II

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A lua já havia se erguido no céu noturno quando Cat Noir se esgueirou para dentro de seu quarto após mais uma luta cansativa contra um akumatizado. Como já estava tarde, ele não foi até a casa de Marinette para continuar aquela conversa, mesmo assim, ao se deitar na cama, Adrien — agora de pijama e pantufas — continuava pensando na expressão triste que a sua amiga esboçou enquanto falava sobre o seu término com o Luka.

— Acha que eu deveria preparar um presente para ela amanhã? Um colar ou algo assim. — o loiro pergunta, olhando fixamente para o teto.

— Acho que você deveria deixá-la em paz. Ela disse que estava bem, não é? Se tratá-la diferente de repente só vai fazer ela se sentir estranha. — Black diz, enquanto guardava um queijo raro de sua coleção em seu esconderijo.

Adrien suspira, derrotado. Ele era amigo de Marinette, mas só como Cat Noir ele realmente passou a conhecê-la, por isso, o máximo que ele poderia fazer por ela amanhã quando a encontrasse seria dar um sorriso e perguntar se ela estava bem. Já o Cat Noir, não. Como Cat Noir ele poderia ir até lá, a abraçar e tentar realmente confortá-la. Nessa situação, Adrien Agreste era totalmente inútil. E isso o frustrava de uma forma que nem ele mesmo sabia descrever.

E foi com aquele sentimento de impotência que o loiro acabou dormindo um sono profundo e sem sonhos.

Na manhã seguinte, ele fez a sua rotina matinal de sempre, tomou café da manhã — sozinho, mesmo que o pai tivesse prometido estar presente — e saiu de casa encontrando a limosine a sua espera.

Seus pensamentos ainda não haviam deixado Marinette. O jeito que seus olhos brilhavam tentando conter as lágrimas, a voz chorosa e fraca junto da expressão melancólica que fazia enquanto falava sobre o seu término. Se ele ao menos pudesse fazer alguma coisa por ela...

Então, como se alguém tivesse ouvido as suas preces silenciosas, Adrien, que estava observando pela janela do carro, viu a sua amiga correndo desesperada com os cabelos arrepiados, uma fatia de pão na boca e uma caixinha de suco de uva na mão. Ao ver a cena, o loiro sorriu.

— Gorila, a gente pode parar por um instante? Eu vi uma amiga minha. — diz, alegre. O motorista pondera por um momento e assente, parando um pouco a frente de onde a garota estava passando.

Ao abrir a porta, Marinette dá um pulo para trás, surpresa.

— Bom dia, Marinette, quer uma carona? — Adrien pergunta com um sorriso amável estampado em seu rosto.

— A-ahm... Sim! Sim, eu quero. — ela tropeça nas palavras enquanto tenta arrumar o cabelo, comer a fatia de pão bem rápido e esconder a caixinha de suco, tudo ao mesmo tempo.

Adrien abre espaço no banco de trás e a adolescente entra meio desajeitada. Ao se sentar, ela parecia uma estátua de tão imóvel, apenas bebericando o seu suco de caixinha e encarando o banco a sua frente.

— Você dormiu bem? Parece estar meio cansada. — diz, tentando puxar assunto.

— Dormi bem sim. Dormi mais do que deveria, na verdade. Acabei indo para a cama mais tarde ontem, por isso eu me atrasei. — conta dando um sorriso sem graça e coçando a lateral do rosto.

Adrien sentiu uma pontada em sua consciência. Será que ela havia esperado Cat Noir até tarde da noite?

Como se Marinette tivesse adivinhado os seus pensamentos, ela se prontificou a dizer:

— Era dia de Torneio de Video Game lá na minha casa. Nós fazemos isso as vezes. — Adrien deu um suspiro de alívio — Claro, eu sempre venço. — ela completou, fazendo com que os dois rissem.

— Não tenho dúvidas disso. — comenta. — Eu tenho um video game lá em casa, nós devíamos marcar para jogar algum dia. — acrescentou, alegremente.

— C-claro...! Quando eu quiser, quer dizer, você... Quando você quiser nós podemos jogar. — Marinette disse tirando risadas do garoto.

Adrien sempre achou divertida a forma como Marinette se perdia com as suas palavras. Era algo tão dela, mesmo o jeito como se portava, ou as trapalhadas que cometia sempre pareciam adoráveis aos olhos do loiro.

Ambos continuaram conversando sobre assuntos banais como lição de casa extra e apresentações de trabalhos que ainda estavam por vir. Passaram-se mais alguns minutos até que o automóvel estaciona-se e eles descessem.

— Obrigada pela carona.

— Disponha. — disse ao tempo que se separavam, cada um procurando o seu grupo de amigos.

Como era de costume, Adrien seguiu em direção a Nino, seu melhor amigo. Ele estava junto de Nataniel e os dois discutiam sobre um clipe de uma música que acabara de ser lançada.

Mas, mesmo que estivesse se divertindo ali entre os seus colegas, Adrien não podia deixar de lançar alguns olhares na direção de Marinette.

O Clube dos Corações PartidosOnde histórias criam vida. Descubra agora