Capítulo 1 (Ayla)

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- Mano... Corre... SÓ CORRE! - Gritei puxando Henrique para ele começar a correr.

- AYLA SUA DESGRAÇADA ESPERA! - Ele gritou enquanto se recuperava de um tropeço que acabara de ter.

Corri o mais rápido o possível para longe do banheiro masculino junto com Henrique.
O barulho da explosão logo pode ser ouvido por todos da escola que saiam das salas para ver o que tinha acontecido: eu havia botado uma bomba no banheiro dos meninos. Felizmente eu e Henrique já estávamos longe.

- Espero que aquele infeliz aprenda de uma vez por todas a não mexer comigo. - Falei pausando "BANG BANG BANG", do BIGBANG, que tocava enquanto eu armava a bomba. - Mas fala aí, eu sou foda não sou?

- Foda? Foda vai ser a merda que vai dar pra você se a Beth descobrir. - Respondeu Henrique pestanejando de choque por conta da situação toda. - Mas... Foi bom te conhecer.

- Shut up Henrique. Shut up. É só não ficar alarmando. - Respondi pondo a mochila em cima da mesa. - Cadê a Rita? Será que deu ruim?

- Tu conhece a Rita, provavelmente ela tá lá fazendo o drama dela pra Beth. As aulas de teatro até que foram boas pra alguma coisa. - Riu.

Enquanto nós (na verdade, eu) armavamos a bomba pedimos para Rita distrair a Beth com alguma coisa para ela não ir ver as câmeras, mas provavelmente a essa altura ela já deve ter empurrado a Rita no chão e foi ver o que rolou.
Eu já previa muito bem o que ia acontecer: Beth ia anunciar o ocorrido no interfone, ia liberar a gente cedo e iríamos embora, ela não ia descobrir quem foi e amanhã iríamos aproveitar a Feira de Guloseimas numa boa.
Comecei a ouvir passos que estavam vindo em nossa direção e me virei para ver quem estava vindo.

- Eu pensei que era uma bombinha, não uma réplica da bomba nuclear de Hiroshima e Nagasaki! - Disse Rita anunciando sua chegada um pouco ofegante, provavelmente correu para fingir que tinha se assustado. - A velha ficou louca, vocês tinham que ver!

- Até eu ficaria louco com uma peste dessas estudando na minha escola! - Disse Henrique.

Eu revirei os olhos e fui em direção a porta ver se Beth estava vindo, mas graças a Deus ela não estava. Os alunos que passavam em frente a nossa sala gritavam, andavam preocupados e alguns até choravam. Pude ouvir um comentando "Será que é o começo de um massacre?!" e ri: quem ia perder tempo pra fazer um massacre naquela escola (tirando eu)? Ninguém.
Aquela escola era um lugar irritante. Todos os dias da minha vida eu acordo agradecendo a Deus por esse ser o último ano. No começo era até legal, mas depois do que aconteceu eu só queria me vingar da Diretora Beth e do Marco.
Fiquei desde maio até semana passada no que fazer para me vingar dos dois, foi quando a ideia chegou.
Eu ia botar uma bomba no banheiro masculino.

Quando Marco entrasse no banheiro, eu e Henrique estaríamos entrando logo atrás, armariamos a bomba, ativavamos e saia como se nada tivesse acontecido e BOOM!
E deu super certo.
O alarme de incêndio da escola soou e uma das pessoas que passavam entrou na nossa sala.

- O banheiro tá pegando fogo, vocês precisam sair!

Ok, as coisas saíram 5% do controle.

- Pegando fogo? Como assim meu deus?! - Perguntou Rita em choque enquanto pegava sua mochila.

- A explosão deve ter botado fogo no forro que deve ter incendiado os isopores, agora saíam, rápido!

Corremos em direção as escadas, que era o mais seguro a fazer em caso de incêndio, mas outros alunos optaram pelos elevadores. Não entrou só um ou cinco alunos, mas sim quase VINTE alunos entraram no elevador (mesmo a capacidade máxima dele ser de 10 pessoas).
As coisas estavam saindo do controle muito rápido.
No portão Beth estava mandando os alunos saírem da escola pelo auto falante.
Passei por ela e ela olhou pra mim super preocupada.

- Está bem Ayla? E você Henrique? Rita, se acalme. Agora saíam daqui!

A Beth tinha se... preocupado comigo.
Ok. O que tava acontecendo?
Se pudesse, Beth me tiraria da escola só de eu respirar. Mas a situação tá tão grave que ela perguntou se eu estava bem.

- O que uma bomba não faz. - Debochei.

- Por mais bombas na escola. - Riu Rita.

- Vocês são umas pragas! Parem de rir caralho! - Gritou Henrique. - Espera... - Eu e Rita olhamos para ele. - Será que o Marco... Tá dentro do banheiro ainda?

Ok, tudo saiu do controle.
Por mais que eu odiasse o Marco, eu não pensei que o banheiro da escola pegaria fogo. Será que com a explosão e a fumaça ele ainda está lá dentro, preso?
Meu coração doeu.

- Gente, meu deus. - Falei, tentando esconder o choque.

- Ah... Oh gente... - Chamou Rita. - Acho que vocês não seguiram o Marco no banheiro não.

- Como assim? - Henrique botou as mãos na cabeça.

Rita apontou e vimos Marco, que nem estava com o uniforme, no outro lado da rua abraçando sua namorada que estava chorando por causa da situação.
Foi quando a gente se tocou que Marco nem tinha ido para a escola.
E pior ainda...
A pessoa que a gente pensou que era ele, podia estar lá dentro do banheiro, presa, inconsciente, ou até mesmo, morta.
O arrependimento bateu, muito. Eu fiz MUITA merda.
Joguei minha mochila no chão e sem pensar duas vezes entrei correndo de novo na escola.

- Ayla! Volta aqui! - Gritou Rita.

"Como que o Marco não tinha ido para a escola e eu não percebi?" pensei, enquanto corria e empurrava as pessoas que ainda estavam saindo da escola sem tempo para pedir licença. Alguém corria perigo.
E o pior de tudo, por minha culpa.
O fogo se alastrou muito rápido o que dificultou o meu acesso as escadas, mas mesmo com muita fumaça eu continuei indo em frente. Para acabar não inalando fumaça do incêndio, prendi minha respiração assim que eu cheguei ao banheiro e comecei a procurar a pessoa rapidamente.

- Tem alguém aí?! Me responda! - Avisei que tinha chegado ao local para salvar a pessoa, mas não recebi resposta.

Fui entrando em cabine em cabine do banheiro para ver se achava ela, até que eu percebi que uma estava fechada. Foi aí que eu me abaixei e tentei ver quem era a pessoa.
Mas estava muito quente.
Eu não estava aguentando...
Senti meu corpo derretendo por conta do calor.
Eu estava ficando tonta e inconsciente.
Tudo estava embaçado.
Acabei não aguentando e caí no chão.

- Me... Me desculpa... - Falei enquanto eu ainda estava 1% consiente.

Foi quando eu desmaiei por causa do calor imenso.

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