Capítulo 2 - A Volta Dos Olhos Verdes

169 7 2
                                    

Apresentando:

Duas crianças,

O desastre

O pesadelo e

A volta

O passado sempre foi uma palavra obscura e bem sentimental, ao menos para mim. Estava lendo o que escrevi ontem e me dei conta de que esqueci de falar como eu conheci Cassie. Se você acha que a primeira vez que eu a vi foi naquele parque, meu amigo você está enganado, e como. Cassie era minha vizinha desde os meus três anos de idade, e eu só comecei a repara-la quando fiz 5. Eu sempre perguntava para minha mãe por que ela era tão bonita, e sempre tinha a mesma resposta "Deus a fez assim Calebe", mas mesmo sabendo disso eu não parava de olhar para Cassie. Da janela do meu quarto eu possuía uma visão excepcionalmente única, eu podia ver a Sr. Robert pôr a Cassie para dormir todos os dias. Lembro que sempre que ela apagava a luz eu ficava a olhando até ter certeza de que Cassie estava dormindo.

Naquela época eu não sabia o que era amor então pensava que amar era querer bem, e para mim não havia diferença entre amar um amigo e amar Cassie. Eu simplesmente queria todos bem, mas o problema real sempre esteva naqueles olhos verdes, por algum motivo eles chamavam minha atenção e me deixava gago sempre que eu tentava falar e por conta disso eu nunca conversei de verdade com Cassie até o dia do parque, o dia em que eu a perdi. Mas já chega de lembranças tristes, o que acha de voltar ao passado comigo e relembrar dias mais coloridos?

Munique, 1997

Alemanha

Fazia alguns poucos dias que as seis semanas de férias de verão já tinham acabado. O fatídico verão já tinha se rendido ao suave equilíbrio do outono enquanto as folhas das árvores caiam no chão com seu chamativo laranja reluzente. Nem mesmo a folha mais laranja do outono me chamava tanto atenção quanto o Esmeralda dos olhos de Cassie, por algum motivo eles reluziam mais no outono.

O sol já ultrapassava a janela do meu quarto e vestia meu rosto adormecido quando finalmente acordei. Já era algo entorno de 10:30 quando sai da cama e fui escovar os dentes. Assim que sai do banheiro corri para a mesa da cozinha para comer as panquecas da minha mãe. Com seus cabelos levemente picotados na ponta e repicados em cima pelo frio, minha mãe preparava o café da manhã - momento que segundo ela era muito importante que compartilhássemos – e como de costume, sentei-me na cadeira feita de madeira e me reclinei com meus cotovelos por cima da mesa olhando fixamente para a silhueta da minha mãe, ela era realmente linda. Depois de alguns estalos a panqueca já estava pronta e minha mãe com muito carinho e delicadeza a retirou da frigideira e colocou no meu prato, e em seguida disse "Coma devagar querido" e eu sem perder tempo peguei a calda de mel transparente como o vidro e encharquei a panqueca enquanto minha boca salivava de fome, eu até tentei segurar o momento, mas acabei comendo a panqueca inteira em questão de segundos

- Filho, mais devagar – insinuou com as mãos enquanto falava

- Desculpe mamãe – uma doce lambida nos lábios pausou a frase – mas eu estava com muita fome

- Isso significa que não está mais? – Com um levantar de sobrancelhas e um sorriso minha mãe me entregou a lancheira – este lanche aqui é para você comer na escola, tudo bem?

- Obrigado mamãe – disse enquanto caminhava em direção a porta da frente

- Não esqueça de colocar o lixo para fora – disse minha mãe enquanto apontava para o saco preto ao lado da porta – e tenha um bom dia

- Está bem – minha mão já segurava a sacola preta e minha mochila azul – Até mais tarde

- Até

Quantas Cores Tem a Vida ?Onde histórias criam vida. Descubra agora