O GRITO DOS INOCENTES

A VINGANÇA DO CORDEIRO

Condado Fayatte - Pennsylvania, casa do assassino.

- Ele está lá embaixo. Eu tenho que encontrá-lo antes que ele mate Melly, senhor.... Senhor?!- Clarice repetiu freneticamente ao telefone.- Jack, Jack?!

Ela arrancou o telefone da orelha para ver que o serviço de celular havia cortado no meio da escada áspera do porão.

- Não,não, não, não, não, porra!

Ela agora tinha duas opções: voltar para cima e ligar de volta, e esperar por reforços, ou descer e encontrar Simon ela mesma.

Eu não posso.... Não posso voltar sem terminar isso, não vou aguentar os gritos por mais tempo, eu tenho que descer, tenho que salvar ela.

O grito feminino abafado abaixo dela fez a mente de Clarice acelerar. Ela colocou o telefone no bolso, agarrou sua Glock e desceu as escadas.

Assim que ela abriu uma porta em um quarto, havia mais duas portas para passar no espaço empoeirado e claustrofóbico.

Outro grito abafado que parecia um balido de cordeiro perfurou o coração de Clarice. Ela se preparou e colocou a mão em torno de uma maçaneta, pronta para mergulhar totalmente no labirinto de quartos no porão.

O novelo de lã amarelo em seu bolso, esse foi seu único pensamento de ancoragem enquanto ela lentamente abria a porta.

Estava tão mofado no porão que quando Clarice respirou trêmula, ela podia sentir a poeira cobrindo seus pulmões. Seu dedo estava no gatilho quando ela abriu a porta, e o que primeiro encontrou seu olhar foi uma luz vermelha brega.

Cherry Bomb do The Runaways soou alto no fundo de um rádio no canto. Recortes de revistas pontilhavam as paredes, uma penteadeira com luzes de barbante penduradas nos espelhos tinha maquiagem espalhada por ela, e o terninho inacabado, um seio e tudo, era exibido com destaque em um manequim sem cabeça.

Clarice forçou o vômito para baixo ao ouvir um chamado desesperado do quarto ao lado. Foi duro, desesperado, cheio de lágrimas quando um cachorro latiu junto com ela.

- Olá?! Estou aqui embaixo, estou aqui embaixo!

Tomando outra respiração trêmula, Clarice seguiu o som da voz, tentando encontrar a fonte.

Ela olhou ao redor da sala uma última vez e notou as duas portas, uma à sua esquerda e outra à frente. Ela apertou a mão na arma, dirigiu-se para a porta à sua frente e pressionou as costas para a esquerda da porta, sua mão tentando alcançar a maçaneta. Ela contou até três e abriu a porta.

O nada a cumprimentou.

Não havia nada além de paredes de pedra ao redor dela, e cerca de quatro outras portas em um círculo em torno de um poço profundo e seco no centro da área. Ela rapidamente fechou a porta atrás dela e deu um passo para longe dela, lentamente fazendo seu caminho contra a parede até a próxima porta. O choro e os latidos eram mais altos agora.

- Melly Martin?

Ela gritou, tentando não deixar sua voz vacilar. Ela tinha que ser a forte agora. Ela tinha que superar.

-Sim !- Soluçou a voz novamente.

Estava muito mais perto do que antes.

Clarice soltou um suspiro de alívio, mesmo enquanto segurava sua arma na frente dela, não deixando seu aperto amolecer.