Imaturo

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João Vitor pov's

Sempre fui uma pessoa madura sobre muitos assuntos, mas o amor definitivamente não era um deles.

Acho que maturidade é a base de quase tudo, porém eu sou sempre tão fraco, frágil e estúpido 'pra falar de amor.

Mas sempre foi diferente quando isso se referia a ele.

Pedro é a pessoa por quem estou disposto a ser imaturo.

Por quem estou disposto a enfrentar essa minha fragilidade e estupidez no amor.

-- João?-- Sua voz me tira de meus pensamentos.

Ele está de pé na minha frente usando uma blusa qualquer e uma calça moletom que talvez caia mal em outras pessoas mas nele o deixava ridiculamente lindo.

-- Oi? -- Respondo ainda meio atordoado pelos pensamentos intrusos de algo que nunca vai acontecer.

Eu e ele. Nunca vai acontecer.

-- 'Tá tudo bem?-- Pergunta se sentando ao meu lado no sofá.

Estamos no meu apartamento, é de madrugada, chegamos de uma festa a
mais ou menos uma hora. Eu bebi um pouco mas não o suficiente para perder o juízo e Pedro está praticamente sóbrio.

Como é tarde e sua casa é relativamente longe, ofereci que passasse a noite na minha como um bom amigo.

-- Claro! Por qual motivo não estaria?-- Respondo tentando ser o mais convincente possível.

Odeio mentiras e odeio mais ainda mentir, por esse motivo acabo fazendo o contrário e não passando credibilidade alguma.

Pedro me analisa obviamente percebendo que há algo errado. Ou melhor tudo errado. Desvio o olhar envergonhado e desconfortável.

-- João...-- Me chama com a voz baixa e mesmo estando distante faz meu corpo se arrepiar por inteiro. Olho para ele e ele me olha com um olhar preocupado. Uma de suas pernas está dobrada sobre o sofá para que fique de frente para mim, e seu cotovelo apoiado no encosto do sofá. -- Eu te conheço. Sei que tem algo te atormentando a semanas! É a unica explicação 'pra você estar tão aereo ultimamente!

-- Não é tão simples, ok?-- Digo olhando em seus olhos. Ficamos nos encarando em silêncio por alguns segundos até que desviei o olhar para qualquer canto que não fosse os seus olhos me encarando com curiosidade. Enquanto isso sinto o mesmo analisar cada canto do meu rosto e por algum motivo sentindo seu olhar sustentar mais tempo que o normal em meus lábios. Passo a língua pelos mesmos quase que instantaneamente. -- Você não entende.

Era óbvio que entenderia. Mas eu sinceramente não estou pronto 'pra me declarar para o meu amigo desde a faculdade.

-- Então me ajuda a entender!-- Ele põe sua mão sobre a minha.

Eu desfaço o toque quase instantaneamente. Lutando contra a minha vontade de mantê-lo. Ele recua como se se repreendesse mentalmente por um ato impensado.

Assim que me afasto sinto falta do calor da sua mão sobre a minha e é quase como se meu corpo implorasse pelo toque de volta.

-- Você sabe que pode confiar em mim, né?-- Com sua voz calma ele fala soando mais como uma afirmação do que como pergunta.-- Afinal somos amigos e você pode contar comigo sempre!

Amigos.

-- Claro, é isso que somos. Amigos, não?-- Falo com certo tom involuntário de ironia na voz.

Seu rosto se recontorce como se ouvir a palavra 'Amigos' sair da minha boca lhe causasse certo incomodo.

Ficamos em um silêncio incômodo por alguns longos minutos. A tensão evidente nk ar poderia ser sentida por qualquer um.

A esse ponto eu já não o encaro mais nos olhos. Rodando meu olhar por toda sala só para não encontrar o seu e acabar falando mais que devo. Mas apesar de não estar lhe encarando sinto seu olhar queimando por todo meu corpo. Sensação essa que está me levando a loucura pouco a pouco.

-- João -- Me chama e eu sinto sua voz mais perto do que estava antes.

Não sei em que momento me perdi tanto em pensamentos que não senti ele se aproximar de mim a ponto de nossas pernas se tocarem. Mas, céus, eu não me importava nem um pouco.

-- Se eu fizer uma coisa... Você vai ficar bravo?-- Fala baixo e rouco a uma distância perigosa  do meu ouvido, provocando arrepios em cada maldito pelo do meu corpo.

Engulo seco.

-- E o que seria essa 'coisa'?-- Pergunto e por algum milagre divino consigo manter a calma no meu tom de voz.Mas por dentro eu estou um completo caos.

Não recebo uma resposta imediata mas sinto sua respiração bater no meu pescoço como uma risada anasalada.

-- Você não quer descobrir?-- Pergunta com um tom divertido na voz.

Respiro fundo e trêmulo.

O que diabos ele estava fazendo?

Eu devo ter me enganado em relação a ter bebido pouco. Tenho certeza que enchi a cara e agora estou alucinando. Ou apenas ficando completamente louco.

Não há outra explicação.

-- P-Pedro o que você 'tá fazendo?-- Pergunto com a voz vacilando um pouco e uma incerteza tremenda sobre qual seria a sua resposta.

Ele não fala nada.

Ao invez disso segura meu rosto com a mão esquerda me obrigando a o encarar.

Nossos rostos estão perigosamente próximos. Sinto sua respiração se misturar com a minha e nessa distância posso analisar cada detalhe que eu acho tão lindo em seu rosto. Seu olhar desce para os meus labios e eu apenas faço o mesmo olhando  para os seus.

-- Pedro...-- Minha voz quase não sai.

-- Eu posso te beijar?-- Pede e eu sinto seu halito levemente amentolado de pasta de dentes batendo contra o meu rosto.

Meus ouvidos não podem acreditar no que acabam de ouvir. Minha mente não consegue processar. Eu só posso estar sonhando.

Completamente embriagado pelo seu olhar e incapaz de formular qualquer palavra apenas assinto.

Pedro toma meus lábios em um beijo carinhoso e suave.

Sinto todo meu corpo se acender pelo contato e sinto que é tão desejado por ele quanto por mim.

Sua outra mão vai para a lateral do meu pescoço e eu o puxo pela sua cintura para mais perto. Ansiando por mais contato.

A sensação de ter seus lábios junto aos meus é uma das melhores que ja senti em toda a minha vida.

Me sinto completamente entregue a ele mas isso não me assusta.

Eu posso ser fraco, frágil e estúpido para falar de amor.

Mas se for com ele eu vou.

[1046 palavras]

Nosso Amor [Pejão • AU]Onde histórias criam vida. Descubra agora