Chamas na floresta / Flames in the forest

Problemas para fora

Capítulo 3
Problemas para fora.

— Calma é só eu.

A sua voz vazia tudo que tinha dentro de mim tremer, grossa como um trovão era assim que ele falava, anunciando a sua chegada.

Me virei assustada e deixando um suspiro longo para trás, em quanto tentava regular a minha respiração.

— Não me assuste desse jeito, mamãe não te deu modos?

O questionei com sorriso de canto afugentando um pouco do meu medo.

— Lógico que ela deu, mas sabe como amo-te perturbar.

Ele deu um dos seus grandioso sorriso, mostrando todos os seus dentes.

O meu irmão, Amis, é simples e humilde, sempre pensa no próximo antes de si mesmo. Os seus olhos são castanhos e o seu cabelo é igual a de papai, marron com as pontas rebitadas para cima, a sua grande barba sempre arrumada, sem nenhum fio para fora do seu lugar.

— Parece que viu um lobo, está pálida como leite.

Ele sorria ao passar a sua grande mão na sua barba. Senti o meu coração errar umas batidas, se ele soubesse o que acabou de acontecer, iria entender o meu pânico.

Levei o meu olhar de relance para o canto, observando onde a cavaleira estava a pouco tempo atrás, misteriosamente a mulher desapareceu sem deixar um rastro para trás, nem as suas pegadas foram deixadas, como se tivesse virado um fantasma.

Olho para a minha frente novamente observando o homem de quase dois metros me encarando com a sua expressão de dúvida, tampando o sol como um grande muro.

Tentei pensar numa desculpa rapidamente, para ver se conseguia o enganar e sair desse assunto.

— Lobos são criaturas amigáveis.

O respondia me apoiando na ponte, quase que escorrego, senti como se o meu coração quisesse sair pela minha boca.

— Fenrir não conta, ele é como um cão doméstico, os que conheço, são loucos por um pedaço de carne independente de qual for sua origem.

Ele deu uma longa respirada, pelo visto consegui o que queria.

— Ouviu as últimas notícias?

Ele falou baixo de mais, quase que as palavras fiquem presas na sua barba.

— Não, ando meia afastada igual mamãe, qual as novas notícias?

Ele deu um sorriso por conta da minha curiosidade, percebo que havia caído na sua armadilha e agora não posso escapar.

Ele abaixou-se até ficar do meu tamanho e se aproximou do meu ouvido.

— Estes cavaleiros que estão aqui, ouvi que estão tramando algo junto ao padre, já montaram uma guilda nesse vilarejo e que a princesa, qual o nome dela mesmo? Era...

O lenhador tentava puxar da sua memória a informação que precisava.

— Lembrei, a princesa Catarina junto ao seu novo marido, o filho do rei vizinho. Bem eles casaram recentemente e está vindo para cá. Por isso estão construindo tantas lojas e estão vindos mais mercadoria para este vilarejo.

Ele apoiou o seu forte braço no muro assim que terminou de falar, o homem adotou uma pose de quem estava orgulho por conseguir passar uma informação de primeira mão.

— Pensei estarem apenas de passagem, e como assim a princesa vai vir para cá?

Esfreguei a minha mão na minha testa afugentando a dor. Eu estou alimentando mais o orgulho do meu irmão, mas o que posso fazer, sou uma mulher curiosa.