Capítulo 7

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Minha conversa com o nonno não saiu da minha mente enquanto seguimos mexendo no pequeno jardim.

"Se você não fizer algo por sim mesmo, ninguém o fará filha."

Mesmo com medo eu sabia que tinha feito o certo, eu precisava sair daquela casa e buscar a minha sonhada liberdade, alegria e felicidade. Eu precisava ser eu e não a pessoa que meu pai quer.

- Béééé... - Caí sentada quando me assustei com essa monstrinha que apareceu do nada correndo na nossa direção.

Nonno Emilio teve uma crise de riso enquanto eu levanto limpando a bunda que está toda suja de terra.

- Pessoas normais tem cachorro, gato de estimação nonno.

- Eu não sou normal bambina. - Sorrio. - Quer seu leite, Rapunzel?

- Não acredito. - Ele me olha chocado. - Você vai dar mamadeira a ela?

- Eu não, você. - Abro meus olhos em choque. - Se você quer ficar aqui precisa fazer amizade com ela.

- Isso é verdade, mas ela me odeia.

- E como você tem tanta certeza disso? - Ergo meus ombros.

- Só acho.

- Vou te mostrar como ela é uma lady. Está tudo dentro do armário, o leite e a mamadeira, água natural do filtro, as medidas da lata para a mamadeira cheia e pronto. - Diz enquanto acaricia a pequena cabra.

- Sério isso nonno? - Cruzo os braços sorrindo.

- É melhor ir logo ou Rapunzel vai ficar zangada.

Beijo seus cabelos brancos e e sigo para dentro, ao atravessar a porta tenho a impressão de ver um vulto próximo ao chão, mas deve ser impressão pois as cortinas balançam com o vento, chego até a janela meu corpo estremece, ao longe é possível ver o céu carregado de nuvens escuras, espero que não chegue aqui, não sou fã de temporais.

Um barulho faz com que eu olhe para trás, mas não tem nada então sigo para a cozinha, lavo as mãos e faço a bendita mamadeira enquanto sorrio.

- Meg daria tudo para você ver essa cena.

Assim que está pronta, volto e encontro o nonno brincando com a Rapunzel que ao me ver vem correndo na minha direção.

- Nonno. - Grito com medo e saio correndo.

- Pare de correr maluca! - Ele está sorrindo sem parar.

- Ela vai me morder. - Nem sei porque eu estou sorrindo.

- Sophia pelo amor de Deus. - Estamos sorrindo juntos. - Ela não tem quarenta centímetros, se você tem medo de uma cabra anã imagina ver uma do tamanho normal?

- Existem coisinhas maiores que essa? - Ofegante me escondo atrás dele.

- Pode apostar que sim e com chifres bem maiores.

- Santo Deus. - Tento entregar a bendita mamadeira mas ele nega.

- Senta aqui do meu lado.

- Nonno ela vai me morder. - Minha voz falha.

Sim estou com medo.

- Não vai, confie. - Sua voz tranquila me acalma.

Devagar sento ao seu lado, o cheiro do leite deixou Rapunzel agitada, ela da pequenos pulinhos enquanto encosta na minha perna sem me machucar.

- Assim. - Nonno segura minha mão na altura da cabrinha que não demora começa a tomar a mamadeira.

Sorrio porque ela é forte.

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