronta para levar o loiro para casa.

Não era como se Marinette odiasse Kagami. Não. Nesse ponto, ela já havia se conformado de que Adrien não lhe via como mais do que uma amiga, e que, mesmo que lhe doesse admitir, Kagami era a mais indicada para namorar com ele, não ela.

Mas, estava tudo bem. Ela estava se virando muito bem, e, agora, com um novo amigo.

— Cat noir? — pergunta, subindo para a varanda após ouvir um barulho estranho vindo de lá.

— Ao vivo e em cores. — fala atrás de Marinette que se virou em um pulo.

— Não me assuste desse jeito, seu bobo! — a azulada exclama com a mão no peito.

— Não seja tão séria, Bubbaloo. Foi só uma brincadeira. — o gatuno diz com um sorriso no rosto.

— Pois eu não achei engraçado! — diz. — Ah, e qual é a desse apelido? — ela cruza os braços.

— É que, no dia em que eu estava triste, você ficou desesperada e me ofereceu doce. Um Bubbaloo azul. E eu achei tão bonitinho. Por isso o apelido. — diz, nostálgico fazendo Marinette ficar constrangida.

Ambos haviam começado a ficar amigos após Marinette encontrá-lo chorando no terraço de sua casa. Ela se sentiu culpada por isso e foi em seu auxílio. E, de pouco em pouco, Marinette e Cat Noir desenvolveram uma amizade improvável falando sobre os seus amores platônicos, sem citar nomes, óbvio.

Esse relacionamento com Cat Noir, sem se esconder e sem ter de salvar Paris a toda hora, fez muito bem para a adolescente. Ela finalmente conseguiu dar um passo à frente no seu plano de 42 passos para superar Adrien Agreste. Hoje, ela já não perseguia ele, não se sentia enciumada quando via Kagami e o loiro juntos e já nem lembrava mais da agenda dele que costumava revisar todas as manhãs.

— E então, — disse, saindo de seus pensamentos e focando no herói mascarado no seu terraço — o que o traz aqui? Algum akumatizado está vindo me procurar? — Cat Noir balança a cabeça.

— Claro que não! Nossa, falando assim parece até que eu só venho aqui quando tem alguma desgraça acontecendo. — Marinette levanta uma sobrancelha. — Certo, certo, eu quero desabafar. Feliz agora?

Cat Noir desce da grade de proteção e se senta no chão apoiando as costas em um jarro enorme de planta. Marinette senta-se ao lado dele.

— Sou toda ouvidos. — diz, fazendo um sinal para que ele comece a falar.

O mascarado respirou fundo e começou a divagar sobre estar cansado e de como ter uma vida dupla era cansativa. A outra ouvia tudo atentamente, as vezes fazia um comentário ou outro, porém sempre deixava o garoto falar o quanto quisesse, era a sua forma de ajudá-lo. Ela ouvia simplesmente tudo que ele tinha para falar e isso, de certa forma, o ajudava.

— Você sabia que eu estou namorando? — comenta, a garota sorri.

— Isso é muito bom! Vocês se conhecem há muito tempo? Ela é legal para você? — questiona com um semblante animado pelo seu amigo.

— Ela é muito legal, mais do que eu mereço, na verdade. Nós combinamos em diversos aspectos diferentes, mas... — ele para, receoso do que estava prestes a dizer, Marinette percebe e coloca a mão em seu ombro, fazendo-o a encarar nos olhos.

— Isso não é um interrogatório. Não precisa falar disso se não quiser. Só quero que saiba que não precisa se conter quando está comigo, Cat Noir. — ela diz com um sorriso carinhoso em seu rosto.