O ENIGMA DA ESFINGE

436 60 41
                                    

Quantico - Virgínia, apartamento de Clarice.

Clarice olhou para a página inicial do TattleCrime: uma manipulação de fotos, comparando seu rosto com metade de Miriam Lass, a outra metade com Will Graham. O artigo é uma longa análise das semelhanças e diferenças entre os três, debatendo se Clarice foi capaz de resistir à tensão de ser a agente de estimação de Jack Crawford. Pior ainda, a seção de comentários era absolutamente brutal, e havia um conjunto de apostas sobre quanto tempo ela duraria, o que aconteceria com ela.

Clarice tentou não deixar a emoção tomar conta de sua voz enquanto lia algumas delas para Ardelia, que estava transcrevendo todas as notas que Clarice havia perdido no caso.

- Esse cara diz que não tem certeza se Lecter quer me matar, me foder ou me comer viva.- Leu, seu dedo traçando sobre a tela de seu laptop. - E esse outro cara diz que é os três, mas ele não quer saber em que ordem exata.

Sua desanimação atrai o olhar da namorada, Ardelia estava lind naquela manhã, seus cabelos estavam com dread e ela os mantimha em um coque alto.

- Ei, escuta, gata. Se aquele canibal chegar a menos de um metro e meio de você sem separação de vidro, eu vou atirar nele.- Afirmou Ardelia, nem mesmo um pingo de mentira em seu tom. - Meu objetivo é acertar entre os olhos, mas com aquelas maçãs de rosto afiadas é capaz de eu mirar nelas.

Isso fez Clarice rir. Ardelia era boa em tornar as coisas melhores.

Ardelia era boa para ela de várias maneiras. Na mente de Clarice, Hannibal Lecter, Will Graham e Ardelia Mapp eram as pessoas mais inteligentes que ela conhecia, mas Ardelia era firme e tranqüilizadora de todas as maneiras que Lecter era sinistro e Graham era desconcertante. Ela era estudiosa, a melhor da classe, sempre pronta para ajudá-la a estudar e mantê-la no caminho certo. Ela estava arrumada como um alfinete, nada fora do lugar e tudo exatamente como deveria ser. Às vezes, Ardelia a deixava tirar uma soneca em sua cama, onde os lençóis eram macios e sempre trocados, e tudo estava limpo e como deveria ser. Ardelia era sensata, mas não direta.

- Tudo bem, hora de dar um tempo.

- O que vai fazer ?

Ardelia deu de ombros.

-Algo para comer. Você está estressada, garota, você precisa de todos os doces que puder comer agora. Confie em mim, vai se desestressar rapidinho.

Ardelia sabia cozinhar enquanto Clarice lutava para fazer ovos mexidos. Ela cozinhava tudo do zero usando um livro de receitas que estava pontilhado de molho e suco e café e outros alimentos, o único item bagunçado em sua posse. Porque um livro de receitas limpo significa que ou você não sabe cozinhar ou as receitas são uma merda, ela lhe dissera uma vez.

-Agora sente sua bunda e deixe-me alimentá-la, você não pode ser uma agente do FBI de estômago vazio.

Ardelia falava enquanto cozinhava, falava durante o jantar, sobre a aula, sobre a vida, sobre suas músicas favoritas, seus poemas favoritos.

Ela havia impresso um pôster para o aniversário de Clarice, um fundo azul marinho simples com sua citação favorita de Dickinson em uma letra branca vistosa:"Se eu puder impedir que um coração se parta, não viverei em vão."

Clarice o mantinha preso em cima do espelho que estava preso atrás da porta do quarto, era bonito de se olhar, lembrava-lhe tempos melhores. Tempos em que canibais e cadáveres e mariposas não estavam flutuando dentro de sua mente.

Ela suspirou agora, fechando o laptop e recostando-se na cadeira, esfregando as têmporas enquanto fechava os olhos. Tudo tinha que ser tão alto, tanto, o tempo todo. Will achava que isso estava começando a afetá-la, ela não confiava nele, mas sabia que ele estava certo.

O GRITO DOS INOCENTESOnde histórias criam vida. Descubra agora