Livyatan

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Dia 8 de agosto, aqui é o capitão Teach, acabamos de deixar o porto da Geórgia e seguimos para a Corrente do Golfo onde estamos atrás do principal objetivo desta exploração, eu e minha tripulação zarpamos atrás das grandes cacharréus, todos nós estamos bastante empolgados já que uma vez avistadas também encontra um cardume inteiro, e com o nosso colossal e poderoso navio, nenhuma delas irá ficar no caminho da minha tripulação!

Dia 9 de agosto, já não se via mais tal terra americana de onde nós partimos.

Dia 10 de agosto, no final da tarde os ventos gelados do Norte começaram a assoprar com força.

Dia 11 de agosto, de manhã acordamos ouvindo a revolta e fúria de um oceano impiedoso, porém mesmo sobre o temporal que fez e a preocupação de todos, nossa embarcação mostrou muita fibra para estas condições.

Dia 13 de agosto, graças a Deus as ondas cessaram e começamos a navegar por águas mais calmas.

Dia 15 de agosto, durante a noite alcançamos a correnteza menos gelada do Atlântico e se tem algo que as cacharréus gostam é de nadar por águas equatoriais, daqui já sou capaz de sentir o clássico cheiro de grande peixe.

Dia 16 de agosto, um dos tripulantes relatou avistar pelo bombordo algo branco e imenso nadando antes de sumir completamente de vista, como capitão tive que encorajar meus homens, e nada melhor para contar nestes mares se não a lenda da baleia, um imenso peixe branco que era capaz de derrubar barcos inteiros e destruir tripulações.

Dia 17 de agosto, a tripulação inteira está mais que motivada a ir atrás não só dos cacharréus como da baleia também, pelo visto encher seus corações de fé e esperança de que conseguiríamos derrubar uma criatura dessas deu bastante certo.

Dia 19 de agosto, primeiro cardume de cacharréus avistado! Fomos para cima deles sem pestanejar, parecia até uma verdadeira debandada de búfalos, vários deles nadando tentando escapar mas os nossos arpões eram resistentes, não importa o quanto se debatessem em água, de repente, as coisas começaram a mudar, tinha algo sabotando nossa caçada, os arpões começaram a ser cortados e nenhum deles viu, aos berros mandei eles pegarem mais arpões para serem disparados enquanto eu observava ao redor da proa por algo incomum, foi quando o navio inteiro foi alvo de um ataque, não de cima e das laterais, mas sim de baixo e quando me levantei para ver, era ela, a baleia, branca como pérola, menor que as outras porém mais robusta e com dentes maiores, ela logo se tornou o prêmio de nossa manhã e mais uma vez berrei aos meus homens para lançarem os arpões nela, grande parte das armas ela conseguiu se desviar mas o inesperado aconteceu quando mesmo com os arpões fixados na sua pele aquele animal continuava a nada para o fundo do mar e se jogar contra a embarcação, feroz como um tubarão, fez tudo tremer, e assim arrancando as armas de onde estavam presas porém quando a coragem me veio peguei outro arpão e estava prestes a lançar quando reparo que ela estava com a cabeça erguida fora da água, olhando diretamente para mim, aquele imenso olho avermelhado, foi quando ela se jogou mais uma vez contra a proa, me jogando para o mar e foi neste instante onde realmente temi pela minha vida, quando vi aquela imensa criatura avançar na minha direção enquanto escutava uma série de estalos tão fortes, que paralisaram todo o meu corpo, sem forças para poder subir, eu só pude assistir aquela locomotiva aquática vim na minha direção, ela mordeu meu pulso, esmagando e estacando com seus imensos dentes e me puxou até a superfície onde ficou me balançado pela boca até meu pulso ser arrancado me fazendo cair desacordado de volta no navio.

Dia 20 de agosto, já está de manhã e só o braço direito da minha tripulação sabe que finalmente recuperei a consciência, depois que eu fui nocauteado ontem eles cuidaram de mim e estancaram meus sangramentos, disseram que viram o animal partindo para o Oeste então vamos continuar seguindo pelo Leste até desembarcamos no porto britânico, apesar disso é apenas agora que percebo minha real situação, estou paralisado da cintura para baixo, colocaram um gancho no lugar da minha mão decepada e agora tenho uma imensa cicatriz no corpo, é só isso por hoje.

Dia 21 de agosto, finalmente pude entender o ditado que piratas e baleeiros vinham dizendo “você golpeia um touro de quarenta barris e todos os seus companheiros o abandonam” porque a verdade é que o touro nunca precisou de ajuda.

Dia 22 de agosto, já estamos chegando no Reino Unido, espero que pelo menos ao chegarmos por lá tenha alguém para acreditar em nossa jornada e isso é tudo que peço, aqui é o Jenkins Burgess o braço direito do capitão Teach escrevendo pela última vez no diário de bordo.

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