Raptor da Morte

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Os eventos que nos aguardam e acontecem pelo mundo só Deus sabe quais são então cabe a ele nos proteger, porém nem tudo isso são flores, eu sou mãe de uma criança e esposa, ou pelo menos era antes daquele incidente.

Começou como outro dia qualquer, se não fosse pela queda de energia no bairro todo durante o anoitecer, até tentamos entrar em contato com alguns parentes próximos para tentar dormir fora de casa porém não foi isso que aconteceu e tivemos que passar a noite sobre a luz de velas e lanternas, eu precisei pelo menos preparar a comida da minha família enquanto a minha querida filha ficava do lado de fora da casa brincando com seu pai; ao mesmo tempo que estava quase terminando o preparo da jantar eu escutava do lado de fora minha filha chorando e gritando junto com o pai e altos chilreados, saí de casa bastante preocupada com uma lanterna na mão, e quando apontei para os dois eu testemunhei um momento que me abala até os dias de hoje, minha pobre criança presa nas garras de uma imensa coruja enquanto meu marido lutava para tirar ela dali; infelizmente seu esforço foi em vão e ela foi levada para longe de mim mas mesmo assim eu continuei correndo junto do meu marido atrás dela, continuava sem acreditar naquilo, que seu choro estava cada vez mais longe, ela só se distanciava mais, e seu gritos ecoavam cada vez mais; mesmo com a ave nos levando para o meio de uma mata fechada, nunca largaria de mão a minha querida no entanto quando jogamos a luz da lanterna para o pássaro, ele estava pousando dentro de uma igreja abandonada com ela ainda em suas garras, nós dois corremos para dentro da capela e lá conseguimos ver com clareza que aquilo era o ninho da maldita ave, cheio de galhos, penas, marcas de garras pelas paredes além de ossos espalhados pelo salão, e tudo isso dentro da casa do senhor, por sorte encontramos a nossa filha assim que entramos, encolhida em um canto, com suas roupas rasgadas e desesperada, porém quando ela veio até nós, começamos a escutar um alto e agudo som, a criança apenas olhou para eu e ele em silêncio e apontou para cima, quando jogamos a luz para o alto, vimos a escura suindara empoleirada em uma sacada com seus brilhantes olhos vermelhos nos encarando fixamente mas a coisas mais espantosa foi ver ela reagir ao menor movimento do meu marido para tentar nos defender, ela saltou e pairou em nossa direção, derrubando nós três e rasgando o braço do meu amado, a coruja então começou a avançar em cima de mim e da minha filha, pisando forte no chão e batendo seu bico até que, ele se levanta com uma tábua em mãos atraindo a atenção dela, ele dizia que ia cuidar disso tudo e mandou a gente ir embora, enquanto chamava a ave para cada vez mais perto de si, eu saí correndo segurando a minha querida criança enquanto cobria seus olhos, depois de ouvir os seus gritos e altos chiados do pássaro, não tinha mais dúvidas, me virei e fiquei espantada ao ver quase toda a capela ensanguentada, com sangue escorrendo em todos os vitrais do senhor, e ao fundo o meu marido no chão com a rapinante em cima dele, rasgando sua barriga com as garras e arrancando seu intestino para fora, desviei meus olhares daquele cenário todo e continuei a seguir em frente até em casa, tentando o máximo possível segurar as lágrimas e a náusea.

Chegamos em casa e as luzes do bairro já tinham voltado, para a minha garotinha isso já não importava, ela apenas queria ficar dentro de casa vigiando a janela, chorando, preocupada, esperando o pai retornar, mesmo perguntando para mim se seu pai estava bem, ou se ele ia voltar para casa, eu permaneci quieta, não queria mentir para ela, então me sentei ao seu lado e comecei a chorar também, ele nunca voltou para casa e nós nunca mais pisamos em uma igreja por conta disso.

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