Choque Térmico

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Cherlisie Davillier

Depois que todos saem, me levanto e pego meu caderno - que felizmente eles trouxeram pro hospital - e começo a escrever.

Desde muito novinha, gosto muito de escrever. Então começo a escrever uma nova música. Nem conecto meu scalp ao medicamento.

Para aliviar meu estresse, escrevo músicas. Já tenho pelo menos cinco letras autorais completadas.

No momento, estou sentido várias emoções, mas o que predomina é a tristeza. Desde que me entendo por gente, me culpo muito e tomo muito as dores dos outros para mim. Minha mãe passou a vida inteira falando que sou um fardo, então acabo fixando na minha mente que sou um fardo.

Eu ouvi tudo o que Kirk disse para mim enquanto eu estava em coma, e "só" isso já vez eu ficar me sentindo culpada e com a consciência pesada. E depois do que eu ouvi na MTV, foi a gota final. Me sinto um ser-humano horrível por faze-lo sofrer.

Eu me pergunto se sou tudo isso que falam. Não sei... As vezes me acho tão sem graça. Como que alguém ainda pode sofrer por mim mesmo depois de um ano.

Começo a escrever tudo o que eu sinto e quero fazer.

"Oh meu doce sofrimento
Por que você insiste? Você começa de novo
Eu sou apenas um ser sem importância
Sem ele, eu sou um pouca perdida
Estou vagueando sozinha no metrô
Uma última dança
Para esquecer minha imensa dor
Eu quero fugir, deixar tudo começar de novo
Oh meu doce sofrimento"

Eu simplesmente desabafo tudo no papel. Junto os sentimentos atuais, começo a escrever junto minhas memórias na França.

Me lembro como se fosse hoje.

Era de madrugada em Paris. Eu estava me afogando em tristeza, muito tristeza. O Pop-Pop tinha voltado para os Estados Unidos, me deixando muito abalada. Eu só sabia chorar, chorar, beber e fumar.

Eu estava do lado de fora de um teatro, me afogando em bebidas, mas especificamente Vodka com mel. Estava tendo um espetáculo musical . Era possível ouvir a música de longe.

Nesse dia eu estava bêbada, mas não de álcool, e sim de tristeza e solidão .

Eu dançava e cantava ao som da bela canção. Já tinha ouvido esse espetáculo muitas vezes, então havia decorado as músicas. Chovia forte, deixando tudo mais prazeroso.

Ainda quero ver o musical de dentro do teatro. Sempre ficava no lado de fora, era caro o valor do ingresso, estava totalmente fora do meu orçamento.

Era tão prazeroso seguir o ritmo canção. Mesmo com toda dor, eu me sentia uma pena voando pelos ares.

O espetáculo acaba, e eu tenho que fugir. Era proibido ficar nos arredores do teatro.

Infelizmente, essa foi minha última dança ao redor do teatro.

Me lembrando dessa "doce" memória, continuo escrevendo.

"Eu movo o céu, o dia, a noite
Eu danço com o vento, com a chuva
Um pouco de amor, um fio de mel
E eu danço, danço, danço, danço, danço, danço, danço
E no barulho eu corro e tenho medo
É a minha vez?
Vem a dor
Em toda Paris, eu me abandono
E eu voo, voo, voo, voo, voo, voo, voo, voo"

"Que esperança
Neste caminho, na sua ausência, eu posso me esforçar
Sem você, minha vida é apenas uma decoração que brilha, sem sentido"

Cherry Gun- Izzy StradlinOnde histórias criam vida. Descubra agora