[3752 palavras]
Rain permaneceu parado em frente a porta de sua casa por longos minutos. Sua mão na maçaneta, apertando o metal frio enquanto sentia a brisa do mar batendo em suas bochechas e cabelos molhados de suor. Se ele prestasse atenção, conseguiria ouvir as ondas do mar, não muito longe da sua casa.
A maçaneta parecia queimar a sua mão enquanto ele esperava por algo que o fizesse abrir, um vestígio de coragem perdida. O terror do que estava prestes a acontecer emanava pela madeira antiga de carvalho, atravessando as paredes de alvenaria. Todo o mal que a casa escondia batendo como um coração, bombeando como um sangue venenoso.
Aquilo sufocava Rain como se galhos espinhosos estivessem ao redor do seu pescoço.
As desculpas e como explicaria a situação assim que atravessasse a porta ainda era uma incógnita. Rain pensou muito sobre os acontecimentos da noite passada. Aquilo o atormentou durante todo o trajeto, desde a delegacia até a sua casa. Repassou cada palavra em sua mente, cada desculpa e explicação, tentando criar uma linha lógica que fizesse o seu pai acreditar em sua inocência.
Mas, nem as melhores desculpas ou provas, nem mesmo o melhor dos discursos, poderia amenizar a indomável raiva do seu pai.
Rain apertou a maçaneta então abriu a porta de uma vez só. As suas mãos ainda tremiam quando ele fechou a porta e caminhou em passos lentos até o hall de entrada, deixando seus sapatos debaixo do pequeno banquinho que havia na entrada. Daquele ponto, ele conseguia ver apenas a nuca do seu pai, sentado no sofá. Provavelmente tomando em sua caneca de café da manhã uma dose de uísque.
Todas as janelas estavam fechadas e cobertas por cortinas, deixando o ambiente escuro. Seus olhos varreram a sala, mas ele não olhou nada por mais de um segundo — era como se o simples ato de encarar aquelas paredes desbotadas o irritasse. Seus olhos caíram no sofá, onde o viu.
Edward Grigg estava esperando por seu filho.
Rain sempre prendia a respiração quando chegava em casa, como uma válvula para se acalmar do que poderia acontecer a seguir a cada passo errado.
— Soube que houve um assassinato durante a madrugada. Os boatos correm solto na rua, repórteres por todos os lados — Ed começou a dizer, sem encarar o filho. Rain parou no meio da sala e virou para seu pai, mantendo-se em uma posição de respeito. — E, veja só, você está envolvido de novo, mesmo que indiretamente.
— Eu não fiz nada, e...
— Quantas vezes será necessário você ir para a delegacia e ser interrogado pelas merdas que seus amiguinhos fazem para nos levar a ruína? — Ed o interrompeu, seu tom de voz de ódio enquanto colocava o copo de uísque, já vazio, na mesa ao lado. Rain sentiu ele o encarar por cima do ombro. — Cinco não parece o suficiente, parece? Quer chegar ao número dez? Ou quinze?
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A Carícia da Escuridão • Livro 01
FantastikHani passou grande parte da sua vida sendo assombrada por sombras e fantasmas. Acreditando estar destinada a um caminho de azar, ela busca respostas sobre a morte do seu irmão, voltando para o lugar que a destruiu por completo, tendo em mente que nã...