S I N O P S E

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The beginning of the trauma

10 anos atrás

— Mamãe! Eu achei várias conchas do outro lado da praia, posso ir pegá-las? — A garotinha se ajoelha em frente a mãe, com um biquinho e uma carinha de cachorrinho pedindo comida — Por favorzinho 

— Tudo bem, querida. Mas não vá muito longe, por favor — A mulher responde, a garotinha sai correndo pela areia, animada — Cuidado e não demore, Elisabeth! Vai escurecer logo e uma chuva pode cair! — Ela grita 

A garotinha corre pela areia em rumo as conchas, ela queria uma coleção delas. 

O sol começava a se por e o vento se tornava cada vez mais forte, os cabelos molhados de Elisabeth voavam. Ela começa a recolher todas as conchas que via pela frente, armazenando-as em suas pequeninas mãos. Ela passou um bom tempo focada nas diversas conchas que encontrava, as cores e os formatos diferentes chamavam sua atenção

Quando sua mão estava cheia, ela correu até seus pais novamente

— Mamãe, papai! Olha como são lindas! 

São maravilhosas, querida — Sua mãe sorriu, seu pai apertou as bochechas da menina e guardou as conchas em um baldinho — Você pode ir pegar mais, se quiser. Daqui a pouco vamos embora, ok? Só não entre na água, Betty, as ondas estão perigosas

Elisabeth concorda com a cabeça, e volta a correr até achar uma área infestada de conchinhas, uma área mais afastada. A menina pula de alegria, e começa a catá-las. Então, quando estava prestes a sair, ela avista na água o perigo perfeito. A conchinha lilás brilhava lá no fundo, ela lembrava sua mãe

Ela precisava pegar

Se não pegasse agora, as ondas a levariam. E, talvez, ela não tivesse outra chance. Para uma garotinha de sete anos, o sacrifício valia a pena, sua mãe ficaria lisonjeada com o presente 

Ela largou todas as conchas que havia pegado na areia e começou a correr, correr em direção a água. As ondas começavam a puxar a concha cada vez mais fundo. Elisabeth tropeçava na rochas. Aquela praia era cheia delas. A água fria começava a incomodá-la, mas ela não iria desistir 

Ela teve que mergulhar para alcançar a conchinha no fundo. Assim que subiu para a superfície, uma onda enorme a atingiu de surpresa. Ela gritou enquanto a água a puxava cada vez mais para longe, ela girava abaixo d'água, sem conseguir voltar 

Ela atingiu rochas e conchas, que a arranhavam e cortavam sua pele. A menina gritava desesperada

Elisabeth? Elisabeth, onde você está? — Ela conseguia ouvir seus pais gritando. Ela tentava subir a superfície para gritar por ajuda, mas ela estava longe demais 

Não deveria ter ido longe demais

"não entre na água, Betty" ela deveria ter escutado sua mãe 

Quanto mais ela gritava, mais água entrava em sua boca. Ela estava sendo puxada para baixo, as ondas estavam levando-a, ela estava indo embora 

A velocidade com que a água a conduziu-a se tornava cada vez mais forte. 

Ela não conseguia respirar 

Ela.

Não.

Conseguia.

Respirar.

Então ela bateu as costas com força em uma rocha. Todas as forçar que tinha para tentar subir a superfície sumiram 

Então ela bateu de novo, mas não as costas, a cabeça de Elisabeth atingiu fortemente uma rocha. Então tudo se apagou, o cheiro forte do sangue se espalhava pela água junto da mancha vermelha 

Ela foi empurrada em direção a costa, seus pés se embolaram e ficaram presos num amontoado de algas, ela colidiu novamente com uma rocha, mas não tinha mais como sair 

Elisabeth estava inconsciente 

Ali! — A esse momento um bando de pessoas ajudavam os pais da menina a procurá-la — Tem algo ali! 

Elisabeth? — Assim que a mulher viu a cena, seus olhos se arregalaram, não só os delas, mas os de todos ali — ELISABETH! 

Viram uma garotinha, com apenas a cabeça para fora d'água. A pele em tom azulado. A cabeça que estava encostada na rocha sangrando, junto do resto de seu corpo, que estava cheio de cortes. 

CHAMEM AJUDA! 

Seu pai e outros dois homens correram até a garota para tirá-la de lá. Enquanto sua mãe estava ajoelhada no chão, desabando em lágrimas 

Os salva-vidas apareceram com uma maca. Eles tiram a garota da água as pressas e a deitam na maca

Ela não está respirando! — Um dos paramédicos avisa — A equipe de socorro está a caminho, mas precisaremos tentar reanimá-la 

A maca foi posta no chão, o paramédico entrelaçou as mãos e as posicionou sobre o peito da garota, iniciando o processo da massagem cardíaca. — Não está dando certo  

As sirenes da ambulância eram ouvidas de longe. O olhar de desespero das pessoas em volta. O fato de que Elisabeth não estava acordando atormentava a cabeça de Bruce e Rachel, seus pais. A mulher estava ajoelhada ao lado de sua filha, com o rosto cheio de lágrimas. Seu pai também estava ajoelhado ao lado da menina, ele segurava a mão de sua esposa, as mãos trêmulas. Ele tentava permanecer forte, mas era explicito o desespero em seu olhar 

O paramédico continuava com seu trabalho, após minutos que mais pareciam horas, Elisabeth voltou a respirar, ela tossia enquanto litros de água saiam de sua boca

Ela não abriu os olhos, ainda não respirava bem, seu corpo estava congelando, sua cabeça ainda sangrava. Mas ela estava viva 

Elisabeth estava viva

Seus pais suspiraram aliviados. Os paramédicos levaram a menina até a ambulância, deitando-a na maca acolchoada. A médica que estava no veículo ajudou-os, ela cobriu a menina com uma toalha enorme 

Bruce e Rachel entraram na ambulância. Eles se sentaram nos banquinhos que ficavam ao lado da maca. Enquanto a médica estava em pé ao lado da menina, cuidando da mesma. A ambulância ia rápido e não demorou para que eles chegassem no hospital

Os médicos levaram Elisabeth, seus pais tiveram que permanecer do lado de fora, pois não permitiram que eles a acompanhassem 

Aquelas foram as horas mais longas e dolorosas de toda sua vida


DROWNING || JJ MaybankOnde histórias criam vida. Descubra agora