Nguma-Monene

14 3 0
                                    

Estava explorando a floresta do Congo ao lado de meu grande compatriota explorador, passamos vários dias adentrando matas bastante densas e navegávamos o dia inteiro pelos rios no nosso barco enquanto desbravamos de belas paisagens desde rebanhos de zebras até vilarejos morando pelas margens das afluentes; conforme o dia foi entardecendo tivemos que dar um intervalo pelo rio Ubangui para ter o que comer mais tarde então começamos a pescar e ter aquela conversa distraída apenas pra romper o silêncio que passou a se alastrar ao nosso redor, ele falou de como o país era lindo e que devíamos levar algum troféu pra nos lembrarmos dessa expedição, eu concordei depois perguntei o que ele faria assim que deixarmos este lugar, o mesmo responde que terminaria de escrever seu terceiro livro e faria palestras para uma universidade, nisso fiz uma piada dizendo que é só a gente não ser comida de leão ou gorila que vai dar certo então começamos a gargalhar; assim que a noite caiu já tínhamos pego uma quantia razoável de peixes e retornamos a nossa rota por aquelas águas pacíficas até demais porém não demorou muito para que um problema viesse à tona, o motor do barco parou de funcionar deixando nós dois à deriva mas o que realmente fez meu coração palpitar era tremendo silêncio daquela noite, durante nosso tempo aqui no Congo nunca encontramos a selva tão calada assim, quando surpreendentemente meu companheiro conseguiu ligar a embarcação novamente já servindo assim de despreocupação pra mim apesar de estarmos pilotando em baixíssima velocidade por precaução, entretanto as coisas tornaram-se esquisitas quando uma movimentação brusca acontecia na superfície da água, não demorou muito para revelar ser um rebanho de hipopótamos se dispersando e correndo para longe do rio algo que por si só é estranho, esses animais adoram água e não temem nada; foi quando a resposta emergiu com uma força tão imensa e selvagem que virou o nosso barco, quando chegamos desesperados em terra firme pudemos ver um imenso lagarto, era tão grande quanto qualquer outro réptil já visto, exibindo uma imensa crista na costas o animal conseguiu abater um dos hipopótamos rasgando seu pescoço com as suas imensas garras com facilidade logo em seguida uivou celebrando a caçada nos deixando completamente paralisados de medo, seus uivos eram únicos e perturbadores, difíceis de descrever e horríveis de ser escutar porém o pior cenário que presenciei foi ver essa fera correr de forma desenfreada até um pequeno povoada destruindo plantações inteiras, derrubando casas e matando pessoas e seus gados, nós ainda conseguíamos ouvir os gritos de desespero do povo e mais uivos vindo da criatura mas o que me fez agir por puro impulso foi saber que seus uivos estavam sendo respondidos e no mesmo minuto eu agarrei a mão de meu parceiro e corremos para o mais distante que conseguiríamos aguentar daquele caos só parando assim que finalmente achamos uma pequena vila, porém antes de chegarmos ele virou para mim e disse para não contar para ninguém o que vimos naquela noite sendo desperdício de tempo e um passo pro hospício, eu apenas concordei em silêncio, depois disso fomos recebidos por aquele vilarejo e ficamos por pouco tempo lá antes de retornamos pro nosso país de origem.
Vários anos depois e essa cena ainda perpetua na minha cabeça antes de ir dormir, eu e meu colega de exploração não mantivemos contato depois daquele incidente mas mesmo assim consigo o ver nas notícias, ele não tem parado por um instante de escrever uma série de livros e inventado calúnias e falsas alegações em diversos lugares, posso não saber exatamente o que ele tem passado mas é certo que aquilo também ficou marcado na sua cabeça.

Contos SobrenaturaisOnde histórias criam vida. Descubra agora