Prólogo - O sabor do beijo Negro

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Munique, 1998

Alemanha

A história que eu vou lhes contar começa no ano de 1990, mais precisamente no dia 25 de maio. Um garoto que a muito foi abandonado pelo pai abre pela primeira vez os seus olhos, e mesmo que tivesse acabado de nascer, o seu passado já estava pintado de preto e o seu futuro graciosamente colorido na tela branca. No instante em que nasceu, sua mãe Rose prometeu a si mesma que jamais deixaria seu filho seguir o mesmo caminho do pai que um dia teve. Rose com todo o amor que tinha em seu coração nomeou a criança de Calebe, pois significa aquele que obedece crente que seu filho respeitaria as suas decisões como o sol respeita o tempo da lua.

O pequeno Calebe era um perfeito Ariano. Olhos azuis aponto de serem alvos eram contornados por linha negras grossas e um fino cabelo em tom loiro médio. Seu rosto era muito bem tracejado, e seu sorriso perfeitamente branco, e apesar de tudo tinha uma pele em um tom levemente bronzeado talvez por conta de adorar brincar a luz do sol. Sem que Rose percebesse, Calebe já havia crescido, e estava com 8 anos. Como Rose estava de folga, resolveu levar o garoto para um vasto parque verde onde sem ela imaginar, Calebe encontraria um futuro grande amor.

Assim que chegou lá, Calebe começou a correr de um lado a outro como toda criança de oito anos faz. A diferença era que o pequeno menino era descaradamente amigável, principalmente com as meninas. Dentre todas as crianças do parque, uma chamou a atenção de Calebe no instante em que a viu. Uma menina com cabelos negros enrolados como um capacete em volta da cabeça e um chamativo par de olhos verde-esmeralda, e sem que pudesse percebesse Calebe começou a caminhar até a menina e chegou bem perto a ponto de olha-la nos olhos. E como uma perfeita mistura de tinta verde e azul na tela branca, os olhos das duas pequenas crianças se encontraram em um olhar fixo até que o inocente garoto quebrasse o silencio do olhar com uma frase peculiarmente infantil

- Seus olhos são verdes

- E os seus são azuis – Respondeu a menina de forma a rebater a frase

- Você é muito bonita, qual o seu nome? – Apesar da inocência, Calebe sabia a diferencia entre beleza e bom, a outra coisa

- Eu me chamo Cassie e você? – Com uma voz singela a garota dos olhos verdes retribuiu a pergunta

- Eu sou o Calebe – O garoto já estava sentado ao lado da menina – seu cabelo é muito diferente – insinuou

- Você não é a primeira pessoa que fala mal do meu cabelo – Cassie se virou dando as costas para o menino – vai embora

- Eu não disse que ele era feio, só falei que era diferente – Calebe se levantou e sentou-se em frente a menina – eu gosto de coisas diferentes

- Você está mentindo – com tom de desconfiança a pobre menina recitou a frase

- Seu cabelo é como um capacete de astronauta, e o mais legal é que seus olhos brilham como o sol – Calebe gesticulava com as mãos engrandecendo a força das palavras – é como se seu cabelo fosse o espaço, e seus olhos o sol

- Você acha isso mesmo? – Dessa vez a voz da menina parecia confusa

- Já que você é o espaço e o sol, eu quero ser a terra – insinuou o menino – porque assim eu vou poder olhar para os seus olhos todos os dias e poder descansar no seu cabelo macio durante a noite – apesar de ser uma criança o garoto sabia usar as palavras

- Você parece um Anjinho falando assim

- Sei que sou bonito, obrigado – satirizou

- Ei, eu não disse isso – o sorriso de Cassie purificava o ar

- E precisa? – O garoto não perdia nenhuma oportunidade

- Você é muito metido não acha? – Uma leve franzina na sobrancelha esquerda

- Talvez ...

Foi quando uma voz em meio as poucas árvores, chamou o nome de Cassie. Calebe continuou sentado na grama olhando a garota de cabelos negros e olhos brilhantes ir embora

- Tchau Cassie – murmurou o garoto a distância

- Tchau Calebe – gritou a menina a distância – Espero que você não se esqueça de mim – disse a menina enquanto voltava correndo para perto do menino – Isso é para você

Neste instante Cassie selou o Adeus com um beijo

- Não vai Cassie – Uma única gota começou a crescer no canto do olho do garoto de frágil coração e boa lábia

- Tenho que ir meu Anjinho – um fixo olhar verde pressionava o pobre garoto

- Você vai voltar?

- Acho que não – a garota apesar de tudo mantinha o sorriso – eu estou indo embora da cidade com minha mamãe, mais quem sabe um dia nós nos vemos de novo

- Espero que sim – Calebe se sentou – Tchau Cassie

- Tchau Kaka

- Kaka?

- Combina com você, mas agora tenho que ir – um aceno de mão após a frase

O pequeno garoto nem sequer acenou para a menina, apenas a olhou partir, e levar embora o seu coração. Mas por algum motivo ele sentia que algum dia iria sentir novamente a doçura do beijo Negro da garota de olhos Verdes.


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