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As sombras ainda a perseguiam

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As sombras ainda a perseguiam.

Os sussurros da noite passada permaneciam no ar, como um eco assustador. Mesmo que tenham passado mais de cinco ou seis horas desde o incidente, Hani ainda conseguia ter o ruído preso em seu ouvido, uma lembrança terrível do que aconteceu. As sombras se moviam agitadamente por todos os lados. Havia algumas próximo às flores secas no jarro, e aos móveis velhos e empoeirados do escritório da delegada Marisa, conforme uma brisa fria atravessava a janela. As sombras zarpavam de um lado para o outro, parecendo gostar daquele novo local que Hani as levou naquela manhã.

Sangue carmesim manchava seus tênis, exatamente onde uma pequena sombra, no formato de um coelho, se aninhava próximo dos seus pés.

As sombras sempre acompanhavam Hani, como se fosse a sombra presa em seus pés. Mesmo que tentasse se livrar, se escondesse no escuro, onde as sombras eram engolidas, elas nunca iam embora.

Não eram reais, era o que Hani sempre dizia para si mesma para não se sentir assombrada. Mesmo que soubesse e que, em partes, já tivesse se acostumado com a companhia diária das sombras, ela não deixava de sentir uma pequena pitada de medo ou calafrios sempre que a sombras surgiam ou aumentavam de quantidade ao seu redor.

Naquela manhã em específico, havia mais do que o normal.

Hani abraçou uma almofada vermelha com força. como se pudesse seu ponto seguro, enquanto batucava seu dedo indicador em seu braço, Ela não deixou de perceber que o tecido era de um vermelho sangue tão escuro quando o sangue que manchava os seus pés. Seus olhos estavam no jardim malcuidado da delegacia, onde, entre as vegetações e folhas secas, ela contou quantas sombras dançavam entre os primeiros raios de sol da manhã. Havia quatro ou três, com suas formas humanoides ou animalescas. Ela gostava de pensar nelas como nuvens, como fazia quando criança, tentando adivinhar seus formatos. Fazia aquelas coisas parecerem menos amedrontadoras.

— Hani Marie Zabala, dezenove anos e caloura no curso de Artes Plásticas — a delegada Marisa cantarolou o nome da garota como se fosse uma melodia doce em sua língua. — Se seu currículo fosse tão extenso quanto sua ficha criminal em minhas mãos, tenho certeza de que não estaria desempregada.

Hani observou a delegada, que a debochava com um tom ácido. O dedo que batucava o seu braço parou, enquanto Hani pensava numa resposta adequada que não a colocasse em mais apuros ou não a fizesse soar rude. Uma sombra anômala, parecendo ter o formato de uma criança de dois anos, passou por cima da cabeça de Hani voando e parou perto das cortinas, a espreitando.

Sua respiração falhou por um momento, enquanto ela coçava o nariz para disfarçar o incomodo com a presença da sombra já conhecida. Aquela pequena sombra infantil era a que ela mais via.

A Carícia da Escuridão • Livro 01Onde histórias criam vida. Descubra agora