Capítulo 5 (Mariana)

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- Tem certeza que é aqui Mari?

Não respondi. Só fiquei calada esperando e pensando no que eu ia falar para a Ayla.

Quando eu e a Kethelyn saímos de casa fomos direto para a escola do Calebe, sim, eu sabia que não teria mais o que fazer a respeito dele pois... Ele já tinha morrido.
Pegamos um Uber e fomos para o Cícero Soares, por sorte o motorista estava na rua de trás e chegou rápido. Era uma moça.

- Aconteceu alguma coisa meu amor? - Perguntou a motorista.

Kethelyn, abrindo a porta para mim enquanto eu enxugava as lágrimas respondeu:

- Nosso amigo faleceu no incêndio que tá tendo lá no Cícero Soares...

- Ai meu deus! Vocês vão sozinhas para lá?

- Sim... Na verdade, eu não sei porque a gente tá indo pra lá.

- A gente vai tentar descobrir onde a menina que tentou resgatar o Calebe mora. - Respondi fechando a porta do carro.

Kethelyn conversava com a moça mas eu não prestei atenção em uma palavra que elas estavam falando.
Eu pensando no Calebe.
Eu estava pensando na agonia que o Calebe sentia enquanto tudo pegava fogo ao seu redor e ele sem poder falar nada, sem poder pedir socorro.

Eu conheci o Calebe no primeiro ano da escolinha e ele era um pouco mais alto que eu, pele clara, cabelo castanho ondulado que ia até um pouco mais as orelhas e um pouco gordinho.
A professora chamou nossa atenção e apresentou ele para a sala:

- Alunos esse é o Calebe, nosso novo colega de sala! Só que, ele é surdo-mudo, não fala nada e nem escuta nada.

- Nossa! Que triste professora! - Comentou uma menina.

- Sim, mas ele se comunica com a gente por outro jeito: por meio de libras!

Ela começou a explicar e eu tentei o máximo aprender para saber o que o Calebe ia falar com a gente, mas quando eu fui falar com ele, o sinal tocou dizendo que era hora de ir embora.

- Até amanhã meus amores! Não esqueçam de falar com seus papais e mamães sobre o que conversamos!

Calebe saiu correndo em direção ao portão e abraçou seu pai e sua mãe. Eles estavam conversando por libras.

- Oi filha, como foi o dia na escola? - Disse meu pai me pegando no colo.

- A gente tem um aluno novo na sala, o nome dele é Calebe só que ele não fala nem escuta. Queria falar com ele...

- Então vamos lá! Cadê ele?

Apontei e meu pai me levou para (tentar) falar com ele.

- Opa, boa tarde. Tudo bem?

- Opa, tudo bem sim. Boa tarde. - Cumprimentou o pai de Calebe.

- O Calebe é aluno novo da sala da minha filha, a Mariana, e ela queria conversar com ele.

Meu pai me desceu do colo dele e me botou em frente ao menino. E eu fiquei lá que nem uma besta olhando pra ele.

"Filho, ela é a Mariana. Ela é da sua sala e quer falar com você.", disse a mãe dele em libras.

"Oi, eu sou o Calebe, prazer em te conhecer Mariana!"

- Ele disse que é um prazer te conhecer! - Traduziu o pai dele.

- Pergunta pra ele se podemos ser amigos, por favor?

"Ela está te perguntando se você quer ser amigo dela."

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