Capítulo 5

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Fitei os olhos de Luca por alguns minutos, por mais que eu esteja precisando de ajuda não posso contar o verdadeiro motivo de estar aqui.

- Precisava de férias. - Respondo puxando minha mão.

Ele ajeita seu corpo sobre o banco enquanto suas mãos vão para a nuca, Luca não me olha, encara o céu azul enquanto sorri.

- Vou fingir que acredito Barbie.

- Estou falando a verdade.

- Não está. - Finalmente vira. - Seus olhos dizem que não, mas se você não quiser falar tudo bem.

- Vai me ajudar? - Tento não soar desesperada.

- Tem certeza que não matou ninguém. - Concordo. - Mas está fugindo de alguém.

- Pelo amor de Deus, vai me ajudar ou não? - Ele não responde, só sorri. - Aí quer saber? Vai para o inferno espanador de lua. - Levanto e o deixo sorrindo.

Sigo de volta para a casa de Francesca, vou arrumar minhas coisas e voltar para a capital, se lá não conseguir nenhum lugar para ficar entro em um avião e saio sem rumo mesmo colocando minha fuga em risco, pois meu pai deve estar rastreando até o vento.

Assim que cheguei não comentei com ela, Francesca estava animada com a reforma em seu pequeno prédio, Enrico e ela faziam planos, sorri com as propostas de Enrico, ele quer algo bem vivo e alegre.

Servi um pouco do suco que Francesca preparou e fiquei observando os dois. Tem poucos dias que estou aqui mas percebi que estar com uma pessoa idosa não é só cuidar, não é só tomar conta. É preciso manter o diálogo com eles, respeitar seus desejos e autonomia, e entender sua rotina e seus hábitos. Não convivi com meus avós e estando assim com Francesca percebo o quanto isso faz falta.

- Eu não vou deixar você ir embora mais bambino. - Francesca abraça Enrico com força e enche seu rosto de beijo.

O mercadinho dela ficava aberto até tarde, mas eu pedi para subir mais cedo, quero organizar minhas coisas. Depois de um bom banho gelado, ajeito o cabelo e começo a arrumar as coisas na mala.

- Sophia. - Ouço a voz de Enrico. - Sua carona chegou!

- O quê? - Sussurro sentindo meu coração disparar.

Não pode ser meu pai, será que ele já me achou? Levanto e calço minha rasteirinha, abro a porta e encontro Enrico no pé da escada.

- Quem está aí? - Pergunto e ele só faz sinal com a cabeça.

- O delizia veio te buscar.

Desço as escadas rápido, mas como sou uma pessoa muito cuidadosa acabo tropeçando.

- Isso tudo é emoção? - Enrico me segura evitando uma queda.

- Digamos que estou sem acreditar. - Sussurro e ele sorri enquanto seguimos.

Na porta do mercadinho havia uma mesa de plástico com quatro cadeiras, Francesca e mais duas senhoras estavam sentadas e Luca junto, eles jogavam dominó. Fiquei alguns segundos observando o quanto ele está confortável, as senhoras estão sorrindo.

- Mas gente, isso não vale Valentina. - Luca resmunga enquanto a senhora de cabelos pretos está sorrindo.

Quando seus olhos encontram os meus sorrio.

- A Barbie chegou. - Elas me olham o que me deixa totalmente sem graça.

- Oi. - Digo me aproximando

- Pegou tudo? - Pergunta sem desviar os olhos dos meus.

- Podemos conversar?

- Senhoras. - Ele levanta ajeitando a cadeira. - Foi um prazer perder para vocês, passo a bola para Enrico agora.

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