Prólogo

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Acordo! Abro os olhos. E o mundo se fecha para mim.

Estou perdida dentro do meu próprio quarto. Meu espaço perigosamente devastado pela escuridão, um silêncio descomunal encoberto de terror e medo. A cena perfeita de um crime, salta em minha mente, a melhor fala já lida nos livros.

Meu coração rebate a ideia, martelando em meu peito. Vários, centenas, milhares de batimentos por minutos. Isso atrapalha meus pulmões de funcionarem, minha respiração pesa e o ar é interrompido em minhas narinas. Mas sinto minha inspiração e expiração quase vindo de outro corpo.

Impossível!

Arqueio meu corpo até me encontrar sentada na cama, gélida e dura. Onde está minha cama? Forço meus olhos a se acostumarem com a escuridão, mirando um ponto fixo para que minhas pupilas encontrem um foco. Aos poucos, minha visão retorna em meio à noite, contornando sombras, asas e chifres. O teto do meu quarto repleto de pares de luzes vermelhas, que se espalham rapidamente por toda a extensão das paredes, e às vezes, piscam, como olhos famintos em minha direção.

Só então, meu coração se acalma e meu corpo relaxa à cena de terror, fluindo quase ao natural. Não me conformo, volto a me deitar e me inquieto, rolando de um lado para o outro. Tapo meus ouvidos e somente quando os liberto, minha audição é sugada de volta para dentro deles. Chiados de ventos, sussurros dilacerantes, assobios ruidosos e o principal, risadas maléficas. Eles gritam meu nome, sussurram meu sobre nome:

- Melanie Bloom.

A descrição exata dos livros policiais do meu mais novo autor favorito - Theo Villagrande - e suas costumeiras cenas de enxerga um assassino como uma besta infernal.

Isso não é real!

Olho para o lado e lá está ele sob a luz do luar, a única que escapa pela fresta deixada pela cortina e que invade meu quarto. Meu exemplar de Dolorida e Apaixonada, um livro cheio de assassinatos e minimamente uma cena de amor. Theo nunca foi de descrever romances tão bem, ao contrário de seus vassalos assassinos. Theo nunca se apaixonou, digo com a propriedade de conhecê-lo - já que sou secretamente sua maior fã e sua colega de classe em nosso último ano do colegial.

O vento sopra mais rápido e um furacão se forma em meu quarto. As sombras, as asas, os chifres e os olhos avermelhados são os primeiros a serem sugados. Por último, meu corpo também é levado de volta para ele, para dentro do seu livro.

Isso não é real!

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