Capítulo 1

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Uma festa adolescente se resume em alguns simplórios fatos: Música imposta nas últimas alturas, para que seja impossível a compreensão dos seres residentes daquele lugar. Onde um "Para que lado fica o banheiro?" se torna "Eu te amo! Vamos nos casar, ter dois filhos e uma lhama". Outra coisa costumeira, são os corpos de todos os lugares se esbarrando de um lado para o outro, braços sendo erguidos, cabeças cambaleantes, falsas guitarras, ou na linguagem universal, uma sociável dança. Ainda assim, evito os lugares menos populosos, já que são neles onde acontecem os piores tipos de movimentos.

Katerine é especialista nesses tipos de festas - e movimentos -, é a garota mais popular da escola, namora o menino mais inteligente, para a surpresa de todos, destacando que a inteligência não é o seu forte. Seus pais são ricos e estão sempre fora da cidade. Não preciso dizer que fomos amigas a maior parte da nossa infância e hoje somos piores inimigas. Essas coisas clichês que acontecem entre meninas.

Um único motivo que me levou a aceitar seu convite via mensagem, fora do normal, numa época onde todo mundo usa eventos online. Eu preciso saber como dar uma festa, já que meu aniversário é mês que vem e não conheço nada relacionado a jovens que pertence a última década.

Por tabela o convite foi estendido "por mim mesma" para a minha amiga Anne, não conseguiria aguentar esse inferno sozinha. E ela não ousaria recusar, e deixar seu recém namorado curtindo sozinho. Não que isso não esteja acontecendo, assim que chegamos DG não desgrudou da mesa de bebidas, digo, pois quando foi necessário um pouco mais de espaço para realizar seus movimentos de break, ele montou em cima da madeira para tamanho o feito. Num instante em que ela foi acabar com a festa - dele - foi praticamente arrastada por um trenzinho de pessoas com roupas de baixo e alguns a moda nude. Agora está sumida.

Pessoas gritando se sobressaem as batidas da música e chamam a atenção de todos. Em tempo, me desvio de uma garrafa voando poucos centímetros da minha cabeça. Dou um passo atrás para fugir da confusão. Um aglomerado de pessoas rolando no chão e distribuindo socos e ponta pés dispara a menos de um metro. Viro para me afastar da briga e meu corpo é empurrado para mais perto, todos os convidados veem ao mesmo tempo para assistir a luta gratuita. Newton não havia cogitado a possibilidade de uma confusão quando disse que dois corpos não ocupam o mesmo lugar.

Estilhaços de vidros, restos de bebidas e dentes recém arrancados percorrem toda a sala. Punhos cerrados atingem rostos e corpos, garotas e garotos estão envolvidos na briga. E agora, uma menina com o dobro do meu tamanho avança em minha direção.

Antes dela me atacar, uma mão envolve minha cintura e me arremessa para trás. A mesma mão me dá o apoio para me manter em pé e longe do pandemônio.

- Você está bem, Melanie? - Theo grita, mesmo agora que a música havia parado. - Está sozinha aqui?

Faz tempo que não ouço o som desta voz. O espasmo é tanto que uma armilha se fez na minha garganta. Toda vez que eu tento responder minha voz se encurrala e se perde em algum lugar.

- Eu posso te levar daqui! - Ele prossegue. Sua voz é rude demais, mas seu rosto é sereno. Sua sobrancelha treme, mas seus lábios se comportam bem. Theo é o típico assassino dos seus livros, aqueles que não demonstram sua intenção, de maneira alguma transmitem sentimentos. - Até onde eu me lembro, você costumava se expressar bem com palavras.

- Foi na oitava série - minha voz escapa antes de ser cortada. O nervosismo, é claro, evidente em cada palavra.

- Hã?

- A última vez que nos falamos.

- Não sei se você se lembra - Theo sorri cinicamente -, mas eu gosto de surpreender. Ok?

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