Capítulo 4 (Ayla)

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Era como se eu estivesse dormindo faz dias. Só me lembro de ter ido dormir chorando no abraço da minha mãe.
Agora, eu só enxergava... Tudo preto.

- Você matou uma pessoa inocente.

Me virei para trás mas mesmo assim ainda continuava tudo preto, mas, quando eu me virei novamente para frente.

- VOCÊ MATOU UMA PESSOA INOCENTE!

Gritei e acordei com o susto que a criatura estranha do meu sonho. Não só eu me assustei assim como Rita.

- Ai filha da puta! Tá louca porra?

- Me desculpa Rita... Eu tive um sonho estranho... - Olhei ao redor e vi que já estava em casa. - Quem me trouxe pra casa? Que horas são?

- São quase três da tarde. Você recebeu alta do hospital só que você estava dormindo, então o Henrique te levou no colo até o carro da sua mãe e viemos acompanhando ela até aqui e cá estamos!

Rita disse numa tranquilidade e felicidade estranha que até parece que tinha se esquecido que eu matei alguém inocente.

- Sua mãe foi pro escritório e disse que acha que vai fazer hora extra pois ela pegou um caso delicado e...

- Foi a família da pessoa que morreu que me processou?! - Interrompi Rita no susto.

- O que? Não! Bem... Ainda.

- Quem era a pessoa Rita? Quem foi que morreu?!

- Ah... Sobre isso... - Rita se sentou ao meu lado na cama. - Se lembra daquele menino mudo que a gente disse que ficou super lindo com o cabelo platinado?

Levantei rápido da cama com a mão na boca.

- Não, não foi ele! É mentira!

- Eu queria que não tivesse sido ele Ayla, mas foi ele. Foi o Calebe do 2° ano D que morreu...

Eu me senti 10 vezes mais culpada do que eu já me sentia.
Calebe estava lá, preso no banheiro e não podia falar nada... Mas, mesmo se pudesse... Acho que ele já estava morto.
Olhei através da janela e pude ver a vista da rua. A família do Calebe poderia morar em qualquer uma dessas casas, eles com certeza estavam chorando lamentando a morte do filho, neto, irmão... E eu estava em casa... E eu estava viva.

- EU SOU UM MONSTRO! NÃO MEREÇO PERDÃO! - Bati na janela para descontar o ódio que eu sentia na hora. - FOI MINHA CULPA! MINHA CULPA! EU SOU CULPADA!

- Ayla para com isso! - Rita me puxou para a cadeira da escrivaninha. - Tá beleza, você fez merda mas não imaginava que isso tudo ia acontecer!  Agora fica sentada aí e se acalma! Gritar não vai adiantar nada, morreu? Morreu!

E se eu tivesse pelo menos pensado antes? Se eu tivesse pensado que a explosão, por mais que tenha sido pequena, poderia botar fogo na escola? Talvez nada disso teria acontecido... Ou não.

- Eu não merecia estar viva... Quem tinha que morrer era eu e não ele! - Falava entre soluços e lágrimas que escorriam pelo meu rosto.

- Ayla, chorar não vai adiantar nada. Você fez a merda e agora ou você vai ter que esconder bem escondido o que você fez ou confessar logo tudo.

Rita estava certa mas eu não iria confessar tudo. Isso podia dar uma merda enorme pra mim e principalmente pra minha mãe porquê sou de menor ainda. Se caso me condenassem quem iria para atrás das grades era a minha mãe e não eu, e isso significava que ela pode até não exercer mais sua função como advogada.
Minha cabeça estava a mil por hora e eu não sabia mais o que fazer, se eu escondesse tudo e fizesse a egípcia uma hora as investigações iriam descobrir tudo e se eu contasse eu ia me ferrar de qualquer forma.
Eu estava perdida.
Eu não sabia mais o que fazer.
Eu...

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